02 maio 2012

O Exilado - Parte II

Ficamos a saber esta semana que os subsídios de natal e de férias vão voltar a ser pagos, progressivamente, a partir de 2015. Isto significa uma luz ao fundo do túnel. Significa que os esforços que temos vindo a ser obrigados a fazer, vão valer a pena e vamos, enfim, poder olhar para o futuro com alguma esperança. No entanto, 2015 ainda está longe e o caminho ainda será muito duro. 

Mas a história deve ser bem esclarecida e explicada, de modo a nunca mais cairmos neste tipo de desvario político que nos conduziu a esta crise. Temos que recuar ao Estado Novo e a Salazar e ver que, durante os 41 anos de ditadura, a dívida pública portuguesa era residual e as contas públicas exemplares e controladas. Só que com um enorme esforço para a população portuguesa, que vivia na mais profunda pobreza. 

Com a revolução de Abril, foi necessário trazer o país para o século XX e isso exigiu investimento público e o consequente agravar da dívida pública. Assim, os governos de Portugal nos anos 80, com Cavaco Silva, e nos anos 90, com António Guterres, governaram o país com o intuito de dar melhores condições de vida à população. Todos seguiram as suas agendas, de acordo com aquilo que acreditavam. Muitos exageros foram cometidos por todos os governos, sem excepção, é certo. Mas acho que ninguém pode por em causa que esses governantes conduziram a política portuguesa com o objectivo de melhorar as nossas vidas. Foram honestos do ponto de vista da governação, pensaram no país global e não nos próprios. 

A melhoria das condições de vida em Portugal teve, no entanto, um custo e a dívida pública subiu bastante. Basta dizer que em 1974 a dívida pública rondava os 15% do PIB nacional e que em 2005, 30 anos depois, já rondava os 70%. Mas não há comparação possível entre o Portugal de 1974 e o Portugal de 2005. Estamos a falar de realidades completamente diferentes, de um país pobre e escuro em 74, para um país com boas condições de vida e, de certa forma, feliz em 2005. De um país em que apenas uma minoria tinha acesso à Educação, para um país onde qualquer pessoa pode, se quiser, tirar um curso superior. Aliás, este crescimento foi, muitas vezes, descontrolado. Mas foi necessário e teve resultados. 

O problema do descontrolo das contas públicas acontece a partir de 2005, com a dívida a passar dos tais 75% para mais de 100% em pouco mais de 5 anos. E sem grandes benefícios visíveis para a população, que hoje em dia mantém, essencialmente, o mesmo nível de vida que tinha em 2005 – aliás hoje somos mais pobres. Então o que aconteceu a partir de 2005 e que nos trouxe a esta situação de crise que nos obriga a esforços monumentais e problemas gravíssimos na nossa economia? O que aconteceu foi a eleição de José Sócrates. 

Sócrates assumiu a governação de Portugal não para defender o interesse da população em geral, mas sim os interesses de pequenos grupos económicos. Ele alimentou clientelas à conta do erário público e ao mesmo tempo viu que Portugal se aproximava perigosamente do abismo. Em vez de recuar, não, continuou em frente. Sócrates não foi inconsciente. Não se pode dizer que destruiu a economia de Portugal de forma irresponsável. Não, Sócrates sabia muito bem o que estava a fazer e fê-lo em nome do seu próprio interesse e daqueles que o colocaram no poder. 

Hoje vive como um pequeno rei em Paris de França. Diz-se que vive num dos bairros mais luxuosos da capital francesa, que come nos melhores restaurantes. Como é que isto é possível? Se fizermos as contas, sobre aquilo que se sabe, e somarmos tudo o que Sócrates ganhou na sua vida profissional, não dá para fazer a vida que faz em Paris. Então de onde vem tanto dinheiro para viver assim? Pior que isso, ele deixou o país nesta terrível condição, em que os portugueses estão a pagar impostos altíssimos, estão sem dinheiro, estão sem emprego e ele foge para Paris?? É, no mínimo, uma falta de respeito por aquilo que nós estamos aqui a passar por sua culpa. No máximo, daria direito a uma investigação criminal séria para se apurar a sua responsabilidade.  E é inevitável não estabelecer uma comparação entre ele e o outrora também exilado em Paris Mário Soares que Rui Mateus descreve nos seus Contos Proibidos.

Que nos sirva de lição para o futuro e que percebamos bem que Passos Coelho é, no fundo, mais um português como todos nós, que aqui está a pagar a conta deixada por Sócrates e a tentar tirar o país deste buraco. Passos Coelho e o seu governo, tal como cada português, está a pagar a pesadíssima herança que Sócrates nos deixou.

7 comentários:

Bandeira Açores disse...

Eu não resisto a comentar os posts do Rui. A sua convivência partidária toldou-lhe a visão de tal forma que eu sinto sempre que tenho que comentar nem que seja para lhe mostrar aquilo que no reino laranja também causou mal a Portugal.
Claro que concordo que Sócrates deixou a nação à beira do precipício, claro que gostava de perceber de que vive ele.
No entanto é preciso relembrar a desgraça que foi um famoso governo de coligação PSD/CDS, assim de repente lembro-me do caso dos submarinos, que ainda hoje andamos a pagar e que alguém meteu muito dinheiro ao bolso.
No entanto acho que durante muitos anos o PSD vai aproveitar para usar Sócrates como o criador do problema grave da nação. É levar...

Anónimo disse...

Enfim....

Anónimo disse...

Caro Rui Gamboa
Só pode ser ou fanatismo politico,ignorância,ou ingenuidade crédula, querer acreditar nas ideias que veicula.
1º.. Onde está o mérito do roubo do subsidio de natal e de férias ser reposto a partir de 2015(e ainda por cima em "bochechos" com hipótese de desaparecer)?
Onde estão os cortes nas rendas e nas parcerias público privadas?
É você mesmo que nos diz que esforços para orçamentos não deficitários(no tempo de Salazar)conduziram o País á miséria, pelos vistos é esta austeridade que o governo PSD/CDS procura, com austeridade que está a aumentar a divida pública e a levar o País ao maior índice histórico de desemprego e de recessão os últimos dados são apontados pelo próprio FMI como, um erro que levará o país ao desastre.
Pensar que o reinado de Cavaco não tem nada a ver com a crise actual, é esquecer que para além de ser o governo mais gastador, foi também aquele que destruiu o tecido produtivo em maior escala, conduzindo e abrindo o País à desgraça actual.
Pensar que Passos Coelho, é melhor do que Sócrates é esquecer que ambos são feitos da mesma massa(sendo diferentes somente no estilo)ambos nunca fizeram nada que se visse, na vida civil.
Ambos mentiram ao Povo, sendo que Sócrates todos sabem como e Passos basta ver as promessas eleitorais e a realidade.
Sócrates saiu já se sabe a factura, passos Coelho quando sair logo se saberá se a factura foi ou não igual ou superior ao Sócrates?
Entre PS e PSD, que venha o diabo e escolha, eles sempre se apoiaram e defenderam, ou é por acaso que ninguém dos dois partidos é condenado(e muitas vezes nem chegam a ir a julgamento)nos milhares de falcatruas que provocaram.

Anónimo disse...

Caro Rui Gamboa
Tem toda a razão quando diz que Sócrates,"... sabia o que estava a fazer, e fez no seu interesse e ao serviço e de quem o pôs no poder..." acrescentava de quem interessou a sua politica e estes foram os mesmos a quem interessou a politica de Cavaco Silva e de Passos Coelho, foram os interesses capitalistas,e por isso o PSD só atacou Sócrates em vésperas das eleições esperando ocupar o seu lugar e fazer ainda pior as medidas de austeridade começadas por Sócrates.
Ignorar que Cavaco(para só falar no pior, primeiro ministro na democracia)não se aproveitou do Poder é ignorar não só as mordomias que obteve, onde a venda das acções com informação ilegal é só se calhar o menos relevante, mas para além disso as parcerias público privadas começaram no seu governo, sem esquecer os casos de policia de muitos dos seus Ministros Duarte lima, Isaltino e tantos outros, como o seu ministro da administração Interna,Dias Loureiro, "enterrado" até aos cabelos no caso BBN, mas há muitos mais como Braga de Macedo aproveitado pelo actual governo de Passos Coelho.
O mal do seu Post (para além das inverdades orientadas pelo seu fundamentalismo classicista é colocar o problema em pessoas e não nos interesses de classe que servem.

Anónimo disse...

É uma profunda "ingenuidade pensar que Sócrates não serve os mesmos senhores que Passos Coelho e o seu governo servem, no fundo são os grupos económicos que em Portugal, retomaram se não aumentaram o poder que tinham antes do 25 de Abril de 74.
A grande diferença com este Governo do PSD/CDS é que se deixaram de "vergonhas" e passarão a atacar os trabalhadores como nunca se tinha visto em Portugal.
A coberto da crise(que era criticada pelo PSD a sua realidade internacional)o governo ataca todos os direitos adquiridos dos trabalhadores ao passo que defende com "unhas e dentes" os interesses e os direitos adquiridos dos poderosos como é o caso das Rendas e das parcerias público privadas.
Agora é a própria Troika que considera que o governo de Passos Coelho foi longe de mais e que estas medidas de mais austeridade vão levar a mais austeridade e a mais desemprego e com estes o pagamento da divida é uma miragem.
Centrar no Sócrates toda a responsabilidade do estado actual da economia Portuguesa(independentemente da responsabilidade deste)pois é esquecer a destruição do tecido produtivo no tempo de Cavaco 1º. ministro e é esquecer que este foi não só dos que fizerão maior despesa pública como foi no seu governo que se juntou os casos de maiores irregularidades promovidas pelos seus Ministros, casos de Dias Loureiro, Duarte Lima, Braga de Macedo e duma maneira geral todos os administradores e directores implicados no caso do BPN, sem contar que o próprio Cavaco vendeu e comprou acções com informações confidencias e susceptíveis de serem crime.
Não reconhecer que a par do PS o PSD é responsável por metade dos Anos de desgoverno que fez com que Portugal chega-se ao estado a que está, sem esquecer que a crise não é só Nacional e pelo contrário é mais resultado das Politicas erradas seguidas na Europa sem falar da crise de 2009 do capitalismo financeiro dos Estados Unidos da América que contaminou também a Europa.

Anónimo disse...

É o próprio(insuspeito, do CDS)Bagão Félix que diz que o governo foi, esperto em anunciar o eventual pagamento dos subsídios para 2018, pois segundo ele sabe que o governo PSD/CDS se preparar para não mais pagar(direi eu, só irá eventualmente pagar se com isso ganhar as eleições.
O roubo está instituido

Bandeira Açores disse...

Rui quando você diz que Pedro Passos Coelho é mais um Português, devia dar ouvidos às palavras de Miguel Portas este é que sabia o que Pedro Passos Coelho é.
http://www.youtube.com/watch?v=_Lii0lDGGbI