22 agosto 2012

Escolhos e escolhas

Serralves: exposição sobre Almada Negreiros

Durante a década de 90, alertei vários amigos portuenses para a exagerada importância que os políticos davam a Pinto da Costa na hora de colher votos, sobretudo quando este insinuava a formação de um partido do Norte. A frase era invariável: " Se algum dia o fizer, obterá meia dúzia de votos no bairro do Aleixo.". O tempo deu-me razão. Sempre que aquele expressou o seu apoio a um qualquer candidato (sempre) socialista, este foi derrotado. Os anónimos portuenses souberam sempre distinguir perfeitamente o futebol da política. Rui Rio é o último e melhor exemplo da sabedoria eleitoral popular. Pelo contrário, se alguém provou não o saber fazer, foram mesmo os ditos representantes do povo.

Dito isto, soube hoje que Pedro Moura será candidato a deputado pelo Partido Socialista, com a certeza de que, mesmo no pior cenário, será eleito deputado. Nada tenho contra o confirmado candidato e putativo deputado, até porque apenas sei da sua existência por causa daquele programa que, matinalmente, me entretinha na RTP/Açores, tal o non-sense de alguns momentos. Mas parece que é por causa deste programa que terá sido escolhido para nº 3 (!!!) da lista por S. Miguel. É pouco e vale ainda menos.

Da mesma forma que acho que Vasco Cordeiro já fez uma magnífica escolha (ainda não divulgada) que irá elevar o padrão de qualidade parlamentar, entendo que, neste caso, como os seus camaradas derrotados na cidade do Porto, terá entendido que a aposta popularucha é condição suficiente para cativar as atenções e captar votos de função. O resultado será o mesmo. Como o portuense, o eleitor açoriano não se confundirá. No momento da escolha, o anónimo açoriano, no recolhimento secreto, sabe distinguir e distinguirá com a seriedade de quem sabe do que precisa.  

Tudo acontece aos militantes socialistas. Depois da imposição cesarista do candidato à presidência, agora cai-lhes em cima o piano da Nespresso. Caramba! São 19 lugares em disputa, pressentem que elegerão meio dúzia e os números 2, 3 e 5 da lista são independentes?! Os cativos deputados socialistas certamente pressentirão um imbróglio. Donde virá a dissidência?                  

5 comentários:

Anónimo disse...

Caro José Goncalves
Não sei se é a falta de jeito para as análises politicas que o fez mudar para o jogo das personalidades, putativos candidatos do PS?
Seja o que for, se quiser se entreter e tornar o seu jogo mais abrangente, inclua o seu PSD, não sei em qual encontrará melhores cromos, mas certamente, cromo como Fernando Nobre, certamente será difícil de bater...
È interessante que você insiste no erro de analisar as eleições como se fosse um jogo de futebol, entre Benfica e Sporting, onde interessa é ganhar, mesmo com a mão de "Maradona" ou o arbitro comprado.
Você vê as eleições sem olhar ao resultado que elas podem trazer em politicas que resolvem o problema da região e das Pessoas, para si só lhe interessa que os seus"camaradas" sejam colocados nos lugares, mesmo que eles não tenham nem qualquer qualidade politica nem qualquer interesse no bem comum e na coisa pública.
Não sei o que você diz do discernimento populista, quando Sócrates ganhou com maioria absoluta, mas desculpa só agora reparei que(eventualmente) você começou por gostar de Sócrates como outros PSD o fizeram e só depois o criticou...
Devia ao menos ter atenção a alguns dos seus apoiantes que em alternativa aos quadros escolhidos como candidatos laranjas, os apontavam, como melhor escolha...
PSD e PS são como clonos em muitas coisas e especialmente nas trapalhadas com boys e candidatos vindos de outras paragens, já lá vai o tempo que Mota Amaral, escolhia todos os recém chegados(aos Açores)que se tinham notabilizado em Lisboa como fanáticos da "dita" esquerda, quanto mais radical melhor...
Só para finalizar, não queira confundir a escolha de Rui Rio como acerto do Povo Portista, Rui Rio colheu os apoios da alta finança e não do Povo, ou você já se esqueceu que ele para ver a demolição das Torres do Aleixo, teve que se contentar em ver de binóculos, nos barcos dos seus apoiantes ricaços?
Aproveite melhor o seu tempo e dedique-se ao Monopoly, em vez de querer jogar ao jogo dos elegíveis!

Anónimo disse...

Caro José Gonçalves
Talvez se interrogue sobre a importância do seu texto para merecer dois comentários do mesmo comentador?...
Este facto é pelo motivo de considerar por um lado que um mau texto pode ganhar, com um bom comentário(modéstia à parte)e por outro lado por não saber se a demora em colocar o comentário, tem a ver com qualquer erro...
O seu texto não analisa a realidade e não lhe retira as consequências lógicas, ou pelo contrário é intencional e visa alienar ainda mais os leitores com esta farsa dos putativos candidatos a deputados.
Outra das hipóteses(eventualmente mais egocêntrica, mas mais inteligente)de colocar a questão dos independentes e inexplicáveis candidatos do PS, como forma de escrever sem mencionar o vosso caso, em que o PSD escolhe outros candidatos em prejuízo de militantes de base(como o seu caso)que ficam no "pau da roupas...
Num caso ou em outro, tenho a dizer que as pessoas só são importantes quando suportados por ideias e programas que tenham um rumo e um objectivo para o seu mandato, doutra forma não significam grande coisa, nem podem servir para fiscalização futura, pelo povo eleitor.
Tudo o que diz do PS é o reflectido pelo espelho do PSD, um e outro têm sido mais do mesmo no panorama pantanoso da politica Portuguesa.
Podemos ter que suportar por muitos e maus anos esta forma mercenária de fazer politica, mas isto não é sinonimo de sabedoria popular, mas sim de atraso, que governos a seguir a governos, do PS/PSD têm ajudado a criar, uma mentalidade subserviente no Povo votante, que o faz considerar que o voto útil é a única solução, e nesta medida têm sido eleitos sujeitos que deviam estar na cadeia(Valentim Loureiro, Isaltino e muitos outros)...
Fazer perpetuar uma coisa errada, não é sinal de desenvolvimento, é antes ignorância e servilismo.
Muito havia a considerar, sobre esta bazófia que escreveu, mas como o julgo suficientemente inteligente para entender e corrigir, aqui vai o meu contributo.

Anónimo disse...

Caro "anónimo"

Como bem sabe, ando a banhos. Daí que não aceda diariamente ao blogue. Como também bem sabe, jamais deixaria de publicar um comentário, desde que não seja ofensivo para "a moral e bons costumes". Creio, pois, explicado o atraso.

No mais, e roubando a citação a Shakespeare, "atende a toda a gente, mas pensa por ti." Por isso, e citando ainda o referido escritor, "não era preciso um fantasma vir da cova para tal coisa nos dizer".
Naquilo que realmente interessa, o texto peca pela brandura, tal o desaforo do facto. E, com isso, está tudo dito sobre a candidatura e respectiva aceitação. Como dizia o outro, somos mesmo um povo de brandos costumes.

Saudações
JG

Anónimo disse...

Caro José Gonçalves
Estar a banhos é um exercício interessante para esta época de verão e felicito-o por isso, felizmente o corte nos subsídios ainda vão dando para férias à beira mar(o que nos Açores é mais fácil).
Nunca é demais realçar que o seu poder de encaixe democrático é a sua melhor qualidade e eu neste aspecto lhe tiro o chapéu,embora considere (que não sendo comum nesta democracia desvirtuada)que é o mínimo para alguém que se quer comportar como um democrata.
Quanto ao resto não necessita mesmo usar frases feitas de outros autores, a realidade fala por si, e de facto não quis alargar os casos envolvendo o PSD, mas sabe melhor do que eu, que a prática que critica é normal no PSD e não pode ou não pretendeu levantar o véu,pois sabe que o que vigora no PSD em matéria de criticas é a mais feroz repressão aos "dissidentes" quiçá ainda mais severa do que existiu no PCP em 1975...
Segundo um comentário neste blog, você foi preterido em favor de outros menos qualificados, nas listas do PSD, é verdade ou não?
O seu texto seria muito menos parcelar se olha-se também para a prática na escolha de listas do PSD, não pode fazer? Eu até o compreendo, só que neste caso, era de bom senso não atirar pedras ao telhado do vizinho, não fosse de ricochete atingir o seu próprio telhado de vidro...
Quando você se refugia na tese do seu texto, para esquecer o que lhe é apontado como critica, não está a pensar com a sua cabeça, mas sim a meter a cabeça na areia...
Continuo a pensar que você é capaz de pensar e de fazê-lo bem, mas para isso tem que ter um pouco mais de "coragem", um politico seguindo o rebanho pode pertencer ao rebanho, mas nunca será um líder.

Anónimo disse...

Caro José Gonçalves
Para o que interessar,informo-o(se já não souber)que as minhas palavras ao correr do teclado, não têm qualquer intenção de atingir a pessoa que escreve os textos,é assim que participo neste blog, mas que sempre norteio a minha vida, as ideias são por mim discutidas com o calor que ponho nas coisas, mas sem ofender ninguém, se alguma vez se sentiu ofendido, as minhas desculpas...
Os fantasmas (mesmo os criados pela ficção)são a nossa má consciência que os cria, de resto tudo é o reflexo da realidade apreendido e interpretado por cada um, e segundo os padrões pessoais do seu, nosso, desenvolvimento social e psicológico, etc...
O "fantasma"(pressuponho que seja Shakespeare) não sei se veio da "cova" para dizer que se deve pensar pela nossa cabeça, depois de digerir(e não absorver)tudo o que ouvimos, lemos e vê-mos, ou se não veio para dizer muito mais, entre outros, que o reconhecimento(e correcção) do nosso erro é a maior valência que no homem, distingue os inteligentes dos presunçosos.
Não sou homem de "salamaleques" a brandura é um dom quando se trata do relacionamento entre iguais e um defeito quando visa abafar o erro e as injustiças entre o forte e o fraco...
E o nosso mundo está cada vez mais povoado por injustiças, vás qualidades e más escolhas.
Tem toda a razão se considerar que é muita presunção pensar que eu posso sozinho mudar seja o que for, mas também é verdade que se eu nada fizer, dentro da minha disponibilidade,estou a colocar-me de fora da realidade social e da compreensão que é de gotas de água que se campo-em os grandes Oceanos.
O defeito na minha opinião, não está em tecer criticas ao PS, nos critérios da escolha dos candidatos(embora não considere isto o mais importante ou prioritário no momento que se vive)o erro é conviver entre portas(dentro do PSD)com as mesmas situações e teimar em falar só nas alheias, esquecendo-se "propositadamente" no que está diante dos seus olhos, mas que continua escondida dos eleitores...
A verdade não é um ilusionismo onde se permite esconder umas coisas e divulgar a preceito outras, A verdade é um processo, doloroso, onde as realidades se vão revelando, com o tempo e o desenvolvimento e luta cultural,politica, cientifica e social das sociedades.