18 setembro 2012

Pedro, olha para o exemplo do PSD ... Açores

O país vive um estado de emergência nacional. É fundamental, antes demais, não esquecer que fomos governados por um lunático nos últimos anos que nos colocou nesta situação. Se pensarmos que ainda há menos de dois anos, Sócrates andava a planear construir um aeroporto novo, um TGV, que fez imensas auto-estradas em regime de PPP caríssimas para o Estado e que depois chegamos ao ponto de ter que pedir ajuda à troika senão não havia dinheiro para pagar ordenados e pensões, talvez conseguimos enquadrar melhor as medidas agora anunciadas por Passos Coelho.

O governo de Passos Coelho tenta agora e a todo o custo, cortar em tudo o que pode para poder atingir as malfadadas metas do deficit. Ele e Vítor Gaspar estão numa missão, por convicção, de colocar as contas do país em ordem, de forma a podermos regressar aos mercados e deixarmos de depender da troika. Passos e Gaspar estão, no entanto, a cometer um erro fundamental; estão-se a esquecer que no fim de todas as medidas que tomam, não estão números, estão as pessoas. E era para as pessoas que deviam governar e não para os números. E se estas medidas até podem ser boas para os números, a verdade é que são mesmo más para as pessoas. As medidas agora anunciadas pelo governo de Passos Coelho têm, efectivamente, muito de injustas. Aumentam a TSU em todos os trabalhadores por igual, quer ganhem 500 quer ganhem 5000 euros. E baixam essa mesma TSU para os empregadores. Na esperança de criarem emprego, diz-nos Passos. Eu desconfio. Passos terá boas intenções? Se calhar. Mas acho que chegou a hora de recuar e repensar onde cortar.

Mas, de facto, da oposição, ou seja de António José Seguro, do PCP e muito menos do Bloco surgem soluções alternativas. No entanto, existem medidas alternativas para onde Passos Coelho pode olhar e seguir o exemplo. E não é preciso Passos Coelho procurar muito longe, basta olhar para dentro do PSD, nos Açores.

Aqui, como sabemos, estamos a pouco menos de um mês das eleições e é hora dos partidos concorrentes apresentarem as suas propostas. E Berta Cabral surpreendeu meio mundo pela positiva na semana que passou ao apresentar uma série de medidas que cortam nos salários dos governantes, para minimizar o efeito da crise nos mais desfavorecidos e na classe média trabalhadora. É realmente de louvar e talvez inédito que um candidato prometa cortar no ordenado do lugar a que concorre. E não é coisa pouca, é logo 25% e extensível a todos cargos políticos. Além disso vai cortar em 40% as assessorias e gabinetes de apoio. Vai reduzir também em 40% os subsídios de viagens para os governantes e muitos outros cortes nas verdadeiras gorduras e abusos que este governo regional socialista andou a acumular nos últimos 16 anos. Com o dinheiro que poupar nessas medidas, vai reforçar o complemento regional dos pensionistas em 20%. Vai reforçar o apoio à compra de medicamentos também em 20%. E vai também reforçar o abono de família em 20%. E vai ainda minimizar em 5% a tal subida da TSU que Passos Coelho decretou. Ou seja, vai Berta tirar dos políticos para apoiar não só os mais desfavorecidos, mas também a classe média trabalhadora, que tanto tem sofrido.

Por isso, apesar de pertencerem ao mesmo Partido, ao PSD, Berta Cabral e Pedro Passos Coelho têm maneiras diferentes de governar. Parece-me que Berta está mais próxima da matriz original social-democrata. Já Passos Coelho está mais próximo duma direita ultraliberal, ou então está apenas preso ao que a troika decide. Seja como for, votar no PSD nos Açores não significa de forma nenhuma endossar as medidas de Passos Coelho. Porque nós temos Autonomia aqui nos Açores e a Autonomia não serve apenas para colar nos cartazes. A Autonomia não é uma palavra vazia de conteúdo. A Autonomia é forma de governo que nos confere poderes. Que nos permite fazer aquilo que entendemos ser para o nosso melhor. E usar a Autonomia é colocar os interesses dos Açores acima de qualquer outro. É isso mesmo que estas propostas de Berta Cabral representam. A líder do PSD Açores sempre disse que antes do seu partido vêem os interesses dos Açores. A prova está aí.


Para concluir, uma referência a Manuela Ferreira Leite é inevitável. Em 2009, a então candidata contra Sócrates disse que era preciso cortar naquele momento, para não ser pior depois. Sócrates, por seu lado prometeu e enganou os portugueses com mais aeroportos e estradas. Hoje todos damos razão à Dra. Ferreira Leite e a maioria dos portugueses estará arrependida por não votado nela. Nos Açores, pelo menos, há uma hipótese de redenção.

7 comentários:

Mário Feijoca disse...

E é aqui que reside a diferença fundamental entre o PSD nacional e o PSD-A da Drª Berta Cabral. "(Passos) (Victor Gaspar) ...estão-se a esquecer que no fim de todas as medidas que tomam, não estão números, estão as pessoas."

Anónimo disse...

Caro Rui Gamboa
Não chega as boas vontades e mesmo a honestidade intelectual que eu não tenho razão para duvidar da sua, a verdade porem é que a sociedade Portuguesa deu um salto qualitativo em 15 de Setembro que permite a quem ainda não tinha visto(e eu já)que os problemas da politica e da sociedade Portuguesa vão para além das pessoas ou de erros Políticos pontuais...
Ainda ontem no programa do Medina Carreira(muitas vezes sensacionalista e vaidoso e não auto-critico)apontou junto com Paulo Morais, alguns dos problemas da Sociedade Portuguesa e que são aparentados com a corrupção ligada aos partidos e ao seu financiamento, de onde se entre-cruzam as parcerias público privadas, as privatizações e duma forma geral a actividade económica hiper dependente da traficância politica.
É claro que a razão primeira da nossa situação é antecedente a esta, e se prende com uma politica de destruição do tecido produtivo ligado e fomentada pela nossa entrada na comunidade e a troco dos subsídios para os mesmos do costume e se ligam novamente aos partidos e a esta promiscuidade entre Partidos, politica e Economia.
A culpa é especialmente dos partidos do arco da Governação, PS/PSD/CDS, mas não se esgota nestes, o alerta das pessoas nesta manifestação, apontou claramente para o corte com o silencio dos inocentes em relação a esta matéria.
É possível que as pessoas apontem realmente as baterias para os responsáveis e estes não são só o Sócrates, há a necessidade de esgravatar na porcaria para revelar e resolver esta montanha de situações sem a qual, tudo não passa de remendos para reforçar um lado e enfraquecer o outro lado do tecido social, politico e económico.
A própria democracia dá o seu contributo a esta imensa corrupção ao fomentar e não controlar, o despesismo nas campanhas eleitorais, e a se limitar e a restringir a dimensão democrática ao acto eleitoral.
Não descurando que a compreensão da crise e dos problemas de Portugal têm que ser alargados e compreendidos em dois planos o da comunidade Europeia, onde temos que diplomaticamente jogar com os outros parceiros comunitários, e em Portugal.,..
Muito havia a dizer e se quiser, irei contribuir para o debate, mas penso que só(como tenho proposto)o debate for abrangente a toda a sociedade e não tiver a controla-lo os oportunisticos tabus, que fazem das discussões uma imensa farsa, ao sabor dos interesses e dos poderes instituídos.
Saudações

Anónimo disse...

Caro Rui Gamboa
O Sócrates era "lunático" por querer um novo Aeroporto, o TGV e as autoestradas, minadas pelas Parcerias público privadas, tudo certo, mas o que se esquece, é não só, que o PSD, foi o primeiro a navegar nestas água, em todas as frentes.
Primeiro negociou a 1º. grande trapalhada que a parcerias público privadas diz respeito...
Resta dizer que o ministro de Cavaco que negociou esta autentica oferta aos privados chama-se, Amaral e foi colocado e é hoje administrador da Luso Ponte...
A luso Ponte investiu 20% da Obra e ficou com os lucros da Ponte 25 de Abril da Vasco da Gama e detém o poder e rendas de todas as travessias do rio Tejo, tanto de comboio como de Barco, para além deste tesouro, tem
outros incentivos em isenção fiscal, que não sei concretizar...
Em relação ás autoestradas e outras obras públicas sei que existem outras parcerias, mas não conheço em profundidade o assunto...
Mas no que diz respeito a parcerias o PSD sempre assinou por baixo e mesmo agora é ver a demagogia que usam quando fingem dizer que vão resolver o problema...
Tenho a dizer que muitas soluções existiam para por cobro a este atentado, a 1º. solução era usar uma lógica idêntica à retirada dos subsídios e reformas dos trabalhadores.
A segunda era a alteração das circunstancias, a terceira seria considerar as clausulas dos contratos inválidos, não só porque as clausulas consubstanciam blindagem inadmissível e nestes casos estas clausulas são considerados como não escritas.
Outra situação é que não foram sujeitos ao controle do tribunal de contas e nesta medida são igualmente inválidos....
A razão porque o processo não avança é porque PS/PSD/CDS estão implicados até a medula nestas trapalhadas...
O caso dos submarinos é igualmente uma trapalhada em que todos estão implicados...
Será necessário esclarecer mais alguma coisa?
Ou é mais que claro que o problema não só, não é exclusivamente de despesa pública, como a que de facto nos onera como Povo, foi decidida por ambos os Partidos, e está a ser escondida pelo PS/PSD/CDS...
A grande bronca a que o PSD/CDS, não soube,não pode e não quis, resolver, é a sua submissão ao grande capital financeiro, nomeadamente pelo testa de ferro do Capital internacional, António Borges.
É um governo amarrado de pés e mãos pelos interesses do capital financeiro, e neste sentido a austeridade será um folhetim onde se acrescentam sempre mais episódios .
Esta ladainha de considerar que não havia dinheiro para pensões é uma mentira que de tão repetida passa a verdade, mas é uma "verdade" de pés de barro e por isso ninguém a explica, para que ela não caia em toda a linha, o mesmo acontece com a situação, prazos e fim da divida, seria "lamentável" que a sua explicação
demonstrar-se claramente que ela é (sob o plano da troika) uma bola de neve sem fim à vista.
Todo este processo está envolto em densa neblina, e nem Passos sabe o que se passa, como quem sabe não pode dizer, sobre a iminente derrocada de todo este processo.
Pensar que Berta Cabral acrescenta alguma coisa a este imbróglio é acreditar em milagres, ou na vinda de D. Sebastião.

Anónimo disse...

Excelente texto! Parabéns Rui Gamboa, mais uma vez lúcido e assertivo. já agora quem são estes anónimos que se dão ao trabalho de escrever tanto sem dar a cara??????

António José Gomes

Flic Flac disse...

O lunático acha que vai haver uma vaga de fundo e que regressará, qual D. Sebastião, para assentar o seu incomensurável ego na cadeira de Belém.

Anónimo disse...

Caro António José Gomes
Neste post e em quase todos os outros todos os textos começados por "caro..." são do mesmo anónimo.
Não sei realmente(porque não diz)qual o critério aprovado por Vossa Excelência, para além de não ser anónimo?
Será não se dar ao trabalho, ou não escrever muito?
Independentemente do rotulo(de quem o escreve) um escrito vale pelo que diz e como o diz, tudo o resto são formas mais ou menos encapotadas de controlar a identidade ou de valorizar não pelo que é dito, mas pela pessoa que o diz, mal comparado é o mesmo que distinguir as pessoas pelo fato que vestem.
Muito ou pouco, diga da sua justiça se o que escrevi, está de acordo com a realidade...
Você tem todo o direito de concordar com o post, mas pelo que escreveu ficamos na mesma, não sabemos se concordou pela pessoa que escreveu, ou se pelo que foi escrito.
Saudações

Anónimo disse...

Caro Rui Gamboa
Insistir que os problemas que afligem Portugal se restringem ao malfadado Sócrates, é por um lado estar a dar demasiada importância a um vigarista(que foi levado aos ombros pelo PSD)mas é também encandear os Portugueses com um personagem, para assim omitir todos os verdadeiros problemas, desde logo a quase total destruição do tecido produtivo, com a entrada na então C.E.E. e uma governação por parte do PSD/PS e CDS numa deriva despesista e sobretudo comprometedora com o desastre relativo ao desequilíbrio cronico do orçamento, sobretudo com a entrega do "tesouro" publico, em parcerias público privadas, privatizações,gestores pagos como Reis, tudo a custa do erário público e em favor do clientelismo dos partidos do arco da governação.
Para além disto há uma corrupção urdida na assembleia da Republica e nos órgãos democráticos como as autarquias, como denuncia o Social Democrata,Paulo Morais,ex. vice de Rui Rio, na Câmara do Porto.
Em toda esta crise o governo nunca quis usar a sua influencia na Comunidade Europeia com os Países sujeitos à crise,(embora ela rapidamente chegará à própria Alemanha) como a Espanha Irlanda, Bélgica, Itália e mesmo França...
Ficamos a saber que a Itália reuniu os Países em dificuldades e Portugal não se fez representar, pois certamente está do lado de Angela Merkell...
A politica deste governo é ser serventuário da politica do Capitalismo Financeiro mais retrogrado e ilegal.
Como à mais dum Ano comentei, só um trabalho diplomático na C.E. em torno de outras politicas e outra orgânica para à Europa Comunitária, ao mesmo tempo que se devia reivindicar outras condições para o empréstimo da Troika, tanto em juros como no tempo para o seu cumprimento, a nível interno exigir o esclarecimento total das razões da dividas e seus responsáveis.
Tudo isto e muito mais foi por mim considerado como fundamental, apesar da onda de comentários contrários vejo agora que muito do que defendi para ser implementado de imediato são agora tardiamente não só discutidas em Portugal como no seio da Comunidade.
Não podemos continuar a pensar que tudo se restringe a aceitarmos todas as imposições da troika, levando esta obediência ao exagero de implementar medidas mais drásticas do que aquelas decididas pela Troika.
Para além desta politica de austeridade levar a mais recessão e esta a mais austeridade, temos que ela é implementada segundo uma politica que salvaguarda aqueles que levaram as finanças do País a este caos, e impondo medidas lesivas do Povo e amplamente favoráveis para o Capitalismo Financeiro.
O que pode Berta Cabral nesta conjuntura(e mesmo considerando que ela quer alterar alguma coisa)?
Nada, pois não só, o limitado Estatuto Autonómico, limita este papel, como não existe uma politica regional, nem de Berta Cabral, nem do Governo, que tenha um plano que posicione os Açores no seio deste tsunami económico o Politico...
Saudações