07 novembro 2012

Do XI Governo Regional dos Açores

O XI Governo Regional dos Açores já é conhecido. Sem dúvida que a primeira palavra que nos vem à cabeça ao ver a respectiva composição é renovação. Com efeito, do anterior Governo, e se retirarmos Vasco Cordeiro da equação, apenas Sérgio Ávila e Rodrigo Oliveira transitam para o novo elenco. Outro factor que é imediatamente identificável neste Governo em relação ao anterior é a dimensão, trata-se efectivamente de uma administração mais pequena e com algumas super pastas. Vasco Cordeiro aqui seguiu a linha de Pedro Passos Coelho no continente, tentando delegar em poucas pessoas muitas responsabilidades. Em Lisboa, como sabemos, esta opção não está a ser nada fácil. Vamos ver como vai ser nos Açores.

No mais, e neste momento, muito pouco se pode dizer em relação a este novo Governo, até porque falta conhecer o grosso do próprio, ou seja, as direcções regionais. Mas sem dúvida que a renovação é um bom sinal, só que, como é evidente, por si só, não resolve nada. Quanto muito remove alguns vícios instalados. Mas em termos de governação propriamente dita, pouco ou nada poderá acrescentar, porque se desconhecem as capacidades dos renovados nesta área. Apesar de apresentarem currículo nas suas vidas, têm que provar agora o seu valor numa área muito diferente, como é a governação de uma região como a nossa e com os problemas que sabemos que iremos enfrentar. Temos, pois, que dar o devido tempo ao novo Governo  e aos seus responsáveis para colocarem em prática as suas capacidades.

Uma coisa é certa, nota-se, por parte do nosso novo responsável máximo, Vasco Cordeiro, uma tentativa de procurar caras fora do Partido Socialista que o elegeu. Diria até que nota-se por parte de Vasco Cordeiro, na escolha deste novo Governo, uma verdadeira boa intenção de ir buscar aqueles que ele considera serem os melhores, independentemente de cores partidárias. Só que, este processo de boas intenções poderá acabar por ser minado pela desconfiança e até ressentimento por parte das bases do Partido Socialista, que, no fundo, é que fizeram todo o trabalho de campo que levaram à vitória de Vasco Cordeiro. E as bases do Partido Socialista têm, neste momento, uma face bem visível na pessoa de José Contente, que, como sabemos, ficou de fora de todas as escolhas de Vasco Cordeiro para a governação dos Açores, apesar da sua longa experiência de governação e dedicação ao Partido. Ao ver-se que Contente não fazia parte do Governo, esperava-se que fosse para um lugar de prestígio, como seria o de Presidente da Assembleia Legislativa Regional. Era expectável que assim fosse, dadas, até, as características do lugar e a qualidade e peso político que José Contente representa. No entanto, nem aí houve lugar para José Contente, que, se quiser manter-se activo na política, terá que rumar para outras áreas do poder. Ou a descida ao poder local, ou a subida ao poder nacional, como candidato a deputado ao Parlamento nas próximas Legislativas nacionais. Contente poderá também optar por candidatar-se a líder do próprio Partido Socialista, como sabemos ele é o homem das bases e apoio não lhe deverá faltar. É que, e para todos efeitos, o líder do PS ainda é Carlos César e Vasco Cordeiro terá que ir sempre a votos internamente para assumir a liderança.

Portanto, as cartas estão lançadas. Os desafios que os Açores enfrentam estão muito bem identificados, sendo o desemprego a nossa principal preocupação neste momento. Vasco Cordeiro, e bem, assumiu este tema como prioritário para o seu Governo. Resta-nos agora dar tempo ao novo Governo para nos repor no caminho do desenvolvimento económico e social que tanto precisamos.

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