25 janeiro 2013

A saúde da baixa médica


Uma das coisas que mais irrita aqueles que trabalham, porque prejudica o País, prejudica o ambiente de trabalho e demonstra o carácter de quem a pratica, é a “baixa médica”, sobretudo quando se escuda em perturbações do foro psiquiátrico. Tudo, claro, sem prejuízo das óbvias excepções causadas por mescladas acções de uma qualquer entidade patronal ou de uma gripe mais afoita. Quanto àquela, é evidente, à semelhança daqueles que costumam estacionar automóveis em lugares reservados a deficientes, que quem a ela recorre está de tal forma “perturbado” que se mostra clinicamente incapaz para o trabalho. Claro que, seguindo esta leiga premissa, e uma vez que a perturbação é do “foro psiquiátrico”, também não seria de descurar a hipótese de que estes doentes deveriam estar confinados à sua residência ou, eventualmente, internados em clínicas especializadas na patologia diagnosticada. É que, tal como estão incapazes para o trabalho, também estão, ainda que temporariamente e no mínimo, com imputabilidade diminuída e poderão constituir um perigo para si próprios e para a sociedade. Não se pense, por exagero, que estão ali potenciais Breiviks, mas cautelas e caldos de galinha…Ou seja, não será de todo descabida a ideia de proceder medicamente à revisão de conceitos e análise casuística quer da concessão, quer dos factores que a determinam, quer, ainda, da terapêutica. Mas tal fica nas mãos dos pacientes clínicos e das legais juntas médicas.
 
Tudo isto porque, aqui há uns tempos, cruzei-me num aeroporto com um destes doentes que, tal e qual como o pai escafandrista na rábula do Raul Solnado, já não “visita” o local de trabalho há muito tempo, mas com a diferença de que o local de trabalho retribui da mesma forma. Em nome da sanidade de ambos, dirão alguns, mas o facto é cada um deles não quer saber do outro e, ambos, não querem saber de quem paga a inaptidão clínica para o labor. Mas, retomando, quem o visse, galhofeiro, algo espalhafatoso, ligeiramente “olhem para mim que, às vezes, apareço nos jornais e na televisão”, rodeado de um grupo ainda mais efusivo do que ele, não diria que se encontrava doente há tanto tempo, sobretudo quando foram constantes e publicamente conhecidas as visitas a “termas”, daquelas cujos custos o depauperado HDES jamais poderia alguma vez sonhar como lenitivo para um qualquer comum utente do SRS. Claro que quem vê o exterior não sabe o que corre nas veias, neste caso, no cérebro, de uma pessoa. No entanto, o alegre brilho que daqueles olhos brotava, e que a graciosidade de movimentos confirmava, apontava a recuperação total da almejada saúde. O que se deseja. De tão boa saúde se mostrava que, creio, brevemente regressará ao local de trabalho. A seguir, por causa disso, outras baixas psiquiátricas virão, mas desta vez a sério. E a estas não há Rilhafoles que lhes valha, quanto mais água de Vichy…


Pondo de viés o adágio popular, não há mal que sempre dure nem bem que não acabe!

3 comentários:

Anónimo disse...

Estou farta de pagar por esta malta. Lembro-me que até há por aí artistas de baixa médica e que fazem exposiçoes publicas com direito a tv e revistinha social e é como voce diz a entidade patronal nao fiscaliza.

Anónimo disse...

Caro José Gonçalves
Só encontro uma justificação pela perda da qualidade(interpretação minha)dos seus posts, ela só pode ser, atendendo à sua manifesta qualidade, para fazer melhor, ao desnorte que lhe provoca um governo Nacional do seu Partido(PSD/CDS)e a dificuldade em postar assuntos que lhe causassem contradição com esta dualidade de ser PSD e estar contra a politica do governo de Passos Coelho(muitos resolveram esta contradição de forma positiva, com coragem)...
Dito isto, este post é uma trapalhada, em primeiro lugar, pois sendo você jurista, sabe que a avaliação médica é do foro médico, por outro, não se deve ver a floresta pela árvore, casos que fogem a legalidade fazem parte da realidade, não havia normas se não se soubesse que havia sempre alguém que as pretende furar, dito isto os problemas mentais não só são um dos maiores males da sociedade moderna, como a politica deste governo as tem promovido, não dar relevância ao problema, ou é uma questão de ignorância, ou de má fé, quero acreditar que no seu caso não seja um ou outro caso, mas por favor regresse ao José Gonçalves acutilante e lúcido que nos habituou, que melhores dias e melhores políticos do PSD, virão, veja esta situação como uma crises passageira, gentes como o Passos, Relvas, Borges e outros, irão com o vento, e tem feito tanta ventania...
Saudações
Açor

Anónimo disse...
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