O passado fim-de-semana ficou marcado por renovações nos dois
principais partidos políticos dos Açores. Se é verdade que não se registaram
grandes surpresas ao nível das novas lideranças, pois já se sabia que tanto
Vasco Cordeiro, no PS, como Duarte Freitas, no PSD, iriam suceder,
respectivamente, a Carlos César e a Berta Cabral, a verdade é que algumas notas
são dignas de registo.
Comecemos pelo PS. Com uma adesão de apenas 30%, a única
candidatura, a de Vasco Cordeiro, venceu com praticamente 99% dos votos. Se por
um lado, estes resultado pode demonstrar união, também é sempre de preocupar os
unanimismos dentro dos partidos. É saudável que hajam divergências, discussões,
posições mais extremadas ou mais moderadas. É dessa discussão de ideias que os
partidos políticos avançam. No entanto, o resultado também demonstra que
aqueles que se deslocaram às mesas de voto estão totalmente com o projecto de
Vasco Cordeiro e essa união é também fundamental para os Partidos.
Uma pequena
nota, no entanto, em relação ao futuro de Carlos César. Muito se falou sobre o
que iria César fazer depois de sair da liderança do PS, falou-se em lugares
internacionais, na possibilidade de assumir um papel de preponderância no
Partido Socialista ao nível nacional, até mesmo a própria liderança
nacional. Só que César sempre disse que iria ficar por cá, nos Açores. E é isso
que agora se comprova. Foi criado um cargo novo de Presidente honorário
expressamente para César. Sobre esta matéria, e regressando à preocupação dos unanimismos, ouviu-se uma voz interna a criticar todo este processo de sucessão socialista. O ex-líder regional do PS, Martins Goulart afirmou que este projecto socialista é dinástico e que o PS está refém de um imperadorzinho, referindo-se obviamente a Carlos César. Martins Goulart vai mais longe, afirmando que a estrutura do partido está a ser alterada com o intuito de satisfazer interesses ocultos e a ambição de poder de um única pessoa. Palavras fortes de uma das principais personagens, se não mesmo a única, que fez oposição a César dentro do PS nestes últimos 16 anos e que deixam alguma preocupação para os Açorianos.
Já no PSD, o fim-de-semana marcou o congresso da consagração de
Duarte Freitas como novo líder regional do partido. Com a moção Reestruturar,
Reformar e Renovar, Duarte Freitas não se ficou apenas pelas palavras e fez
mesmo uma profunda renovação nos órgãos do Partido. Caras novas e frescas, como
é o caso do novo secretário geral do partido, o jovem ribeiragrandense
Alexandre Gaudêncio. Na verdade, Gaudêncio personifica aquilo que se pretende
tanto para o futuro do PSD, como também para o futuro da política nos Açores.
Pessoas bem formadas, com altos índices de conhecimentos e uma mundividência
que se revela tanto a nível geral como a nível concreto e local. Duarte Freitas
tem uma equipa coesa e pronta para os desafios do futuro, como é o caso das
Autárquicas que são já este ano.
Sobre este assunto, as Autárquicas, apenas uma nota final. José
Contente anunciou publica e finalmente a sua candidatura à Câmara Municipal de
Ponta Delgada. Como se sabe, Contente ficou sem espaço político no novo governo
de Vasco Cordeiro e procura agora na Câmara prosseguir o seu caminho político.
Não há, da parte de José Contente nenhum sentido de dever ou de serviço público,
há apenas uma procura de um lugar. Aliás, terá sido por essa razão mesmo que não fez parte do governo de Vasco Cordeiro. Pelo contrário, vemos um José Manuel
Bolieiro a conquistar, a cada dia que passa, os munícipes de Ponta Delgada, com
a sua sensatez e equilíbrio. Na verdade,
Bolieiro está a revelar-se, apenas para alguns, uma enorme surpresa pela positiva. Em
cada medida ou declaração que presta, revela um sentido de estado e de serviço
público, que está ao alcance de muito poucos nos Açores. Bolieiro está a
conduzir os destinos de Ponta Delgada, com recursos muito exíguos, mas com
resultados impressionantes.
A Renovação é assim, pois, a palavra de ordem dentro dos dois
maiores partidos políticos dos Açores. O tempo dos políticos da obra de cimento
e betão acabou-se. Governar com muitos meios é fácil e foi isso que aconteceu
até há pouco tempo. Mas agora é tempo de governar com recursos muito limitados
e assim é que se distinguem realmente os grandes políticos dos outros.
3 comentários:
Rui, concordando com quase todas as linhas, apenas tenho dúvidas quanto ao posicionamento do JM Bolieiro em PDL.
Julgo que há no mínimo um grande trabalho de comunicação/informação a fazer junto do eleitorado de Ponta Delgada. É que, do que pude experienciar agora no Natal (experiência pessoal, claro), são poucos os que sabem quem é o actual presidente da CMPD. Mesmo junto de um eleitorado relativamente esclarecido e atento...
Se o desafio para segurar a CMPD já se afigurava muito grande para o PSD à partida, fiquei com a impressão que será mesmo gigantesco. abraço
Julgo que deveria também colocar a pergunta mais poderosa do mundo: qual o motivo? aí é difícil arranjar as respostas certas... tentas chegar lá de alguma forma, mas penso que não é muito oportuno.
Concordo com o João Ricardo Vasconcelos, Bolieiro tem personalidade e carisma para líder, e para autarca, basta ver e sentir o trato com as pessoas não só a nível individual, mas a nível institucional, basta ver o trabalho desenvolvido com os sindicatos que representam os trabalhadores da câmara, mas Bolieiro não é conhecido do eleitorado. Para isso tem de começar a desenvolver um trabalho, para o qual precvisa de estar muito bem acompanhado e assessorado. Esperemos que não seja com as mesmas pessoas que andavam ao lado de Berta Cabral.
José Albergaria
Enviar um comentário