25 maio 2013

Ígnaro mas seguro


Ígnaro, devo ser o único português que nunca compreendeu as razões pelas quais o então presidente da república Jorge Sampaio demitiu um governo legítimo, apoiado por uma maioria estável e coesa na Assembleia da República. Ígnaro, talvez não tenha compreendido tais razões porque, pormenor de somenos para os inteligentes, a sapiente figura comunicou à Nação que se dispensava de as enumerar porque eram conhecidas de todos. Eu, ígnaro, não só não as sabia como ainda hoje não as sei. O facto é que a esfuziante atitude presidencial nos conduziu a Sócrates. E o País inteligente aplaudiu. E o Povo sufragou. Eu, ígnaro, perante o estado da coisa pública, apelidei Sampaio de avô do défice. E hoje estamos como estamos…  por causa de um sufragado “há vida para além do défice” que ninguém compreendeu e muito menos praticou. Contudo, agora, cada vez melhor se compreende o único pensamento político da venerável figura: bons são os nossos, por isso tudo se deve fazer por eles. Trata-se, na essência, da ética republicana vinda da I República. É, pois, assente nesta premissa que vale a ideia de que “eleições antecipadas não seriam coisa mortal” para o país. Eu, ígnaro defensor da velha ideia democrática de que os mandatos são, por princípio, para cumprir, não reverencio a expressão e muito menos o autor. Ígnaro mas, porque não esqueço o que nos aconteceu e ainda que consciente de que não estamos bem, seguro de que não quero um qualquer Seguro a (des)governar. Ígnaro mas seguro de que não nos apresentam qualquer alternativa. Ígnaro mas seguro de que só (des)governam enquanto houver dinheiro e com o dinheiro dos outros.  Ígnaro mas seguro de que não quero um novo pântano. Ígnaro mas seguro de que Portugal não é deles. Ígnaro, espero que o presidente da república também.         

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Gonçalves
Em principio os mandatos são para se cumprir, diz bem e eu assino por baixo...
Mas sendo em principio deixa em aberto a quebra deste principio, a questão ficará portanto em saber quando e em que circunstancias?
Invocou desde logo um dos piores(em igualdade com Cavaco)se não o pior, Presidente e politico que Abril criou...
No caso da quebra do mandato do Governo de Santana ele devia ter sido levado a efeito quando Durão Barroso, fugiu para o estrangeiro, depois foi um oportunismo(independentemente dos erros de Santana) para derrubar o governo quando o PS estava "preparado" para tomar o Poder.
Não vou perder tempo com a minha oposição a Sampaio, limito-mo a dizer que ele colheu consensos devido à sua falsidade e oportunismo que só me desgosta por ele ser descendente de Açorianos.
Voltando ao tema digo que não obstante não ser as eleições o modo mais eficaz no momento politico actual, ele é o método disponível, perante um presidente incapaz e completamente desorientado, sem compreender e querer e poder, criar soluções baseadas num governo democrático e patriótico de iniciativa presidencial, mas com apoio na sociedade e parlamento, que tivesse um programa de relançamento económico e de salvaguarda dos interesses Nacionais.
Não sendo assim por inépcia do PR, terá que se propor o voto popular ou em alternativa a tentativa dos partidos PSD/CDS, proporem novo programa e novo primeiro Ministro(o que não é caso obtuso, atendendo à contestação interna no PSD)...
A situação actual é que não dá, pois é protelar-se a mudança, queimando em fogo lento, este governo, ao mesmo tempo que se hipoteca o futuro do País.
Saudações
Açor

Anónimo disse...

APOIADO!
Governo em Portugal? Só de esquerda, está na Constituição!