21 outubro 2015

Ou é do revisor ou é do autor

1. Semana após semana, lendo (ou melhor, tentando ler) uma crónica num jornal diário, deparo-me sempre com o mesmo problema: o autor tem dificuldades com a língua portuguesa. Inicialmente, pensei que a culpa de tal seria do revisor – essa figura que antanho fornecia o pretexto para muita ignorância a ele alheia -, mas, face à repetição resoluta e uniforme, não posso imputar a terceiros aquilo que é do próprio autor. Longe de mim, a ideia de pretender, com este reparo (até porque erros todos nós cometemos), causar qualquer dano à honorabilidade do cronista. Ao contrário, a evidência dos factos, se reparo merece, destina-se mais à direcção do jornal que, certamente, já terá constatado as imprudências ortográficas do autor das crónicas, o qual, se lho transmitirem, não deixará de acolher a bondade da observação.

2. A propósito da bondade, escrevem por aí que os comunistas já não comem criancinhas ao pequeno-almoço. Presumo que, quem categoriza publicamente a afirmação, conheça os factos presentes e a História e a história dos passados. Eu, apesar da pouca crença que tenho na regeneração humana, tendo, neste caso, a concordar. É que, vendo os países onde a experiência ainda subsiste, eles já não comem as criancinhas ao pequeno-almoço. Não é preciso. Elas encarregam-se de morrer por si…de fome.

3. Não sei quem é o revisor ou o autor dos estertores com que diariamente o PS nos brinda, pois a escolha é vasta. O que sei é que a tradição (legítima e democrática) ainda é um valor prezado pelos portugueses. No próprio PS, Sérgio Sousa Pinto, Francisco Assis ou Vasco Cordeiro manifestaram publicamente aquilo que lhes vai na alma, ao dizerem, por estas ou por palavras similares, que quem ganhou as eleições deve governar ou, ao menos, ser-lhe dada a oportunidade de submeter o seu programa de governo à Assembleia da República, competindo a esta avalizá-lo ou não, com as consequências advenientes. A questão é política, não é constitucional, tout court. Como tal, se o PS quer governar a todo o custo (mesmo não sendo capaz de dizer, no imediato, com que programa) que assuma as responsabilidades históricas da ideologia que PCP e BE propagam. Depois, veremos se o pequeno-almoço de 1975 não é tomado 40 anos depois.         

1 comentário:

Açores sempre disse...

Ah Gonçalves foi mesmo em cheio o seu ponto 3. Pergunto-lhe se o revisor é Cesar e o autor Costa ou o contrario