Jornalistas foram
impedidos, em Portugal, de realizar o seu trabalho. Uma, num julgamento que tem
como arguido o presidente de um clube de futebol, e outra ao questionar o
primeiro-ministro. No primeiro caso, cidadãos alegadamente ligados a uma claque
do clube, apropriaram-se indevidamente do equipamento profissional; no outro,
um segurança do primeiro-ministro encarregou-se de impedir a
aproximação para que que fossem feitas perguntas às quais este só responderia
se quisesse.
Depois do que aconteceu e
muita gente viu, incluindo os profissionais do mesmo ramo, a pergunta impõe-se:
há comunicação social em Portugal?
Será caso para reflexão
mais profunda, mas, encurtando e perante os factos, se houvesse, certamente
teria mostrado as imagens que filmou, as fotografias que tirou e escrito sobre
o que viu.
Como desconheço que o
tenha feito, nem sequer sei o que isso é.
E ela (que acha que
existe) percebeu muito bem que a intimidação individual, sempre mais fácil de
realizar, era dirigida a ela no todo e, em vez de reagir, acatou o recado e omertà, quer sobre um grupo de
cidadãos que se movimentam num Estado dentro do Estado, quer perante a atitude
de um segurança do primeiro-ministro (ou a sobranceria deste, quando passou por
ela – que acha que existe -. Lembram-se do tempo de um outro primeiro-ministro?!).
Perante a intimidação,
aquela que acha que existe, é culpada na permissão e inacção e, a talhe de
foice, deveria meditar sobre a entrevista realizada ao director de informação
de um canal televisivo, naquilo que é realmente importante: independência e
informação.
É que ser corajoso com os
inofensivos, como a Igreja Católica, por exemplo, que ouve e perdoa, ou a novel
grande causa comum (ideólogos amigos assim o suscitam), Trump (que não lhe
liga), pode parecer informação, mas nada mais é do que simulacro, perante o
absoluto silêncio sobre os demais pares dos exemplos, sobretudo quando são um
perigo, tal e qual como a civilização europeia/democrática o configura.
Há anos que, pessoalmente,
a deixei de ver, ouvir e ler (a portuguesa - obviamente abrindo excepções,
quase sempre por razões profissionais) sob prisma sério. Busco, maioritariamente,
em espaços alternativos de informação - como a blogosfera -, a essência e
limpidez dos factos, das acções e das intenções, aí ajuizando, no cruzamento,
criticamente. Do que vou conversando com vários amigos, que me vão dando conta
do que nela se passa, parece-me que tenho perdido pouco ou nada, pelo que estarei na
senda sensatamente correcta.
Reitero, aquilo que
fizeram aos jornalistas (porque estes existem!), se fosse no estrangeiro, teria, imediatamente,
motivado reacção global e concertada de repúdio e, na manutenção da inércia, quer do Estado
quer do clube, acção comum de denúncia, boicote ou o que por bem achasse pertinente, mas jamais silêncio, cúmplice, pensarão muitos.
Na conclusão, é claro que serei o primeiro
a redimir-me, quando ela me provar o erro. Até lá, “messieurs, honni soit qui mal y pense! Ceux qui rient en ce moment
seront un jour très honorés […]”…
Aditamento: porque pouco relevante, não teria de o publicitar, mas, portugueses, leio o jornal online Observador e os blogues Corta-Fitas, Blasfémias e Geração Benfica, diariamente, entre muitos outros, ainda que estes mais esporadicamente.
Aditamento: porque pouco relevante, não teria de o publicitar, mas, portugueses, leio o jornal online Observador e os blogues Corta-Fitas, Blasfémias e Geração Benfica, diariamente, entre muitos outros, ainda que estes mais esporadicamente.
12 comentários:
Está a falar disto?
https://www.rtp.pt/noticias/politica/jornalista-da-rtp-impedida-por-segurancas-de-falar-com-passos-coelho_v741481
Ou este do "não me filmas a cara"?
https://www.youtube.com/watch?v=SNHsco6AHCk
Fala disto
https://www.youtube.com/watch?v=CVLfc7LWuL0
So podia vir de um fascista uma coisa destas. Afinal importa o que le.
Ainda bem que fiz um aditamento. Sabia que ia ser rotulado. Quod erat demonstrandum.
Muito bem, Zé. Noto e registo que os controleiros estão alerta. Tanto zelo deve ser por medo de perder o emprego, única coisinha disponível para as suas capacidades na Região Autónoma Socialista dos Açores.
Meu caro, atacou uma vaca sagrada. ele comem vivos uns aos outros. Acha que se importariam com os colegas? Se vivem dos GACS e da publicidade que o governo lhes dá acha que iriam perder a maminha? Independencia e informação como pede terá sempre a economia a impor-se. Pouco vale a pena clamar desde que o povo tenha telenovelas e engula as frases que os telejornais atiram para o ar.
"O poder pode ser muito viciante e pode ser corrosivo e é importante que os media chamem a atenção das pessoas que abusam do seu poder, seja aqui ou em qualquer outro lado", esclareceu Bush.
meu caro se ainda lá não foi vá
http://corta-fitas.blogs.sapo.pt/o-jornalismo-zandinga-6496177
Do jornalismo geringonço
http://corta-fitas.blogs.sapo.pt/carta-aberta-a-manuel-carvalho-6496713
Apenas na última semana, o dr. César dos Açores, que possui a inteligência de uma anémona e a subtileza de duas, confessou que se encontra a “reflectir” sobre a permanência do governador do Banco de Portugal. O “Público”, após alertar aflito para a “fuga” de capitais e de seguida lamentar os que aludem à “fuga” de capitais, aceitou nova missão: enlamear o pérfido juiz Carlos Alexandre, acusado de pedir 10 mil euros emprestados. Nas televisões, com destacado louvor para a TVI e a RTP, “analistas” esgadanham-se para apurar quem melhor aplaude os poderes vigentes. Nas rádios, ouvir os noticiários da Antena 1 e da TSF embaraçaria os conselheiros do almirante Thomaz. Nas “redes sociais”, os guardiões da moral perseguem blasfemos com afinco. E tudo, do atarantado dr. Núncio aos problemas na suinicultura e às derrotas do Tondela, serve de argumento para tentar enxotar Pedro Passos Coelho. Ao exigir, sem pingo de vergonha, a urgência de a “direita” se habituar a “novas regras”, o dr. Ferro não brinca.
Quem vai escrever sobre isto em Portugal? E as televisões' E o que está a acontecer por cá?
A Associação de Imprensa de Madrid emitiu esta segunda-feira um comunicado a denunciar as “pressões da direção do Podemos, liderada por Pablo Iglesias”. As denúncias chegaram por parte de um “grupo de jornalistas” que apresentaram “testemunhos e provas documentais” das pressões do partido de esquerda. A mesma associação acusa o Podemos de cultivar um clima de “medo” junto dos jornalistas.
Perante as provas apresentadas pelos jornalistas, a associação de jornalistas “exige ao Podemos que deixe de uma vez por todas a campanha sistemática de perseguição levada a cabo contra profissionais de diferentes órgãos de comunicação, que [o Podemos] amedronta e ameaça quando está em desacordo com as suas informações“.
Observador
Caro Anacleto, se está à espera que o sindicato (ou alguém) diga alguma coisa, o melhor é arranjar uma cadeira.
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