23 fevereiro 2017

QUINTAS-FEIRAS AZIAGAS


Comentando o que por aí reza a crónica desta admirável e nova idade mídia sobre as últimas façanhas literárias do Sr. Presidente, desabafava minha avó Georgina que em tempos mandava a cartilha cavalheiresca que não se batesse em quem estava caído; e por isso não lhe caía bem ver um homem atacar outro quando este se vê a contas com as justiças, e até já foi posto em sossego preventivo, de onde só saiu por exaustão do respectivo prazo. Faria o presidencial memorialista o mesmo se o visado ainda fosse primeiro-ministro? Eis a questão. Guardasse-se para mais tarde, quando o pó do tempo assentasse, e tudo estivesse esclarecido. O que só prova que a boa senhora nunca foi política nem simpatizante da dita. 
       E realmente as memórias de Cavaco dificilmente deixarão de parecer um ajuste de contas com Sócrates, e também uma justificação da sua incapacidade de intervir e travar a loucura chuchalista que levou à bancarrota, e possivelmente levará à catástrofe, sempre mais ou menos iminente no destino do Lusíada, coitado, desde o título de Eça, e até de antes. Afinal de contas, sempre mal feitas neste país de poetas líricos, a Cavaco, mais que a ninguém (por alguma coisa será professor de Economia), corria-lhe a obrigação de saber e antever os resultados da política socrática. Se a civilização se cifra em prever e prover (Bertrand Russel dixit), por estas bandas e plagas continuamos alegremente selvagens.
Pesar-lhe-á na consciência a sua tibieza, e tentará agora justificar-se. Sem convencer, porém. Tê-lo-á movido o mero cálculo e estrito interesse pessoal (a reeleição) e o medo (da reacção socialista). No lugar desta Excelência, um magistrado mais inteiro teria procedido de outro e eficaz modo. Mas ninguém pode saltar fora da sua sombra.
       Resumindo, Quintas-Feiras por Quintas-Feiras, antes no Homem Que Era Quinta-Feira. Fiquemo-nos com esta e com este.  


4 comentários:

Anónimo disse...

Não há dúvida, o Luiz de Mont'André faz aumentar as tiragens ...

leitor fiel disse...

Antes de mais cumprimento-o pelo regresso. li-o quando a Máquina de Lavar estava no seu auge e achei que veio complementar o que o Rui Gamboa e o Gonçalves faziam com a política. Era o melhor blogue regional. Continuarei a le-lo com gosto e desafio-o a que exija que os seus colegas de blogue regressem e também o desafio a escrever sobre a geringonça com algo literário.

Anónimo disse...

Já que o seu colega fascista Gonçalves é assiduo do observador vejam o que defendem

http://observador.pt/opiniao/nem-as-quintas-feiras-nem-aos-outros-dias/

Anónimo disse...

Olha um comuna cheio de vontade de nos mandar para a Sibéria.