A coisa conta-se em poucas
palavras e muita irritação.
Um cidadão residente nos
Açores compra um bilhete à Azores Airlines, detida em 100% por capitais públicos - logo, paga (no seu crónico défice) pelos contribuintes -, e desembolsa mais de
600 euros para se deslocar entre Ponta Delgada e Lisboa.
Para os mesmos dias, com
bagagem incluída, na mesma companhia, um bilhete de Ponta Delgada para Barcelona
custa 403 euros, sendo mistério a razão da discrepância no preço (bla, bla, voo
mais longo… custos menores…) e da existência de uma rota para aquela cidade.
Alguns saberão, outros imaginarão ou conjecturarão a razão dos preços exorbitantes e das rotas que, de quando em
vez, se vão engendrando, no denominado serviço público. Nisso, o cidadão é ígnaro.
Tal não obsta, porém, a que pareça, mais ou menos obviamente, que a política de
preços da SATA, perdão, da Azores Airlines, esteja relacionada com o serviço
público mas não seja serviço público, mesmo quando apresenta tarifas mais baixas,
com uma lista impiedosa de restrições.
Já quanto às rotas, que
vão mudando ao sabor dos tempos e vontades, nunca se ouviu uma explicação
razoável, pelo que mais não se explicam do que pelos dinheiros que as sustentam
serem os dos contribuintes.
Mas, não divaguemos, retomemos. Compra o cidadão o dito
bilhete e verifica que é um voo partilhado com a TAP (“code-share”, como os doutos gostam
de dizer). Tudo bem. Os 600 e picos euros desembolsados cobrem qualquer
eventualidade, terá, ingenuamente, pensado. E faz o “check-in” (mais uma para
doutos) e altera o lugar. Hélas! Pumba! Qual voo partilhado, qual quê. Mudar de lugar? Que topete! Os luxos, pagam-se. Dá cá 10 euros (irreversíveis) à TAP,
porque sim (mesmo que a forma como a irreversibilidade é apresentada seja legalmente
questionável).
Telefonema para o Satanico
“call center” (doutos, doutos) e, como se esperava, vem o bíblico Pilatos. [Nada
temos a ver com o que a outra companhia faz; até avisamos quanto à bagagem]. Mas
e as mudanças de lugar? [Isso não, é com a outra companhia aérea]. Mas não
acham que deveriam informar os vossos clientes? [Não, até avisamos quanto às
bagagens e bla, bla, bla…] - atencioso, diga-se, perante a furiosa irritação -.
Mas, os vossos clientes, que não têm culpa do “code-share” (douto), não
deveriam ter exactamente os mesmos direitos que teriam se viajassem na Azores Airlines?
[Hã?! Hum!…… nós até avisamos da bagagem….] E, já agora, cobram a alteração de
lugar aos passageiros da outra companhia aérea quando viajam na Azores Airlines?
[Não]. Não?! Não há algum acordo de reciprocidade que proteja os passageiros da
Azores Airlines?! [Ah, bla, bla,.. até avisamos da bagagem…] Sugere-se que,
além da bagagem, o departamento jurídico inclua os lugares. [aaa… nós aqui
podemos fazer a sugestão]. Então, façam-na e acrescentem, também, que não é
serviço público ir para Barcelona, sobretudo quando há que responder às
necessidades primárias dos Açorianos.
Eis-nos, simples mortais, perante
os meandros da gestão dos dinheiros dos contribuintes, da clareza informativa
a estes conferida e do acautelamento dos fiéis clientes.
Pensar a(s) SATA(s) ou repensar
o serviço público por ela(s) prestado?!
Ao que nos é dado ver,
aparentemente, para Santana tudo está bem. Afinal, o cidadão até é reembolsado…
Quanto aos 10 euros?
Pagos.
Sem reembolso, pois claro.
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