01 outubro 2006

Censura ou Razão

Vendo o “Eixo do Mal”, programa de expressão livre com tom de ironia e maldizer, que passa na SIC Noticias, e por abordarem o tema da proibição de desfilarem modelos excessivamente magras na Semana de Moda de Madrid, dei por mim a pensar, novamente – visto que este tema esteve na ordem do dia há semanas atrás – neste questão.
Não vejo esta decisão, por parte da organização desta semana de moda, como um acto de censura. Vejo-a, antes, como uma atitude corajosa, que assume aquilo que está à vista de todos: As modelos de hoje são excessivamente magras, e não reflectem o ideal de beleza feminino que vigora na sociedade, e mais, tal magreza atenta contra a saúde da modelo.
A questão da censura poder-se-á por se considerarmos que os estilistas devem ter total liberdade para escolherem que modelos/ mulheres e que corpos idealizam, para passarem as suas criações na passerelle. Poder-se-á por, também, pela parte da própria modelo/ mulher, que, se maior de idade, deve poder, enquanto pessoa e profissional, escolher que corpo quer ter/ manter.
Quanto à razão, constar no titulo, deve-se ao facto de se poder defender, com racionalidade, logo sem a sombra da censura, creio eu, que esta decisão tem fundamento, na medida em que, a grande maioria dos indivíduos, em especial do sexo masculino, não idealiza uma mulher com 40 ou 45 Kg,, (a não ser que esta tenha 1, 20 cm de altura), como um modelo de beleza, desejo e sensualidade. Não é isso que tentam as modelos representar?
Em segundo lugar, a questão da saúde da modelo/ mulher. Com os avanços, galopantes, da ciência e, consequentemente, da medicina, já conseguimos medir, prever e diagnosticar, hoje, muitíssimas mais patologias, do que há 5 ou 10 anos, atrás. Digo isto pois, na medicina, concretamente no que se refere á parte nutricional, já há indicadores relativos ao que se considera uma massa corporal saudável. Considero óbvio, que muna profissão em que se vende a imagem de uma mulher perfeita, bonita e bem delineada, se imponha como norma o respeito pelos valores, considerados pela medicina, como saudáveis e ideais para um corpo perfeito.

O facto das jovens modelos serem, quase todas, excessivamente magras, deve-se a vários factores. Posso enunciar em primeiro lugar, o facto dos anúncios em geral, e das revistas de moda, venderem a mulher ideal, a mulher sexy, a femme fatal, como uma mulher muito jovem e muito magra. Depois, há o factor das estrelas da música e TV, por exemplo, serem pessoas, normalmente, magras. Sabemos que muitas dessas figuras, muitos desses ídolos dos adolescentes, consomem drogas, e os seus corpos excessivamente magros reflectem esses consumos. Também não constitui novidade (foi até alvo de uma brilhante reportagem de um jornalista da BBC, infiltrado no mundo da moda), que uma grande percentagem das jovens que desfilam nas passerelles consome drogas, em particular heroína e cocaína. Fazem-no, não só por esta circular neste mundo com um grande á vontade, mas para, com o consumo das referidas drogas, ostentarem um corpo magro, esquelético, por vezes.
Outras há que, não recorrendo a drogas, e sentindo-se impotentes para emagrecerem tanto quanto idealizam, começam a desenvolver patologias do foro psiquiátrico que as levam a doenças, tais como, a anorexia, perdendo o controlo da realidade, da imagem do seu corpo, em busca de uma auto estima que teima em não chegar.
Poderia, também, defender porque apoio a decisão da organização da Semana de Moda de Madrid, dizendo que testes físicos ou pré requisitos já se fazem no mundo da moda, em relação á altura das modelos, por exemplo.

O combate da imagem da mulher magra, como a única capaz de seduzir, de ser feliz, de ser respeitada e vencedora, é o começo de uma viragem a favor da beleza e da saúde, em suma, de uma sociedade mais feliz e descomplexada.

P.S.- Não falo aqui da idade das modelos, que considero muito baixas (já se começam a fazer modelos com 12 anos) , pois alargar-me-ia muito na escrita.

3 comentários:

Rui Rebelo Gamboa disse...

Eh pá, apoiado!! Não sabia dessa decisão, mas, quer dizer, estamos a chegar a um estado em que elas não são mais do que esqueletos ambulantes e feias (pronto isso só sou eu a dizer a minha opinião)

Tocaste os pontos fulcrais todos: a anorexia, as droas, a imagem que passam para as jovens e não só, etc.

Eu acrescentaria - no espirito do Eixo do Mal - que quem escolhe as modelos são os designers (como aliás disseste) e esses são, na sua maioria homossexuais assumidos (como diz Seinfeld: "não que haja nenhum problema com isso"), mas o ideal de beleza de mulher para eles, é concerteza diferente de heterossexuais. Para mim, uma mulher bonita e apelativa não é nada daquilo.

Já agora, quanto ao Eixo do Mal: eu pensava que estva sózinho nesta opinião, mas os tipos são enervantes. Eu respeito e admiro o trbalho do Nuno Artur Ailva, mas a presunção de uma superioridade moral, intelectual, etc. que tipos como Daniel Oliveira, o magrinho e a Clara mostram, já é enjoativo. Eu já falei disto aqui no blog: há, em certos circulos intelectuais na europa, principalmente à esquerda, uma sensação de superioridade moral, um elitismo, que não tem razão de ser, que existe apenas porque não têm que governar de facto, porque se tivesses, desciam dos pedestais e viam que a REALIDADE é dura e o seu falso idealismo, só engana.

Pedro Lopes disse...

Ó Rui, viste o eixo do mal ou aquela dos "designers serem todos homossexuais, foi tua?

è que houve lá um tipo que disse isso mesmo, com aquele ar d que falas.

Pedro Lopes disse...

Estamops de acordo quanto ao que é uma "bela fema". Os designers, os que são homossexuais, querem é dar cabo das mulheres. Pode ser que assim, depois de desfiguradas pela magreza e sem aquelas formas apelativas, conquistem mais uns meninos para os seus bacanais. ;) :) :)