31 outubro 2006

Isto é o PCP

"No espaço de uma semana, o PCP assumiu três atitudes públicas em defesa da Coreia do Norte - num voto parlamentar, num comunicado do Comité Central e no jornal oficial comunista. Uma posição de que se demarcam militantes e ex-filiados no partido que continuam a reclamar-se do ideário marxista-leninista. Um deles, o sindicalista Mário Nogueira, contesta sem rodeios o regime de Pyongyang. "Merece-me bastantes reservas", disse ao DN este dirigente da Fenprof e ex-cabeça-de-lista do PCP pelo distrito de Coimbra. As críticas que faz à Coreia do Norte - alegando, no entanto, desconhecer as posições assumidas pelo grupo parlamentar e pelo Comité Central - são extensivas à política externa norte-americana, que também merece reservas a este dirigente sindical. Igualmente crítico em relação ao regime de Pyongyang é Fernando Vicente, um militante que participou na rede clandestina do PCP antes do 25 de Abril e foi preso pela PIDE. Este antigo membro do Comité Central, hoje sem cargos directivos no partido, considera que "a classe dirigente da Coreia do Norte não merece confiança" da comunidade internacional pela sua "obstrução das liberdades e da democracia". Fernando Vicente, dirigente do movimento cívico Não Apaguem a Memoria, também critica a política expansionista dos Estados Unidos, sublinhando os riscos da escalada nuclear na Ásia-Pacífico.Solidariedade do Comité CentralNa segunda-feira, o Comité Central exprimiu "solidariedade" ao líder comunista Kim Jong-il, "perante a escalada imperialista na Península da Coreia". Dois dias depois, a bancada parlamentar comunista foi a única a alinhar com Pyongyang, recusando apoiar um voto de protesto contra o teste nuclear efectuado na Coreia do Norte. E a edição desta semana do Avante! dedica uma página às teses oficiais daquele país, sob o título "Pyongyang quer a paz mas não teme a guerra" (ver caixa)."Acho grotesto", reage o sindicalista José Tavares, ex-membro do Comité Central comunista. Há três anos, uma entrevista do líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, ao DN admitindo que a Coreia do Norte era "uma democracia", deu origem a um coro de protestos no partido. " in Diário de Notícias
O PCP continua a viver num mundo à parte. Parece que não aprenderam nada com a História. É inadmíssivel que pessoas que viveram sob uma ditadura, não a consigam reconhecer num regime como o da Coreia do Norte. Por outro lado, há que saudar os militantes comunistas que se libertam das imposições da cúpula do PCP e 'pensam pelas suas próprias cabeças'.

6 comentários:

Claudio Almeida disse...

O PCP está a passar uma crise de valores e ideais. Se o partido Comunista não se adpatar aos novos dias, á globalização, ao capitalismo e ao progresso. Caso contrário levará á extinção do próprio partido.

Pedro Lopes disse...

Caro Claudio Almeida, sei que és Presidente da Juventude Social Democrata - JSD, por isso, gostaria de saber a tua opinião em relação ao meu post sobre " A importância da oposição".

Quanto ao PCP, é um partido gasto e desactualizado, onde a clivagem de ideias entre os seus membros vai crescendo. De um lado os puros e duros do partido (Comite Central) e do outro os mais liberais (se é que este termo se pode aplicar quando falamos do PCP)que vão acompanhando a inevitável evolução dos tempos.

Cumprimentos

Pedro Lopes disse...

Quanto á Coreia do Norte, como se pode defender o indefensável?
Como mostrar simpatia por um regime autoritário e desumano que, ainda por cima, desestabiliza o Mundo com testes nucleares que visam somente mostrar a sua força através da arrogância do "orgulhosamente sós"?

Enfim, é o PCP agarrado ao passado e subdito da China, (quase)único bastião do comunismo no planeta Terra.

Rui Rebelo Gamboa disse...

Caro PP,

Penso que a Coreia do Norte se está a defender, sem querer defender o indefensável, mas a culpa é dos EUA e da sua política externa: Kim Jong Il percebe que se não tiver poder nuclear vai ser o próximo Saddam Hussein, é a única forma de manter os americanos fora.

Esta é uma situação que se não for bem resolvida vai fazer com que o conflito recente no Líbano pareça uma brincadeira de crianças, como disse um importante think tank americano (falta-me agora o nome, é de uma universidade da costa leste)

Pedro Lopes disse...

Amigo Rui, claro que a Coreia do Norte se armou nuclearmente para que o seu pequeno pigmeu possa governar até morrer, como o seu "glorioso" pai.
No entanto até a China achou que o pequeno Jong Il, foi longe demais ao fazer um teste e querer fazer um segundo.
Mas, devo reconhecer que politicamente foi algo avassalador...pode ser essa a razão por que aguardavam o EUA. Com Saddam não precisaram de tanto.

Quando foi anunciado o eixo do mal, constituido pelo afeganistão, iraque e coreia do norte, foi essa última que mais me sobresaltou. E tu já disses-te, e bem, que a entrada no Líbano (que ainda está a dar que falar, com o ezbolha a tentar derrubar o actual regime para colocar um homem seu) vai parecer uma trivial guerrinha, distante para Europues e Americanos....com a Coreia, todos vamos sentir "algo"..........

Há mesmo razão para estarmos apreensivos

Pedro Lopes disse...

Grande falha a minha, no "eixo do mal", falta o Irão...e que grande problema....até pior que o pequeno pigmeu coreano.
Também já foi aqui debatido....mas há sempre novos desenvolvimentos...é só aguardar