19 novembro 2006

DOIS em UM

Não, não me refiro a "champô e amaciador num só", refiro-me a dois exemplos, que vou aqui postar, de como se Governa a nível Local e Regional, podendo, digo eu, ser estendido a nível Nacional e a várias àreas do poder público executivo.

1º - Faz manchete no Público deste Sábado a noticia de que a "Madeira faz contrato de 644 mil euros com empresa de deputados de PSD (Madeira)".

Ao ler a noticia fiquei a saber que a RAM - Região Autónoma da Madeira, adjudicou, por "concurso público", a promoção turística da Ilha junto do mercado Continental, a uma empresa propriedade de Jaime Ramos e do seu filho Jaime Filipe, ambos Deputados pelo PSD na ALR da Madeira.
O contrato é válido por dois anos, e vale 644 mil euros, para promover a Região através de publicidade em Revistas, Rádio e TV nacionais. Importa referir que este é o primeiro de uma série de investimentos que visam o mesmo objectivo (atrair turistas continentais), contando com um investimento de 5,5 milhões de euros para o triénio 2006-09, conforme sujestão da Deloitte&Touche como resultado de um estudo encomendado pelo Governo da RAM.
Este atentado à ética e moral, politica e social, ainda é possível nesta Região Autónoma, porque ali não quiseram aplicar o regiem que vigora no resto do país (RAA, inclusive), que impede que titulares de cargos públicos de realizarem negócios como Estado. Porque será?

P.S.- O Turista do continente já representa quase 30% dos que visitam a RAM, lê-se no mesmo artigo.

2º - A respeito da coligação PSD/ CDS-PP na Autarquia da Capital, tenho lido e ouvido que ruíu devido à escolha do nome para liderar uma Comissão que visa acompanhar o projecto de reestruturação da Baixa- Chiado. Este projecto, de muitos milhões de euros, e de uma importância e necessidade indiscutiveis para Lisboa, está a gerar arrufos partidários devido ao homem escolhido para Administrador da referida Comissão, que se diz ser "próximo" de Luís Filipe Menezes.
Esta escolha desagradou Marques Mendes que, de imediato, ordenou a Carmona Rodrigues a sugestão de outro nome. Quando Carmona "sugeriu" a Nogueira Pinto a escolha de outro nome, esta não aceitou, resultando deste "facto politico" a dissulução da coligação pós-eleitoral que liderava, com maioria, a maior Câmara Municipal do país.

Parece nunca ter estado em causa, neste "facto político", a competência e conhecimentos para o cargo a desempenhar da primeira escolha ou de outros nomes "propostos", talvez a prioridade nem seja o melhor para a cidade de Lisboa mas sim as lealdades partidárias e intra-partidárias.

* Estes são só dois casos - que fazem a actualidade nacional - da forma despudorada e sem a preocupação de servir, com dignidade e altruísmo, a causa pública, dos intervenientes supra citados..................e de tantos outros, aqui tão perto.

Reina a Lei dos amigalhões e das Lealdades partidárias, não o brio e as competências.

Tudo isto é triste, tudo isto é fado............e é caso para dizer, tudo isto se passa em Portugal.

3 comentários:

Anónimo disse...

Tanto caciquismo...tanto despudor...tanta falta de respeito e educação...tanto compadrio...tanto gasto de dinheiro público...

Rui Rebelo Gamboa disse...

Quanto ao 1º caso, penso ser evidente ser uma 'caça' às verbas comunitárias. Como se sabe o orçamento 2007/2013 já está aprovado, estando agora em discussão onde investir/gastar esse dinheiro, por isso não será de espantar surgirem por agora, e nos últimos meses, vários projectos para ter acesso às verbas europeias. O melhor para isso é estar do lado do presidente jardim, será caso para o sr. ramos dizer que 'já cá canta'. Outro dado que me parece relevante neste 1º caso é a empresa que sugere o valor a investir, as ligações dessas empresas e outras aos governos e a empresas privadas e públicas deve ser objecto de investigação. Mas isso levar-nos-ia a outra área que é a falta de meios que a justiça tem para combater esse 'actos'. O alto crime financeiro e as 'fugas' à lei, que essas empresas são experts, é, hoje, um problema grave.

Devo dizer que o 2º caso só é not´ticia porque dissolve a maioria da CML, porque as 'lealdades partidárias' são uma realidade nas mais variadas áreas da administração pública. Só mostra como a liderança do Marques Mendes é muito frágil.

Rui Rebelo Gamboa disse...

Devo acrescentar que Carmona nunca pareceu ser um político muito correcto, desde os incidentes com Carrilho nas eleições. Talvez o melhor para Lisboa será eleições antecipadas, porque têm um orçamento para aprovar agora em Dezembro e sem maioria não será fácil. Não nos podemos, também, esquecer das divisões dentro do PS na CML, rapidamente um dos lados dá apoio a Carmona em troco de 'qualquer coisa', não me parece, no entanto, que possa ser o lado do Carrilho, seria o cúmulo, agora se for o lado do Gaioso.