12 março 2007

Apoios à NBP/TVI

Vinha eu, de carro, a ouvir as notícias regionais na Antena 1, quando ouço algo que, sinceramente, não estava à espera.

Então é assim: o Governo Regional dos Açores decidiu dar um apoio de 500 mil euros à privada NBP, para a produção da telenovela “Ilha dos Amores”, que passará na TVI. Além disso, há um outro apoio, dado pela SATA; são 600 passagens aéreas, entre Ponta Delgada e Lisboa, num valor de, cerca de, 150 mil euros. Tudo junto são, cerca de, “650 mil euros que, de uma forma directa, ou indirecta, saem dos cofres da Região”.*

A verdade é que as telenovelas da TVI têm um larguíssimo público garantido, em todo o país e esta é, sem dúvida, uma forma de mostrar as nossas riquezas.
Por outro lado, este é o maior apoio dado pela Região a uma produção cultural. Nem mesmo a RTP-Açores, que é o canal público regional de televisão, teve alguma vez um tal apoio.

*do noticiário da Antena 1 – Açores, de 12/03/07

10 comentários:

Pedro Lopes disse...

Pois é meu caro, esta noticia tem tido eco em vários Bloges, e creio que há razão para esta indignação geral.

É preciso ter em conta, antes de mais, que esta telenovela vai ser vista por muitos milhões (de portugueses) e que estes vão ter a possibilidade de vislumbrar, pela tv, algumas das nossas belas paisagens naturais.

Será que isto, por si só, impelirá alguns milhares a viagarem até cá, para ver in loco, o que viram via tv?
Creio que sim.

Depois temos de ver que, segundo sei, a NBP decidui fazer esta novela nos Açores por sua iniciativa, sabendo que a "marca Açores" é, soziha, garante de despertar algum interesse no público.

No final, está o interesse dos Açores, representado pelo Governo Reginal, em passar uma boa imagem das nossas Ilhas, contribuindo, na medida das suas possibilidades e responsabilidades, para que aquilo que é mostrado no ecrã, possa motivar, quem vê a novela, a vir sentir ao vivo aquilo que tanto lhe deslumbrou ao longo dos episódios. (para isso é preciso dar algo)

Logo, sendo uma produção privada, que não foi encomendada nem contratualizada com o Governo Regional (penso eu), não percebo o porquê de um subsidio desta ordem?

Apoiar com 600 passagens aéreas já é mais que bom, é óptimo.
É um apoio, ainda, aceitável tendo em conta os preços exorbitantes das mesmas.

Agora os 500 mil euros, parecem-me deveras exagerado.
A ser concedido, que fosse para a RTP Açores, para financiar uma produção regional.

Enfim, ficamos todos a assitir...

Anónimo disse...

Indigna-me a facilidade com que a SATA oferece essas 600 passagens.
Pena é regalias como essas não serem oferecidas a estudantes e a residentes.
No meu caso, antes de vir para Ponta Delgada estudar aderi ao clube SATA, na esperança de aduirir alguns pontos para uma possivel viagem sem custos, nas minhas deslocações à Horta.
A cada viagem que efectuo entre a Horta e Ponta Delgada acumulo 169 pontos. Para conseguir uma viagem sem custos tenho de possuir 3950 pontos. Fazendo as contas tenho de fazer à volta de 23 viagens.
Como tenho efectuado uma média de 6 voos por ano, necessito de 4 anos para conseguir a tal viagem "de borla". Isto para não falar do preço que se paga por elas mesmo com o desconto de estudante.
Peço desculpa por talvez me ter desviado um pouco do assunto, mas penso que é um facto interessante.

Anónimo disse...

Se a SATA entra com 600 passagens entre Lx e Pdl, isso não deve corresponder a 150 000 euros.
Seria assim se fossem passagens para residentes. Mas o pessoal envolvido na produção em causa não é residente nos Açores e nem sequer deve usar a tarifa mais baixa de não residente.
Partindo do princípio que não utilizam a classe executiva, uma passagem dessas pode custar qualquer coisa como 370 euros, o que dará um total de mais de 220 000 euros.

Rui Rebelo Gamboa disse...

PP, sinceramente achas que virão alguns milhares de visitantes aos Açores devido a esta novela? Milhares? Eu espero que sim, mas temo que não. Porque o grosso da população portuguesa não anda a muito bem de vida. É evidente que se deverá registar um aumento de turistas continetais devido à novela, mas não milhares.

Diogo, o teu testemunho é da maior importância. Uma vez que o caminho para o desenvolvimento económico do país (e da região) é através do investimento na educação, como Sócrates reconheceu recentemente, é perfeitamente legitimo essa tua indignação, perante este caso.

Ana Rita, esta foi a informação que ouvi na RDP- Açores, confesso que não fiz as contas. No entanto penso que a RDP-Açores fez as contas o mais por baixo possível.

Pedro Lopes disse...

Cara Ana Rita, agradeço a sua visita e a actualização dos valores, que demonstram que os números são, ainda, maiores.

Meu caro "colega de lavandaria", 2050 pessoas já são milhares. ;)

Mas o essencial, é que até percebo um apoio, por parte do GRA ou de Câmaras Municipais, de ordem logistica e de facilitação de meios e de acesso a alguns locais, agora um apoio de na ordem dos 700 mileuros, parece-me um claro exagero.

Eu ainda tolerava o apoio de algumas passagens, mas 300 bastariam, seguramente.

Mas, o que me apraz acrescentar, é que eu não sou a favor de apoios desta natureza para fins de promoção turistica.

Há outras formas de o fazer, mais eficazes e que atingem publicos alvo mais condizentes com o nosso, desejado, "turismo de qualidade", ao invés do de massas.

Mas, para contentar os "noveleiros" da TVI, temos de dar algo em troca, mas, se já as passagens são questionáveis, o que dizer de mais 100.000 contos em cima.!!

Vamos todos ver a novela, para depois voltar ao debate....pois o subsidio, já está na conta da NBP!

Rui Rebelo Gamboa disse...

Já se sabe que, à conta desta novela, vêem visitar os Açores 2050 turistas do continente???

Pedro Lopes disse...

Caro Rui, ter-me-ei explicado mal, ou vossemecê entendeu o essencial?

Abraço :)

Rui Rebelo Gamboa disse...

Admito que não entendi.

Pedro Lopes disse...

Carissimo colega, não sei fazer melhor.

Para outros pontos de vista sobre esta questão - pois aqui só encontro unanimismo - sugiro que visites o "um blog tipo assim".

Abraço

Pedro Lopes disse...

Meu caro amigo, Rui,

creio que depois da nossa conversa (fora da Blogosfera), terás percebido que o "2050" era um número lançado ao acaso e em tom de ironia.

Quanto ao resto, tá tudo dito.

Abraço