Muitos dos meus posts, são despoletados por noticias a que assisto nos Telejornais, pois estes espaços condensam uma enormidade de temas e acontecimentos, sobre os quais, por vezes, reflicto mais tarde.
O post de hoje é um destes casos , pois a TVI (estação que prima pela “noticia espectáculo” – facto que não me agrada particularmente) passou hoje, no seu Jornal das 8h, uma noticia que dava conta da indignação de uma associação, que dá pelo nome de “Plataforma Contra a Xenofobia”, pelo facto de uma Câmara Municipal (não me recordo qual) estar a promover cursos de aprendizagem para famílias de etnia cigana que vão ser (re)alojadas em novas casas (de habitação social), pois viviam em barracas num descampado.
A noticia não me causaria estranheza, caso fosse invertida, ou seja, se a dita Plataforma se insurgisse contra o facto de famílias que sempre viveram em barracas, serem realojadas em casas (espaço desconhecido) sem a explicação de algumas regras sobre a utilização, conveniente, de todos os espaços e equipamentos existentes.
Um membro da dita Plataforma dizia indignado: “ Eles não são porcos, são seres humanos.”
Parece-me uma leitura despropositada, para não dizer errónea, querer passar a ideia de que os promotores destas acções de formação (Vereadora para a Acção Social da CM), - de carácter educativo, e de sensibilização para alguns aspectos e cuidados a ter em conta quando passamos a habitar um espaço desconhecido - olham para os seus destinatários como “seres”, mas da classe dos suínos!?!!?
Quem disse que são porcos? Ninguém nasce “aprendido”; e se não for ensinado, como aprenderá?
A indignação do dito sujeito, parece-me antiquada e vazia de uma leitura sociológica, logo sem um suporte que sustente a sua leitura. O que posso afirmar, enquanto interessado nestas áreas, é que já há muito tempo os interventores sociais comprovaram, no campo e com a prática, que a educação e capacitação deste tipo de populações é imprescindível para que possam usar as suas habitações de modo adequado, respeitando os espaços comuns e as regras de boa convivência com a vizinhança.
E, a propósito, também está comprovado que a politica dos Bairros Sociais, em que se juntam em grandes apartamentos e num mesmo espaço, pessoas de vários locais, mas de igual origem social, normalmente os mais pobres e menos letrados, não é boa solução. Estes, carregam as suas histórias de vida e os seus vícios e virtudes, dando lugar a uma amalgama de personalidades que provocam tensões, e que, por vezes, explodem, pois algumas destas pessoas têm um baixo limiar de resistência à frustração, partindo para o insulto ou agressão com maior facilidade. Não sou eu quem o diz, é assim.
A aposta tem de ser mesmo na educação, de modo a quebrar o ciclo de reprodução de (maus) comportamentos, promovendo uma educação que começa dentro de portas e se transporta para a rua, na convivência quotidiana com os demais.
Será que agora chamam “xenofobia” à educação?
3 comentários:
É uma reacção tipica de uma certa franja (digo eu) da sociedade. Fala-se tanto na educação como o caminho a seguir (ainda no teu ultimo post) falava disso e quando se faz alguma coisa, caio Carmo e a Trindade. Não vi essa notícia, mas o problema está no termo 'cigano', para quem protestou, e na verdade o problema não está se são ciganos, ou outra coisa qualquer. O problema está como dizes, no facto, de essas pessoas, em particular, que vão ser realojadas, não estarem preparadas para a convivência e vivªencia num espaço novo.
É um protesto de alguém que está sem contacto com a realidade (eu também não o estava, mas agora já conheço melhor o problema, porque tu mo mostraste) e que aproveita agora esta 'onda' que se criou com o cartaz do PNR, para lançar essas campanhas.
Extremismos, meu caro.
Deve ser, deve, meu caro.
Bem ou mal, falem de mim; deve ser o que esta "Plataforma" pretende.
Não os ouvi comentarem o cartaz a que te referes (PNR).....acordaram tarde...e estremunhados!!
Não sei se falaram do PNR, mas parece evidente que está ligado. Quero dizer, se não tivesse acontecido a questão PNR, penso que não se tinham insurgido.
Talves esteja enganado, mas parece que uma vez que os PNR falam das minorias, estes sentem que as devem 'defender', mesmo sem o estarem a fazer.
Esse episódio enjoa a burrice, por parte desses tipos...
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