Foi com surpresa e, porque não dizê-lo, choque, que conheci, através da SIC Noticias, um novo reallety show, que decorrerá na Holanda, designado, "O Grande Dador".
O que nos propõem é, acompanharmos uma doente terminal (supostamente uma mulher de 37 anos com um tumor cerebral - permaneçe no anonimato), que, ainda em vida, escolherá de entre três concorrentes – doentes renais, que se encontram em lista de espera (oficial) para receberem um novo rim, indispensável para que possam viver –, qual o que vai ser “brindado” com um dos seus rins.
Se outros programas desta “estirpe”, já me causavam alguma estranheza no interesse que podiam despertar nos telespectadores, confesso que este é daqueles programas que eu pagava para não assistir.
Há tudo do mais nobre, na dação (é agora assim designada a “doação” de um órgão) de um órgão. É um acto, ao alcance de todos nós, que, efectivamente, salva vidas.
(Infelizmente faltam é meios técnicos e humanos que possibilitem mais recolhas de órgãos e, consequentemente, mais transplantes).
Não me vou aqui alongar nas razões que me fazem repudiar veementemente este programa, mas aquela que me causa mais arrepio, é o facto de antes deste programa começar, já existirem dois perdedores á partida.
Neste caso a derrota é, seguramente, devastadora.
5 comentários:
Eu também vi isso. Pareceu-me uma história digna daqueles filmes de lista B, que existiam, infelizmente neste caso trata-se da realidade.
A pergunta que se impõe: Que limite? E a ética, onde fica?
Não há limites para ganhar dinheiro. Quando se pensa que não se pode chegar mais fundo, eis que surge algo que mostra que estamos enganados. O que virá a seguir? Um reality show em Darfur? Ou fechar 10 toxicodependentes em recuperação numa casa cheia de drogas, e ver quem "ganha"? Bem, o melhor será não dar ideias, senão fazem mesmo...
... a verdade é que a questão da dação de órgãos precisa de toda a publicidade que arranjar. E isso trará publicidade, como alguém disse: não há boa ou má publicidade, há publicidade.
Não se entenda com isso, que estou de alguma forma a favor, ou a arranjar desculpas para essa enormidade, como disse acima, acho que este 'episódio' marca um novo baixo para a reality tv, que precisa de ser pensada, senão corre-se o risco de haver coisas piores. Estou apenas a mostrar outro lado...
Pois é, meu caro, esse reality show explora, de uma forma mórbida e vergonhosa, o desespero de uma pessoa que necessita de um órgão para poder viver.
A ètica, neste caso, fica a léguas de distância. Aqui, só conta o dinheiro e a publicidade.
Os tábus que vão caindo, a um ritmo assustador, nas sociedades modernas, contribuem para um crescente aproveitamento, por parte de empresas, de uma exploração e exposição, de temas polémicos e de fractura.
Aos exemplos que apresentas (que demonstram bem o nivel de perversidade a que podem chegar, por dinheiro, certas empresas) poderia acrescentar mais um, mas perfiro não o fazer, pelas mesmas razões que apresentas; não quero dar ideias, que embora me pareçam inconcretizáveis, alguém, á semelhança da Endemol, pode tentar copiá-las.....!
Bem, parece que afinal - e ainda bem -, tudo não passou daquilo que o Rui fala num comentário mais acima: "não há boa ou má publicidade, há publicidade."
, e a justificação dada pela produtora do programa e pelo canal de Tv que ía passar o programa, foi exactamente essa; " alertar para este problema", o da fala de órgãos disponíveis para transplantes, face ao elevado número de pessoas que deles necessita para viver.
A mim cheira-me a desistência, tendo em conta o alarido público e a indignação de vários sectores.
Melhor assim.
Eu ouvi alguém dizer na TV que, agora que já tinham a publicidade que queriam, os promotores desse programa, podiam dele desistir. Cheira-me que seguiram o conselho.!
Devia ter começado o comentário supra, dizendo que o canal que ía passar o programa "O grande Dador", veio agora dizer que nunca teve intensão de levar avante este programa, querendo só alertar para este problema.
Embora se subentenda......
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