"O Paraíso e o Poder; A América e a Europa na Nova Ordem Mundial" é um pequeno livro, com 110 páginas, de Robert Kagan. No começo do livro, Kagan afirma que está na altura de se parar de fazer de conta que americanos e europeus partilham uma mesma visão do mundo, prosseguindo para uma frase que já tem o seu lugar de destaque entre os estudos das relações transatlânticas: “os americanos são de Marte e os europeus são de Vénus”. No fundo, Kagan acredita que há grandes diferenças entre americanos e europeus, desde logo em termos de poder e ideologia. Para o autor, o avanço abissal que os EUA têm em termos militares e tecnológicos leva, através da “psicologia de poder e fraqueza”, a que os americanos sejam mais propensos a usar a força para atingir os seus objectivos, do que os europeus. Em termos ideológicos, a diferença reside no facto dos europeus terem desenvolvido um conjunto de ideais e princípios relativos à utilidade e moralidade do poder, diferentes daqueles dos americanos; os europeus rejeitaram conscientemente a machtpolitik do seu passado e, bem assim, a fórmula maquiavélica.
A metáfora que Kagan utiliza é a do mundo anárquico hobbesiano dos americanos da power politics e o mundo de paraíso pós-histórico kantiano em que os europeus estão entrando. Kagan acaba por concluir que, apesar das diferenças entre europeus e americanos, ainda existe um “Ocidente” que partilha uma visão da humanidade. Para além disso, Kagan concorda com a premissa principal da teoria do “Fim da História” de Francis Fukuyama, que diz que a velha questão sobre qual a melhor forma da humanidade se governar, está resolvida a favor do ideal liberal Ocidental. O livro acaba com Kagan a recomendar aos europeus que aceitem e apoiem, de bom-grado, a posição de líder dos EUA no mundo, como um preço pequeno a pagar pelo manutenção do seu pequeno e pacífico paraíso. Mas também diz que os americanos devem mostrar mais “generosidade de espirito” e “mais compreensão pelas sensibilidades dos outros”. Desta forma, a política externa norte-americana poderá respeitar o multilateralismo e o Direito. Estes pequenos passos não irão, segundo Kagan, acabar com a divisão entre os EUA e a Europa, mas podem a minimizar.
Será sempre muito difícil para qualquer não-americano concordar com as posições de Robert Kagan, no entanto há que reconhecer que os seus argumentos são sempre muito bem sustentados.
A metáfora que Kagan utiliza é a do mundo anárquico hobbesiano dos americanos da power politics e o mundo de paraíso pós-histórico kantiano em que os europeus estão entrando. Kagan acaba por concluir que, apesar das diferenças entre europeus e americanos, ainda existe um “Ocidente” que partilha uma visão da humanidade. Para além disso, Kagan concorda com a premissa principal da teoria do “Fim da História” de Francis Fukuyama, que diz que a velha questão sobre qual a melhor forma da humanidade se governar, está resolvida a favor do ideal liberal Ocidental. O livro acaba com Kagan a recomendar aos europeus que aceitem e apoiem, de bom-grado, a posição de líder dos EUA no mundo, como um preço pequeno a pagar pelo manutenção do seu pequeno e pacífico paraíso. Mas também diz que os americanos devem mostrar mais “generosidade de espirito” e “mais compreensão pelas sensibilidades dos outros”. Desta forma, a política externa norte-americana poderá respeitar o multilateralismo e o Direito. Estes pequenos passos não irão, segundo Kagan, acabar com a divisão entre os EUA e a Europa, mas podem a minimizar.
Será sempre muito difícil para qualquer não-americano concordar com as posições de Robert Kagan, no entanto há que reconhecer que os seus argumentos são sempre muito bem sustentados.
3 comentários:
o livro de facto é muito bom; espero que o rui agora comece a pressentir da impossibilidade de uma pesd ;D
Meu caro, boa explanação.
Parece que a Europa permanece na sua cómoda moralidade Kantiana, enquanto os EUA mantêm a Ordem Mundial através da sua "power politics".
Tudo está bem quando acaba bem.
A Europa serve, nas relações internacioanis, como amenizador da tendência bélica dos EUA, daí estes dois aliados serem essenciais á "Nova Ordem Mundial"; um dá a cabeça, o outro os músculos.!!
Os Europeus estão cansados de guerras, levaram milhares de anos em disputas fronteiriças, que deixaram muita morte e destruição, daí sermos, agora, mais pacifícos, mais pelo diálogo.
Já os EUA, com fronteiras bem definidas, tendem, pelo seu potencial bélico e tecnológico, a serem os policias do Mundo, os guardiões da Ordem mundial, e levam além fronteiras a sua máquina militar, que não pode parar.
Querem definir, até, o Direito Internacional, ou, não podendo, escusam-se a respeitar esse Direito, escudando-se nos seus próprios Direitos, sempre mais permeáveis.
A tendência tende a manter-se.
Kagan diz que muitos europeus acreditam que têm uma nova visão para partilharem com o mundo, que se baseia não no poder, mas na transcedência do poder. O próprio Romano Prodi dizia que a Europa tem que ter um papel fulcral na governação do mundo, através da sua própria experiência servindo de modelo para outras regiões e afirmava mesmo que na Europa a força do Direito tinha substituído a força do poder, e que o sucesso da integração poderia mostrar ao mundo que é possível criar um método que leva a paz.
Eu acredito que a experiência que os europeus alcançaram durante tantos séculos e mesmo só no século XX pode servir de exmplo para outras regiões (aliás, já serviu), mas não podemos depender da benevolência, ou melhor da vontade dos EUA em manter a sua hegemonia na Europa. Para responder à pequena provocação do jacobino, acredito que, apesar de tudo, o sucesso económico europeu tem que ser acompanhado de uma política de defesa consistente, em caso de se caminhar para um modelo de maior intergração, porque o mundo não acaba nos Urais, ou no Mediterrâneo. A discussão, parece-me, deve centrar-se na questão se queremos, ou não aprofundar a integração.
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