Robert Cooper, que era o principal conselheiro de Tony Blair para a Política Externa, desenhou um quadro, em 2002, das Relações entre a Europa e o resto do Mundo, muito sugestivo.
Cooper afirma que, fora da Europa, há dois tipos de Estado: os pré-modernos, que são geralmente ex-colónias, e que vivem num mundo hobbesiano, de todos contra todos, como por exemplo a Somália. Depois, há os Estados modernos, como a Índia, China ou o Paquistão, que se comportam da forma como os Estados sempre se comportaram, ou seja tendo por base o interesse, o poder e a raison d’etat.
A Europa, para Cooper, vive num sistema pós-moderno, o tal paraíso que Kagan fala. Mas Cooper adverte que o mundo pós-moderno tem que começar a habituar-se à ideia de “critério duplo”. Entre nós, europeus, operamos com base nas leis e na “segurança cooperativa aberta”. Mas quando tratamos com o mundo fora da Europa, precisamos de retroceder aos métodos mais duros de uma era anterior: “força, ataque cautelar, engano, tudo o que for necessário”. E a proposta de Cooper é a seguinte: “entre nós, obedecemos à lei, mas quando estamos a operar na selva, temos também de usar as leis da selva”. Cooper acha que o longo período de paz que a Europa vive, contribui para negligenciar as suas defesas, físicas e psicológicas.
Parece evidente que Cooper defende um maior investimento europeu em políticas de Defesa.
Cooper afirma que, fora da Europa, há dois tipos de Estado: os pré-modernos, que são geralmente ex-colónias, e que vivem num mundo hobbesiano, de todos contra todos, como por exemplo a Somália. Depois, há os Estados modernos, como a Índia, China ou o Paquistão, que se comportam da forma como os Estados sempre se comportaram, ou seja tendo por base o interesse, o poder e a raison d’etat.
A Europa, para Cooper, vive num sistema pós-moderno, o tal paraíso que Kagan fala. Mas Cooper adverte que o mundo pós-moderno tem que começar a habituar-se à ideia de “critério duplo”. Entre nós, europeus, operamos com base nas leis e na “segurança cooperativa aberta”. Mas quando tratamos com o mundo fora da Europa, precisamos de retroceder aos métodos mais duros de uma era anterior: “força, ataque cautelar, engano, tudo o que for necessário”. E a proposta de Cooper é a seguinte: “entre nós, obedecemos à lei, mas quando estamos a operar na selva, temos também de usar as leis da selva”. Cooper acha que o longo período de paz que a Europa vive, contribui para negligenciar as suas defesas, físicas e psicológicas.
Parece evidente que Cooper defende um maior investimento europeu em políticas de Defesa.
10 comentários:
com as devidas ressalvas,... não parece aquele velho agreément europeu, por altura das colonizações, de que dentro da europa somos todos amigos e cavalheiros, mas fora dela até vale arrancar cabelos?
ainda bem que falas nisso, jacobino. Eu aconselho a leitura desse artigo na íntegra, porque depois Cooper diz que é preciso uma nova forma de colonialismo, ou melhor imperialismo.
"The most logical way to deal with chaos, and the one employed most often in the past, is colonisation." sendo que o caos são esses Estados e prossegue "But this is unacceptable to postmodern states." Por isso é precisa uma nova forma de imperialismo, compativel com direitos humanos e valores cosmopolitas, um imperialismo que deseja levar ordem e organização, mas se esses países se voluntariarem. Depois há o imperialismo para a vizinhança (desculpa a pobre tradução), para áreas como o Kosovo, com o protectorado da ONU. Isso para garantir estabilidade na vizinhança, acima de tudo. Até o alargamento da UE pode ser visto como um novo imperialismo voluntário.
Penso que a Europa pode exportar algumas coisas no campo da organização entre Estados, que leva ao fim desejado que é a paz.
Mas tal como Kagan ressalvou, a Europa só conseguiu atingir esse paraíso pós-moderno, com a protecção dos EUA. Que permitiu que desde o fima da IIWW, a Europa tenha baixos orçamentos com defesa, para poder gastar em políticas sociais e e de consolidação económica, que levaram à paz. Não achas?
a "liberalite" (doença que se manifesta pela vontade quase patológica de levar valores tidos como nobres aos outros) do Cooper tem perna curta porque só funciona num Estado falhado onde nenhum grande tenha interesse. Por exemplo, agora no Myanmar, ninguém "mexe" até a China e a Rússia deixarem..e também me parece um pouco uma espécie de síndrome de kipling, com aquela coisa do fardo do homem branco; defende uma contínua ingerência política e cultural como auxílio aos países em vias de desenvolvimento, em vez desse auxílio incidir na construção desses mesmos países.
Pelo menos eu acho :)
Cumprimentos
india, china e paquistão estados modernos?
SB, modernos no sentido do século XIX e em termos do comportamento que os Estados (europeus, por ex.) tinham uns com os outros nesse século. A Europa, por ex, já é considerada pós-moderna...
jacobino, acho que não tem nada a ver com o homem branco, tem a ver com a prova dada que na Europa atingiu-se uma fase (à custa de muito derramamento de sangue), onde os Estados respeitam as leis e não vivem a olhar sempre por cima do ombro para ver o que o vizinho anda a fazer. E isso conseguiu-se, tb, à custa do processo de integração.
Por outro lado, voltamos sempre à questão do investimento na defesa, porque, como alguém disse e bem, a Europa é um gigante económico, mas um anão político, por isso o exemplo de Myanmar e a Europa não poder fazer absolutamente nada, a não ser ver. Para se poder ter influência no mundo, é preciso ainda, ter capacidade de defesa.
Novamente em relação àquilo que chamas o "síndrome de kipling", a diferença, agora, é que esses valores só são levados a outros países se eles assim o desejarem, o tal "imperialismo voluntário", portanto não é imposto e isso, na minha opinião, faz toda a diferença.
Estou com Cooper desde que se entenda por políticas de defesa europeias não ficar à espera de eventuais ataques, mas sim a execução de acções cirurgicas que permitam a obtenção de uma duradoira paz.
Quanto ao longo período de paz vivido na Europa não será bem assim, a não ser que 7 anos após o Kosovo seja um grande período.
O problema do Kosovo é outra coisa, porque o que se está a falar aqui é do sucesso que a UE trouxe, em termos de paz. Ou seja, o processo de integração europeia teve o sucesso de acabar com a intermináveis guerras entre as principais potências europeias, que depois integraram a UE.
Já agora, a questão dos Balcãs é muito interessante, para se perceber que é mesmo necessário à UE investir em defesa. Porque quem "resolveu" essa questão foram os EUA, através da NATO, é certo, mas quem mais contribui para o poderio militar da NATO são os EUA e não a Europa. E esse poderia ter sido um problema muito grave, para toda a Europa, a guerra nos Balcãs poderia muito bem ter-se alastrado a outras partes da Europa, isso não aconteceu devido aos EUA.
Kagon já dizia "os Europeus são de Vénus e os Americanos de Marte".
Está a decorrer uma reunião dos ministros da defesa da UE para tratar o assunto do Kosovo e não só, mas também para analisar o caso do Afeganistão e do Chade com os refugiados do Darfur.
Os Balcãs é um caso complicado, é difícil encontrar motivações económicas por detrás dos trágicos conflitos religiosos e étnicos na Bósnia e no Kosovo.
Após cerca de 50 anos do final da II Grande Guerra, o conflito dos Balcãs demonstrava que os Europeus não tinham alcançado a paz perpétua, como se esperava. E de novo, vieram os americanos com a NATO em nosso auxílio. Aí precisamente, como dizes Rui, “a Europa é um gigante económico, mas um anão político” e não só, mas também em matéria de defesa e segurança fica muito aquém das expectativas.
A título de curiosidade, descobriu-se que três oficiais franceses eram espiões dos sérvios.
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