11 fevereiro 2008

Como Guarda, a Diocese de Angra, os seus Tesouros?

Muito mal.!

Isto, a avaliar pelo que vimos no Telejornal da RTP-A, numa reportagem que começou por dar conta da recuperação, por parte da PSP da Horta, de alguns sinos roubados em Igrejas e Ermidas da Ilha do Faial.

Primeiro, percebe-se que só o roubo do último sino é que foi alvo de queixa na PSP, pois a outra meia dúzia passou completamente despercebida. Estranho, não?

Que os paroquianos não tivessem dado conta do sumiço, ainda percebo. Agora o que estranho é que os párocos dessas localidades, responsáveis, não só por guardar o “seu rebanho”, mas também por zelar pelo bom estado do templo, bem como salvaguardar os respectivos espólios, não se apercebessem dos roubos.

Quem deu pela falta dos outros sinos foi – a avaliar pela reportagem – a PSP da Horta, no decorrer das suas investigações.

Mas, com o desenrolar da reportagem, dei-me conta que o alheamento da Igreja, digo, dos seus responsáveis locais, é ainda maior, pois a jornalista ao visitar uma das Igrejas destruídas pelo sismo de 1998, e donde também foram roubados um par de sinos, deparou-se com um contentor no seu exterior. Ao aproximar-se deste, e depois de afastar as ervas que o rodeavam, eis que se abre com enorme facilidade uma porta já arrombada. No seu interior uma amalgama de peças de arte sacra – desde um grande crucifixo, a outras figuras de Santos, passando por castiçais e outros objectos de prata, entre outras tantas e tão variadas peças do altar-mor –, dando a entender que foi ali guardado “provisoriamente” o que restou depois do sismo. O contentor estava de tal modo danificado que se via o céu do seu interior.

O que dizer?
Passaram quase 10 anos sobre o referido sismo, e continua num contentor, deixado ao abandono, tudo o que restou de uma Igreja destruída. Estará, ainda por lá, aquilo que os larápios ainda não quiseram levar, pois a Diocese dos Açores parece não se importa com os “restos” de um sismo, ainda que eles representem bem mais do que simples peças de arte.

Já que se diz tão pobre – a diocese de Angra –, e se mostra tão desinteressada pelo seu espólio, poderia aproveitar e vender algumas daquelas peças……..antes que os larápios, alertados pela reportagem da RTP-A, se façam donos do bem alheio.

2 comentários:

Rui Rebelo Gamboa disse...

Vi a peça em questão. Inacreditável, de facto, o contentor e quantidade de objectos que estavam lá dentro. Os ladrões ficaram a saber - se já não sabiam - do dito contentor, mas a RTP-A fez o que tinha a fazer.

Também é incrível como se consegue roubar dois sinos, um com 80k e outro com 50k, sem levantar suspeitas. É verdade que a Igreja em questão está abandonada, mas mesmo assim...

Agora, não sei o que a Diocese pode fazer. A venda dos objectos, para poder "salvar" os outros será uma solução, mas estou certo que isso precisa de autorizações e afins. A polícia é que poderá ter uma palavra a dizer, até para os recuperar, porque a ilha é pequena e para mover sinos desse tamanho não deverá ser fácil.

Anónimo disse...

Inacreditável. Fui aluno do Seminário de Ponta Delgada e Angra, colega do Pe. João António e Carlos Fernando (Bens Culturais) pelo que me deixou perplexo a atitude destes pastores. A mensagem cristã passa tb pela preservação da identidade cultural de um povo. Bem o saberá Carlos Fernando - Especializado em Roma na Área da Liturgia. Falar que é importante fazer... é falar para os outros enquanto se mantêm os pastores sentados à mercê das ditas Comissões Fabriqueiras. Aprendam um pouco com a necessidade de trabalhar pela Igreja.