14 setembro 2008

Pico, mais do que uma Montanha

Este mês de Agosto, estive de férias na Ilha do Pico. Nesta ilha, a par de excelentes momentos, experimento um sentimento de ilhéu que raramente aprecio em S. Miguel, pois as vizinhas ilhas do Faial e S. Jorge estão sempre ali ao lado, e só raramente se escondem entre a bruma, ao contrário de Santa Maria, que só se avista de quando em vez….ainda por cima com o peso do ditado que diz; “Santa Maria à vista, água na crista”.

Das minhas férias no Pico, destaco a visita à “Gruta das Torres” que mais não é do que uma cavidade vulcânica, mais propriamente um tubo lávico, o maior conhecido em Portugal. Devido à sua inacessibilidade encontrava-se ao abandono (até 2004), ou às sortes de uns quantos mais afoitos que lá desciam em busca de uma aventura (não é o caso "Dos Montanheiros", obviamente), mas que acabaram por deixar marcas que só o próximo século poderá camuflar.
O edifício de apoio, bem como a escadaria de acesso ao interior da gruta, e um primeiro troço da mesma, possibilitaram a abertura ao público de uma beleza natural ímpar e demonstrativa da nossa génese. A arquitectura está muito bem enquadrada na paisagem envolvente e o pormenor, no exterior, das pedras dispostas de modo disforme, conferem-lhe identidade e um toque de tímida modernidade.

Mas o destaque principal, vai para o “Museu Marítimo de Construção Naval” de Santo Amaro, porque nasceu da vontade e sonho de um homem, descendente de uma família de grandes mestres da carpintaria naval, que, com este gesto, pretendeu homenagear não só o sua herança familiar, mas também os tempos de glória da industria de construção naval de Santo Amaro. Tudo a expensas próprias, sem qualquer apoio público ou outro, e, ainda assim, com interesse suficiente para merecer uma paragem em Santo Amaro, e levar para casa um verdadeiro produto artesanal. Isto, porque o homem do leme mantém no mesmo espaço uma oficina de carpintaria onde constrói pequenas peças de arte, que não são mais do que réplicas de embarcações que fizeram história, ora cruzando os mares dos Açores, ligando as nossas ilhas e as nossas gentes, ora na caça à baleia ou na faina da pesca.

Tenho um fraco por coisas genuínas, pelas raízes do nosso povo.
A Ilha do Pico tem conhecido um forte desenvolvimento, fruto de vários investimentos públicos, mas também por força da iniciativa privada, que tem dado o seu contributo, preservando algum do património e criando pequenas empresas dedicadas, essencialmente, a serviços vocacionados para quem visita a Ilha.

2 comentários:

Fiat Lux disse...

Pedro

fico satisfeito que tenhas ficado...satisfeito com a visita ao Pico.
E já viste algumas coisas que eu, natural do Pico, ainda não vi!?
A gruta das torres, por exemplo.
É bom também ouvir de um micaelense aquilo que muitos outros não querem ver: em S.Miguel o sentimento de ilhéu enquanto parte integrante de um arquipélago é muito diferente.
Era disto que eu falava há tempos naquele meu post que gerou aqueles mal entendidos todos.
Cumprimentos.

Anónimo disse...

Caro "Fiat Lux",

a minha relação com o Pico vem de há muito tempo. Já passei nessa nossa ilha, excelentes momentos, por isso é sempre um prazer voltar e, ainda por cima, continuar a descobrir tamanhos encantos.

Não tive a oportunidade de acompanhar a "polémica" que o teu post despoletou.....talvez ainda estivesse na minha "sabática blogosférica". ;)
No entanto ficou claro (no meu post) que, também eu, me sinto mais parte integrante de um arquipélago, quando estou no grupo central, ou até no Ocidental.
O que, está claro, em nada diminuí a minha certeza, e orgulho, de ser Açoreano.

Melhores cumprimentos, caro Picaroto.