Lendo o artigo de Manuel Maria Carrilho, 'Questionando dogmas', no Açoriano Oriental, recordei a obra do sociólogo/demógrafo Emmanuel Todd. Tal como o filosofo português refere, Todd previu com alguma exactidão, nos anos 70, a decomposição da URSS, tendo por base o declínio da taxa de natalidade. Mais recentemente, em 2004, previu a actual crise financeira. Segundo Carrilho, no seu mais recente ensaio Todd defende “que hoje é o dispositivo do livre-câmbio que está à beira de estoirar, porque a livre circulação de bens reconduziu gradualmente o capitalismo à sua velha contradição entre a diminuição de salários e o aumento da produção”. A ter em conta e a ler…quando houver tradução para português, ou, pelo menos, inglês.
No entanto, quero abordar um outro ensaio de Todd que data de 2001, este sim traduzido para inglês com o título After the Empire, onde Todd prevê o colapso do Império norte-americano. Antes de mais, Todd indica que os EUA chegaram ao ponto de hyperpuissance por acidente e não resultado de qualquer estratégia. É, desde logo, uma afirmação audaz, que parece, porém, algo exagerada, porque se é verdade que a própria URSS poderá ser responsável por muitos do seu colapsos, com alguns erros, o certo é que os EUA, pelo menos, não caíram nalguns desses mesmos erros.
Todd defende que os verdadeiros EUA são demasiadamente fracos para enfrentar outros países que não “anões militares”, como Cuba, Coreia do Norte ou Iraque, sendo que as guerras que os EUA travam, não trazem riscos quase nenhuns, mas permitem que estejam presentes pelo mundo fora. Todd adianta também que o resto do mundo está a produzir para a América consumir e que a qualquer momento poderemos chegar à saturação onde a Europa, a Rússia, o Japão e partes do mundo islâmico decidirão unir esforços para acabar com esta situação. Nessa altura, segundo Todd, os EUA serão vítima dos seus próprios erros. Todd tenta cimentar ainda a sua tese fazendo uso da tendência para o abrandamento na natalidade e aumento da iliteracia nos EUA.
No fundo, Todd recorre a uma tese com mais de cem anos e que terá origem no geógrafo inglês Mackinder, tendo sido depois adoptada por Hausoffer e os Nazis. Esta tese tem por base o poder que uma Eurásia unida poderá deter no mundo. Uma tese geopolítica antiga, mas que terá ainda algum fundamento, apesar dos avanços tecnológicos. Por outro lado, Todd entra na velha questão das relações transatlânticas, uma vez que, mesmo perante os comportamentos unilaterais da administração Bush, a Europa nunca colocou em opção uma aliança com a Rússia, muito menos com países islâmicos.
As opiniões de Emmanuel Todd terão de ser sempre tidas em conta muito seriamente. Mesmo este ensaio poderá ainda vir a ser realidade, apesar de não parecer muito viável, ainda mais porque a eleição de Obama quererá dizer, ao que tudo indica, uma viragem na política externa norte-americana, mais baseada no poder do soft-power, em vez do militarismo exacerbado de Bush. No fundo, se não conhecêssemos a obra de Todd diríamos que é apenas mais um francês anti-americano, ainda mais enraivecido com a política Bush.
No entanto, quero abordar um outro ensaio de Todd que data de 2001, este sim traduzido para inglês com o título After the Empire, onde Todd prevê o colapso do Império norte-americano. Antes de mais, Todd indica que os EUA chegaram ao ponto de hyperpuissance por acidente e não resultado de qualquer estratégia. É, desde logo, uma afirmação audaz, que parece, porém, algo exagerada, porque se é verdade que a própria URSS poderá ser responsável por muitos do seu colapsos, com alguns erros, o certo é que os EUA, pelo menos, não caíram nalguns desses mesmos erros.
Todd defende que os verdadeiros EUA são demasiadamente fracos para enfrentar outros países que não “anões militares”, como Cuba, Coreia do Norte ou Iraque, sendo que as guerras que os EUA travam, não trazem riscos quase nenhuns, mas permitem que estejam presentes pelo mundo fora. Todd adianta também que o resto do mundo está a produzir para a América consumir e que a qualquer momento poderemos chegar à saturação onde a Europa, a Rússia, o Japão e partes do mundo islâmico decidirão unir esforços para acabar com esta situação. Nessa altura, segundo Todd, os EUA serão vítima dos seus próprios erros. Todd tenta cimentar ainda a sua tese fazendo uso da tendência para o abrandamento na natalidade e aumento da iliteracia nos EUA.
No fundo, Todd recorre a uma tese com mais de cem anos e que terá origem no geógrafo inglês Mackinder, tendo sido depois adoptada por Hausoffer e os Nazis. Esta tese tem por base o poder que uma Eurásia unida poderá deter no mundo. Uma tese geopolítica antiga, mas que terá ainda algum fundamento, apesar dos avanços tecnológicos. Por outro lado, Todd entra na velha questão das relações transatlânticas, uma vez que, mesmo perante os comportamentos unilaterais da administração Bush, a Europa nunca colocou em opção uma aliança com a Rússia, muito menos com países islâmicos.
As opiniões de Emmanuel Todd terão de ser sempre tidas em conta muito seriamente. Mesmo este ensaio poderá ainda vir a ser realidade, apesar de não parecer muito viável, ainda mais porque a eleição de Obama quererá dizer, ao que tudo indica, uma viragem na política externa norte-americana, mais baseada no poder do soft-power, em vez do militarismo exacerbado de Bush. No fundo, se não conhecêssemos a obra de Todd diríamos que é apenas mais um francês anti-americano, ainda mais enraivecido com a política Bush.
3 comentários:
conheço um gajo que era um génio, mas um dia fez uma previsão, e nunca mais se ouviu falar dele; as outras "profecias" de Todd eram corroboradas por grande parte da comunidade de demógrafos da época; parece-me é que o homem entrou numa ego trip e quer prever tudo...
Não conheço o trabalho dele de 2004 onde ele prevê a actual crise, mas demonstra que estava, pelo menos, atento. Mas ele, tal como muitos outros, não conseguiu, isso sim, prever os ciclos na política norte-americana. Agora que a mudança está feita (ao que parece) eu também consigo ver o ciclo a mudar. Mas eu também não sou nenhum ensaísta de renome como o Todd, ele é que deveria ter previsto essa mudança em 2001, no entanto deixou-se influenciar pelo unilateralismo/miltarismo do Bush.
Já agora, quem era esse gajo que era um génio?
a cena do "génio" é uma "piada" que contávamos na universidade, acerca de futurólogos; como era gente sem sentido de humor, isto fazia o maior sucesso ;)
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