Segundo Saes Furtado, em Caminhos Cruzados, O Processo Democrático e a Deriva Independentista dos Açores, separata da revista Atlântida, a partir de Março de 1975, José de Almeida está nos EUA a reunir apoios para a causa que defendia. A agitação nos EUA era feita pelo Comité Açoriano de 75, organização que integrava membros da FLA vindos dos Açores e emigrantes há muito naquele país. Para dar “perícia para outros voos”, passaram a confiar em estrangeiros como Jean Bletiére, Jean-Denis Raingeard e Rainer Daenhardt para “contactos internacionais para apoios à luta armada”. Bletiére era “miltante do OAS, organização de extrema-direita francesa nascida para combater a independência na Argélia, implicada em tentativas de assassinato do General DeGaulle e habituada a recrutar mercenários e a fornecer armamento a grupos da direita radical”.
“Recusado o apoio oficial dos EUA […] a FLA e os companheiros terroristas do OAS tentaram outras vias de apoio. […] Estabeleceram-se contactos com fornecedores de armas na Nicarágua e com a comunidade cubana em Miami. Mais tarde até com a Líbia e a Argélia. Eventualmente, alguns destes esforços deram frutos. Luís Franco […] garante que várias toneladas de armamento estiveram prontas para embarcar para o arquipélago. Mas como para comprar armas era preciso dinheiro, havia que obtê-lo primeiro. O custo de um campanha da FLA contra Lisboa, levada até às últimas consequências, poderia atingir os três milhões de dólares […] Foi para obter esse dinheiro que foi marcada uma reunião no Hotel Raphael em Paris, em Setembro de 1975. Jean Bletiére […] José de Almeida […] Carlos Peixoto, o principal dinamizador dos independentistas na ilha Terceira. Do lado dos potenciais financiadores estavam presentes Edwars Meadows e Victor Fediay, ambos com ligações a figuras da Máfia de Nova Iorque. Presentes estavam ainda sheiks árabes. O emigrante António Matos […] assegura «com certeza absoluta» que o negócio era mesmo para obter armas, mas acrescenta que «eles estavam a pedir muitos dos Açores». […] As condições apresentadas pelos potenciais financiadores, quase todas relacionadas com facilidades para investimentos em casinos, jogos e lavagem de dinheiro no arquipélago, acabaram por se tornar insuportáveis para os açorianos envolidos. José de Almeida rasgou o acordo. […] Para José de Almeida tratava-se de um acordo que previa a «prostituição dos Açores»”
“Recusado o apoio oficial dos EUA […] a FLA e os companheiros terroristas do OAS tentaram outras vias de apoio. […] Estabeleceram-se contactos com fornecedores de armas na Nicarágua e com a comunidade cubana em Miami. Mais tarde até com a Líbia e a Argélia. Eventualmente, alguns destes esforços deram frutos. Luís Franco […] garante que várias toneladas de armamento estiveram prontas para embarcar para o arquipélago. Mas como para comprar armas era preciso dinheiro, havia que obtê-lo primeiro. O custo de um campanha da FLA contra Lisboa, levada até às últimas consequências, poderia atingir os três milhões de dólares […] Foi para obter esse dinheiro que foi marcada uma reunião no Hotel Raphael em Paris, em Setembro de 1975. Jean Bletiére […] José de Almeida […] Carlos Peixoto, o principal dinamizador dos independentistas na ilha Terceira. Do lado dos potenciais financiadores estavam presentes Edwars Meadows e Victor Fediay, ambos com ligações a figuras da Máfia de Nova Iorque. Presentes estavam ainda sheiks árabes. O emigrante António Matos […] assegura «com certeza absoluta» que o negócio era mesmo para obter armas, mas acrescenta que «eles estavam a pedir muitos dos Açores». […] As condições apresentadas pelos potenciais financiadores, quase todas relacionadas com facilidades para investimentos em casinos, jogos e lavagem de dinheiro no arquipélago, acabaram por se tornar insuportáveis para os açorianos envolidos. José de Almeida rasgou o acordo. […] Para José de Almeida tratava-se de um acordo que previa a «prostituição dos Açores»”
3 comentários:
Bom post.
Fico, no entanto, com uma dúvida.
Mesmo recusando a dar o seu apoio oficial, os EUA veriam com bons olhos o apoio da Máfia?
Caro Amigo,
vejo que transformas-te as tuas leituras em post. Ainda bem, pois está uma boa síntese, dessa recolha de testemunhos do jornalista Saes Furtado.
Por aqui se vê, que quem comandava os independentistas apostou forte na busca de apoios para a sua causa. Mas muito me apraz registar, que a honra e a dignidade do Povo Açoriano, estiveram sempre na primeira linha.
Caro Paulo Pereira,
arriscando uma resposta à sua pergunta, digo que me parece que, posto de parte o apoio dos EUA, a busca de suporte financeiro para uma eventual luta armada, acabou por desembocar em gente com ligações à Máfia de Nova York, sem qualquer conhecimento (pelo menos oficial, digo eu) do Governo Americano.
Mas o que os mafiosos queriam, era substituir Cuba, pelo Açores, como o seu "parque de diversões".
Cumprimentos
Caro Paulo,
Há outras questões que devem ser levadas em conta. Por exemplo, até meados de Novembro daquele ano, o risco de Portugal cair no comunismo era real [apesar de alguns terem sempre acreditado que tal não aconteceria], e se tal viesse a acontecer, estou certo que os EUA veriam com bons olhos a luta nos Açores.
No entanto, esta é uma questão que deve ser analisada com os documentos oficiais norte-americanos. Para tal, uma viagem aos registos poderia ser útil, por exemplo à Biblioteca Ford.
De resto, parece que os americanos consultaram as potências europeias sobre a questão e, por ex., os alemães foram categóricos contra qualquer apoio à luta independentista açoriana.
As organizações, tipo OAS e Aginter Press eram, acima de tudo, contra o avanço do comunismo. Deste modo, será de concluir que, com o apoio directo ou não, os americanos prefeririam sempre que os Açores nao caissem no comunismo.
Mas, para ser completamente rigoroso, teria de consultar documentação para fundamentar esta conclusão. No entanto, é uma questão deveras interessante.
Caro Pedro,
A conclusão a retirar deste excerto é exactamente essa. Apesar da independência ser o fim que buscavam, será de realçar que nem todos os meios serviram. No fim, havia um limite que não podia ser transposto. E não foi mesmo. Há uma ideia de defesa dos superiores interesses da população que fica no ar. Porém, esta é a parte da História contada de um lado apenas. Tal como na questão que o Paulo Pereira levanta, seria bom ouvir e saber o resto e confrontar e cruzar os dados.
Enfim, dificilmente terei a possibilidade de o fazer, talvez o nosso comparsa de lavandaria possa...
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