04 maio 2009

Panis et Circenses

Julgo não me enganar ao insistir que o homem deveria ter coragem para tomar uma atitude a sério, pois ninguém pode ficar indiferente ao conteúdo desta entrevista. A pergunta que se coloca é a de saber qual a atitude: o recurso, uma vez mais, a este expediente ou ser mais profícuo e fazer o que há uns tempos escrevi aqui ? Realisticamente, pelo que conheço dele, tenho quase a certeza que a montanha vai novamente parir um rato!

7 comentários:

Luís Almeida disse...

Caro JG

Já tinha tido oportunidade de ler esta entrevista, é um depoimento fenomenal de Medina Carreira, foi óptima ideia de a trazeres para aqui.

Urso de Coimbra disse...

Deve ser por isso que era um post de oportunidade.

Rui Rebelo Gamboa disse...

Permite-me uns apontamentos e uns exertos meus e do medina:

Do Medina: "Aeroporto. Este dinheiro, pouco e incerto, tem de ser gasto no essencial. E vamos discutir o que é essencial. É como uma família pobre que discute se vai poupar, gastar na alimentação ou ir para Cancun para a praia. O Governo está exactamente como esta família que escolhe ir para Cancun. É claro que deve ser bom ir para Cancun, não sei bem o que é. Mas deve ser bom. Mas esta gente não faria melhor ir para a Costa da Caparica ou para a Ericeira estimular a economia portuguesa? O Governo é esta família de Cancun"

E agora eu "Quando se diz que porque os restantes 700 mil funcionários públicos (são assim tantos?) estão a apertar o cinto, eu digo que se a máquina estatal não fosse tão grande, talvez não fosse preciso." http://maquinadelavax.blogspot.com/2006/06/o-futuro-da-educao-iii.html

Do Medina: "Eu acho que as reformas e os salários da Função Pública, a partir de um certo nível, devem ser diminuídos"

Do Medina: "a solução continua a estar dentro dos partidos Tem de se abrir os partidos."

Eu: "Por estas razões, acredito, cada vez mais, que a participação activa ao nível partidário terá que ser a reacção de todos os que se sentem afectados pelo estado de coisas a que se chegou"
http://maquinadelavax.blogspot.com/2009/02/curar-o-sistema.html

Podemos começar por estes. Alguém dá alguma coisa?

Voto Branco disse...

Caro José,
Não querendo voltar ao assunto que já foi dado por encerrado, quero aqui citar, Luis Buñuel, cineasta espanhol, que disse: "As oportunidades não abundam, e raramente as encontramos uma segunda vez".
Segundo o dicionário da lingua portuguesa, oportunidade é a "ocasião favorável". E, dito isto, julgo que os "posts de oportunidade" devem respeitar um determinado "timing", sob pena de não ter o mesmo impacto.
Quanto à entrevista a que se refere no seu post tenho a dizer que tem que ser levada muito a sério, pois o país caminha para o abismo e, já se fala num "bloco central" que para mim seria pior a emenda que o soneto!

Caro Rui,
Permita-me fazer algumas observações ao seu comentário:
1. Será mesmo que existem funcionários públicos a mais? O que eu sei é não há semana que se comente a falta de médicos nos hospitais, falta de policias, falta de inspectores da PJ, falta de inspectores da ASAE, falta de inspectores do SEF, falta de funcionários das Finanças, falta dejuízes, falta de procuradores, falta de oficiais de justiça, etc, etc... por isso, tenho as minhas sérias dúvidas que são assim tantos!
2. Será que falar em: "Do Medina: "Eu acho que as reformas e os salários da Função Pública, a partir de um certo nível, devem ser diminuídos", mas a que nível está-se a referir?
3. Será que os partidos querem mesmo se abrir? Pois, é minha sensação, que actualmente os partidos não sãis do que oligarquias. (Avé César...)
4. Quanto à participação activa de todos aqueles que se sentem afectados parece-me ser uma utopia, pois veja-se o que aconteceu com o PSD e as eleições directas... ninguém lá se segura muito tempo!

Saudações

Rui Rebelo Gamboa disse...

Caro Voto Branco,

Cai numa confusão recorrente que é falar de má gestão, quando se fala no peso excessivo da máquina estatal. Não tem nada a ver aquilo que me falou, com o peso excessivo do Estado, posso até elaborar mais sobre o assunto, mas parece-me que será suficiente dizer que a falta de muitos agentes públicos, é consequência de má política de educação que temos. Agora, parece-me totalmente descabido lá porque há falta de um lado, encher do outro com pesos inuteis. Ou não vive no mesmo país que eu, ou então tem perfeita noção que há imensos lugares públicos que simplesmente não têm outra razão de existir que não o taxismo. Mais, a máquina estatal em certas áreas é de tal forma burocrática que é inaceitável. A dieta do Estado é essencial se quisermos passar, pelo menos, para os tal 108 de que fala Medina Carreira.

Eu interpreto o tal nível que o Medina Carreira fala, como o onde começa a clara má distribuição da riqueza. Não me parece aceitável que tenhamos os mais bem pagos gestores p+ublicos da Europa e ao mesmo tempo termos uma média de ordenado mensal das mais baixas. Não encontra aí uma clara contradição?

Os partidos. Pois será claro que os que estão nos partidos actualmente não devem querer partilhar com mais ninguém. Agora, os partidos são, por definição, os veículos de participação política. Se nós desejamos mudar alguma coisa, terá de ser sempre por dentro. Não basta atirar umas bocas de fora, caindo no risco de, por muito que sejam as nossas ideias, cairem sempre em saco roto. Os partidos são, antes de mais, organizações democráticas e esse é um conceito que parece que convém as pessoas se esquecerem, pois permite o descarte de consiência "eles são todos uns corruptos e não deixam mais ninguem entrar". Mas não é assim. Os partido são efectivamente estruturas abertas e democráticas e são os veículos que levam ao poder. Ora se se permite que os partidos sejam ocupados por pessoas com menores capacidades ou com outros objectivos que não o serviço público, o resultado será sempre o que temos, mas não se iluda: você poderá ter a culpa disso. Tendo as qualidades para tal, poderá entrar num partido e motivar outros a fazer o mesmo e aos poucos o azeite virá ao de cima, isso é certo. O debate das directas é engraçado. Já manifestei a minha opinião e sou contra o actual modelo. Sou contra porque experiencei directamente como as directas revertem totalmente a democraticidade que se quer nos partidos. E prefiro não desenvolver muito porquê, mas penso que bastará pensar um pouco sobre a questão da actualização dos cadernos...

Sei que vem cá há relativamente pouco tempo, por isso não deve ter lido o post que referenciei atrás: Curar o Sistema. Convido-o a ler.

Voto Branco disse...

Caro Rui,
Acedi ao seu convite e fui ler o seu post "Curar o Sistema", o qual, desde já, subscrevo-o e vai de encontro aquilo que eu penso sobre o que são partidos politicos.
De todo o seu texto, sublinho a expressão "bem comum", a qual devia ser o principal objectivo de todos os partidos politicos e dos seus dirigentes. Infelizmente isso não vem acontecendo, pois se o fosse, o nosso país há muito que viveria num pacto de regime. Lembro que o forte desenvolvimento económico da Irlanda foi baseado num pacto de regime, que simplesmente atirou a Irlanda da cauda Europa para o topo.
Não considero que os politicos sejam todos uns corruptos, mas a verdade é que existe uma grande desconfiança em relação a eles e, talvez também por isso personalidades ilustres da nossa sociedade evitem participar da politica.
Estou plenamente de acordo consigo na questão da distribuição de riqueza, mas isso não é mais do que reflexo da nossa sociedade egoísta e mesquinha. Olha-se demasiado para o próprio umbigo!
A função pública sofre com certeza de um problema de gestão de recursos humanos, mas tal problema só será possível ultrapassar com despedimentos, pelos quais os funcionários abrangidos obviamente seriam indemnizados. Esta solução só acontece, na minha opinião, devido ao "envelhecimento" dos funcionários públicos e à quase nula formação profissional que tiveram durante a sua carreira, não sendo por isso possível a tão propagandeada "mobilidade". Mas esta minha análise é muito superficial, pois poderiamos ir muito além...
Pelos vistos as nossas visões não divergem muito...
Saudações

CAVP disse...

Meus caros...

O nosso problema reside nos "valores"...neste caso na falta de...

Quando vejo na entrevista deste Sr. a importância que dá à formação submetendo-a muito claramente à economia fico...

O nosso problema é, e sempre foi, a falta de formação, especialmente civica.

Como se explica que os paises de leste que recentemente aderiram à UE nos ultrapassem a velocidade de cruzeiro?

Quer em termos de formação académica quer em termos de formação civica o nosso pais é uma lástima.

Além disso..isto da democracia tem que se diga...mas nós, no geral, temos valores democráticos? É algo que seja encorajado?

O problema deste país são os valores...mudem-se os valores que o resto vai lá...como é que alguém vai abdicar de gastar 110 só porque alguém lhes diz que economicamente é o melhor quando todos os seus valores indicam que o melhor é consumir e satisfazer todas as suas necessidades, básicas e superfluas?

Importa antes de mais haver uma rápida mudança de valores...em todos os niveis...quanto ao consumo...se nós não abrandarmos a natureza encarragar-se-á de baixar os 110 para 100, 90, 80, 70...nãoi tenho grandes dúvidas disso...

Acima de tudo esta crise é uma crise de valores e nós deveriamos olhar para dentro de nós e ver que este paradigma necessita de mudança.

Assim sendo, julgo que não será a economia a maior causa de mudança, mas sim os valores por detrás dos diferentes paradigmas económicos...

Cpts