08 maio 2009

A RTP-A e a meteorologia

Fosse sempre assim e tudo estaria bem.
Durante esta semana, dei conta do afinco objectivo que acometeu o jornalista que apresenta o programa Bom Dia Açores. Com efeito, foi bonito de ver que, finalmente, até eu, um pobre descarrilado na matéria, pude compreender o tempo que faria nos Açores. Desta vez, o senhor apresentador, habitualmente trapalhão e confuso na abordagem temática, deixou os especialistas explicarem, do princípio ao fim e em sequência lógica, a meteorologia nas ilhas. Não sei o que se passou com as restantes pessoas, mas a consequência lógica para mim foi evidente: consegui sair de casa sem guarda-chuva num dia de sol.
Nem que seja só por isso, decidi que passarei a ser um fã incondicional do Rally dos Açores, independentemente dos seus custos e do real impacto na economia açoriana.

8 comentários:

Menina da Rádio disse...

E aproveitou para estender roupa? :)

José Gonçalves disse...

Claro, "a minha consciência ecológica" acusar-me-ia de desperdiçar tão bom solinho :)

Voto Branco disse...

Caro Sr.José,
O senhor a que se refere fez de cicerone à minha chegada à ilha, pois foi surpreendente a sua capacidade de fazer da meterologia assunto para 20 minutos...
Eu raramente faço projectos para o futuro, mas depois deste acerto todo na meteorologia, com certeza aproveitarei para guardar definitivamente as galochas no armário!
O Rallye tem custos? Eu pensava que não... Isso não se faz Sr. José... agora nem vou conseguir pregar olho...
Saudações

P.S.: Com que então estendeu roupa ao solinho? Que bem...

Rui Rebelo Gamboa disse...

Duas questões:

1) nem de propósito, falava hoje (no rally, no less) com um amigo meu sobre um assunto semelhante. A saber, se uma dada pessoa que não tem qualquer tipo de preparação académica (ou outra) pode abordar temas que para os quais outros estudaram. A minha opinião é simples: qualquer um vale por aquilo que é e as suas opiniões, o mesmo. Ou seja, se um tipo entender debitar um rol de opiniões sobre um tema que entenda, pode e deve o fazer, sem nunca se arriscar a ouvir algo do tipo "mas você estudou alguma coisa para essa área?" A outra parte, se assim entender, pode é puxar dos galões (caso os tenha) e desmontar a argumentação apresentada pelo leigo. Tudo para além disso, parece-me francamente desajustado.

Assim e falando do caso específico do post, penso que o Pedro Moura tem todo o direito de falar o que quiser sobre metereologia, ciências da natureza, política, direito, finanças, legumes etc. Não se lhe pode apontar, jamais, o facto de não ter preparação para a área em questão. Pode-se, isso sim, apontar onde e porquê falha. De resto, caberá ao próprio tomar as medidas que achar necessárias de modo a que não se apontem eventuais falhas.

2) "custos e real impacto na economia açoriana" do ráli. Entre 'budgets', 'main sponsors' e 'sponsors', 'teams', 'pilots', 'road books' e outros estrangeirmos desnecessários, o presidente do GDC, pessoa por quem não nutro qualquer tipo de simpatia, que fique claro, disse que um estudo está a ser realizado sobre o assunto pela UAç. Esperemos, então, pelos resultados.

O dia esteve óptimo, os carros S2000 são fantásticos, os pilotos idem, os troços tinham muito pó, havia muita gente e foi um dia muito bem passado. Aponte-se apenas os episódios descritos nas rádios de comportamentos usuais de algumas minorias. Amanhã estou lá outra vez.

Nestum disse...

Um agradecimento aos senhores da rádio porque fizeram com que o público ficasse no troço a ver o "rálim" até ao pôr do sol :)

José Gonçalves disse...

Caro Rui
Obviamente que qualquer pessoa pode falar do que bem entender e dizer o que bem lhe apetecer, por maiores alarvidades que digo. Sabes bem que é isto que defendo e nunca me viste ou ouviste opinar em sentido contrário. Speakers Corner para toda a gente.

O que, entre outras coisas, pretendo dizer no post é que o exercício de determinadas profissões impõe, pela sua própria natureza, a obediência e o seguimento de determinadas regras. Quando um jornalista apresenta um programa o seu principal dever é informar correctamente aqueles que o vêem e ouvem, de forma a que a mensagem transmitida seja por todos entendida. Parece-me simples.

No caso concreto, não conheço o senhor em causa, apenas posso falar daquilo que ele transmite ao público na televisão e, nesse aspecto, percebe-se que tem um estilo sui generis (ao que me consta do agrado de muitos espectadores), gosta do que faz, é opinativo e corajoso na forma como assume essa sua faceta. Já gostei de o ver muitas vezes falar com clarividência sobre os factos da notícia como já lhe ouvi coisas de arrepiar os cabelos de qualquer diretor de informação.
O exemplo do post é sintomático e serve apenas como ilustração: quando o meteorologista pretende falar sobre aquilo que lhe compete, o jornalista avança, recua e mistura dias, ilhas e temas diferentes (futebol, por exemplo), de tal forma que, pelo menos para mim, o objectivo primordial se perde: a informação correcta, clara e simples.
No mais, repito o que supra disse: fale do que quiser que nunca serei eu a impedi-lo, pelo contrário. Apenas desejo que as notícias sejam apresentadas da forma que um programa com o formato que o mesmo apresenta exige, ou seja, o quê, quando, como, aonde e porquê. Coisas simples de fazer.

Noutro registo, não me esqueço, por exemplo, de que foi o único jornalista açoriano a reclamar sobre os preços dos combustiveis e a ter provocado a sua alteração durante a emissão do seu programa. Óptimo na abordagem, óptimo na atitude de não submissão a quaisquer eventuais pressões políticas, óptimo na persistência. Fê-lo naquele programa, mas certamente seria mais correcto fazê-lo noutro cujo formato estivesse direccionado para a valorização da opinião pessoal e da subjectividade analítica.

No mais, insisto, que fale do que quiser, mas não pode é ser excluido do escrutínio público.

Rui Rebelo Gamboa disse...

O escrutínio público é algo a que ele se expõe todos os dias e tinha mais que ver se não pudessemos criticar. Como disse, novamente, o meu comentário serve para reforçar uma posição que defendo:

Compreensivelmente, pode-se achar injusto a critica fácil (não digo que seja este o caso) que podemos fazer às pessoas que se expôem. Podendo-se argumentar "mas o que percebes tu para falar disso?". Eu não alinho nisso, exactamente devido à exposição que uma pessoa se coloca quando opina publicamente, permite que outros, por mais incapacitados sejam, possam criticar sem terem de ouvir aquela frase. O qque se deve fazer é simplesmente contra-argumentar.

Rui Rebelo Gamboa disse...

Ah, e com o devido respeito à Menina da rádio e ao legoman que, aparentemente e por razões diversas terão alguma ligação ao serviço de rádio, devo dizer que, de forma geral, os repórteres que cobrem o ráli no terreno (apesar das condições e blá, blá, blá) são, na sua maioria, confrangedores a falar inglês.

Lá está, a exposição pública é assim. Estou certo que eu não faria melhor (or would I?), no entando estamos a falar agora é deles e desta aspecto em particular. Não podemos deixar de apontar os defeitos que achamos, só por simpatia, certo? Até porque o interesse geral deste tipo de critica é melhorar no futuro, tal como o guia oficial.