25 maio 2009

Silêncio... que se vai cantar o fado


Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
Senhor dá-me o poder de estar calado,
Quieto, maniatado, iluminado.

Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!
in Poema do Silêncio, José Régio (excerto)

5 comentários:

Pipocas e Caramelos disse...

Muito bem, senhor Almeida!. Eis uma excelente forma de nos aliviar o stresse do início de semana. A paz chegou. Deixo-lhe um outro excelente poema do José Régio. E quando vier ao Funchal, será certamente bem recebido pelas gentes desta ilha-irmã.


Soneto de amor

Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!

Voto Branco disse...

Capristano de Abreu (1853-1927), historiador brasileiro, cuja obra mais famosa é Capítulos de história colonial, ao noticiar o lançamento do livro "Memória Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis, define que o fundamental do referido livro é a "filosofia social que está implícita", "filosofia triste" de um "defunto, que nada tendo a perder, nada tendo a ganhar, pode despejar até às fezes quanto se contém nas suas recordações".
Saudações

Voto Branco disse...

Perdoem-me o desvairo mental mas nada mais me ocorre...

Voto Branco disse...

Pronto, já sei, estou maníaco com Machado de Assis...

Tone Mouco de Ermesinde disse...

Fezes? Caca de galinha? Cócó? Guinha? Não, apenas pascoalices!
Xiça...