26 novembro 2009

Nem tudo o que Luz é Ouro

“(...)o actual modelo de obrigações de serviço público, da rede regular doméstica entre os Açores e o Continente e a Madeira não é perfeito. Tem vantagens, por exemplo, ao oferecer tarifas mais baratas em relação a outras rotas, aparentemente semelhantes, como Lisboa/Londres ou Lisboa/Funchal, ao nível da tarifa base para residente (…).
Francisco César in Açoriano Oriental de 26/11/2009.

Ou seja, quer isto dizer que as tarifas para o continente, para residentes nos Açores, são mais baratas que tarifas entre Lisboa e Londres ou Lisboa e Funchal? Ora, fazendo uma pequena pesquisa nos sites da TAP e da SATA (este só quando funciona) e partindo do princípio que se consegue lugar para uma tarifa de residente, uma ida e volta a PDL-Lisboa, custa 146.50€. Já uma ida e volta Funchal-Lis custa 112,902€ e uma ida e volta Lis-Lon custa 89,21€.

Mas o que interessa mesmo neste artigo é o reconhecimento de que algo está mal na política de transportes aéreos nos Açores e que é necessária uma mudança. Parece cada vez mais evidente que o caminho será a liberalização do espaço aéreo e o PS, mesmo indo contra os seus princípios ideológicos (grande novidade), deverá usar esta promessa como uma bandeira para 2012, na certeza que será necessário puxar de todos os trunfos.

9 comentários:

Jordão disse...

Ah! Então era isso que o Francisco queria dizer! Fico feliz em saber que alguém percebeu o que ele tinha escrito. É que eu não percebi nada! Realmente há gente que vive num Mundo à parte!

É cada tiro naqueles pés!!!

O papá vai ter que lhe oferecer mais uma botas de biqueira de aço, por essas festas!

Um abraço

Rui Rebelo Gamboa disse...

Eu acho que era isso que queria dizer. Pelo menos foi essa a interpretação que fiz. Se estiver errado, peço desde já desculpa. Mas fico feliz por saber que não fui o único, não a não a olhar o céu, mas sim a não compreender bem o que se queria dizer no artigo.

Abraço Amigo!

Rui Medeiros disse...

Bem, não li o artigo em questão, nem quero comentar politicamente, mas a insistência de S. Miguel na liberalização dos voos é interessante. É verdade que está lá metade da população açoriana, que poderá obter alguns benefícios da liberalização, mas há alguns contras, mesmo para esta ilha.
Quanto às outras 8, essas lixam-se e pronto.

Francisco Vale César disse...

Quero só referir que a tarifa de residente super-flexível nos Açores não custa 146 euros, mas sim cerca dos 220 euros. A tarifa referida no post, nas três rotas, são tarifas promocionais. De facto, como referi, mais abaixo, na minha intervenção, o problema deste modelo OSP é exactamente na incapacidade que tem de gerar tarifas promocionais. Ao nível de tarifas base, portanto sem restrições, temos vantagens acrescidas. Comprovem...
Vivam neste mundo

Francisco Vale César disse...

Quero só também referir, que qualquer companhia aérea pode voar para os Açores, desde que se sujeite às obrigações de serviço público. Quero também reafirmar que o modelo que defendo para os transportes aéreos nos Açores, passa pelo aperfeiçoamento do actual modelo e nunca pela liberalização.

Jordão disse...

Caro Rui Medeiros

Compreendo a sua preocupações e por isso é que temos encontrar uma que seja boa para todos nós. Não pense que os Micaelenses são egoistas, até porque temos feitos alguns “sacrifícios” em prol das outras ilhas e nunca nos ouvi queixar. (pronto há sempre um ou outro energúmeno, mas esse não contam para nada).

Urge mudar, mas mudar mesmo. Não sei se realmente as Low cost viriam beneficiar todos os Açorianos (há quem defenda que só Ponta Delgada e quiçá Terceira teriam capacidade para serem as verdadeiras gateways por cá). O que é certo é que não podemos continuar, por muito mais tempo pagar 250€ para ir a Lisboa ou 115€ para ir de PDL a Santa Maria. Isso é impensável. Para isso não podemos ter, sistematicamente, voos com três ou quatro passageiros, só por capricho de certos políticos locais. Ainda há pouco tempo, os responsáveis políticos do Corvo pediram mais voos para a ilha, só para parecerem bem em frente à população. Quando na realidade sabemos que número de voos para aquela ilha são mais do que suficientes. Outro exemplo, verdadeiramente estúpido, acontece no seu Pico, onde os passageiros preferem regressar a Lisboa ou mesmo ir para a Terceira do que aterrar no Faial, só porque o avião não consegue aterrar no Pico (o inverso também acontece). Esse bairrismo estúpido e doentio não nos leva a lado nenhum. Dessa forma não podemos continuar. Aqui em S. Miguel, sei de hotéis que neste momento têm dois clientes, e não pense que são muito poucos assim.

As tarifas aéreas são elevadíssimas, certo mas também não há coordenação entre os transportes marítimos. Só agora é que parece que tiveram esse cuidado nas Flores e no Corvo. E mesmo assim os Corvinos estão a pedir mais voos, Para quê?! Para verem o novo (de 2ª mão) Dash mais vezes?! Os turistas não vão ao Corvo (quem diz ao Corvo diz as outras ilhas todas) só porque há voos todos os dias. Os turistas vão ao Corvo se houver voo nos dias certos e se for a preços competitivos. E isso só se consegue com os aviões mais compostos, entre outros factores.

Rui Medeiros disse...

Obrigado pela resposta, deixa-me mais descansado que não seja de uma liberalização totalmente desregulamentada de que estamos a falar. Desse modo, faz sempre sentido ter obrigações de serviço público, podemos falar é da introdução de melhorias.

Interessante também o seu exemplo dos voos do Pico, porque a versão que ouvi foi a de que os passageiros que preferissem ficar na Terceira para viajar no dia seguinte ou tentar o Faial ficavam por sua conta, ou seja sem nenhuma protecção por parte da TAP. Nos últimos casos quem não quis cumprir com a sugestão das obrigações e voar para o Faial foi a TAP, já que sendo o voo circular, não dá jeito ainda ir a outra ilha.
Aliás, estranho mesmo que tenha essa noção, uma vez que quando há cancelamentos da SATA, somos os primeiros a perguntar como estão as alternativas pelo Faial, e são muitos os voos que acabam por ser desviados para esta ilha quando não se consegue vir ao Pico. Já o contrário é muito mais raro, e aí concordo que exista o tipo de bairrismo de que fala a uma escala significativa.

Rui Rebelo Gamboa disse...

Caro Francisco,

Terá de convir que pouco interessará aos Açorianos se as tarifas são "promocionais", ou "normais", ou lá o nome pomposo que se arranjar. O que conta, para os Açorianos (quando falo em Açorianos, falo em quem cá vive) é o preço que pagam e, efectivamente, como eu disse no post, os valores são esses. Ir e vir a Lisboa de Ponta Delgada é mais caro do que Lisboa-Londres, Lisboa-Funcham, ao contrário do que disse no seu artigo. Esse é um facto incontornável!

Nestum disse...

Eu sei que são realidades diferentes. Eu sei. Mas depois das Low cost, cá está mais uma dura facada nas costas de quem tem de se deslocar dos Açores para Lisboa:
http://diario.iol.pt/politica/subsidio-madeira-tvi24-viagem-madeirenses-voo/1106353-4072.html

Sim, são necessárias alterações. E urgentemente. Sob pena de ficarmos ainda mais isolados do exterior.