21 março 2010

Turismo açoriano, um elefante branco

Comecei a prestar mais atenção ao que diziam dos “turistas” suecos, quando, um dia, num supermercado, me deleitei com as compras de hora de almoço de um desses casais turísticoa, supostamente com enorme poder de compra: duas garrafas de Martini, uma lata de sardinhas e duas carcaças.

Eis o retrato fiel da política do actual Governo Regional no sector turístico: atrair o turista pé descalço, desviando-o do Algarve, dando-lhes a benesse do pacote pré-pago, com tudo incluído, mesmo a bebedeira, porque, por lá, as garrafas são caras e vendem-se nas lojas do Estado e, por cá, em cada esquina há um amigo.

Serve isto para dizer que a história dos navios de cruzeiro, é farinha do mesmo saco, com custos ainda por estimar, tal a derrapagem financeira das Portas do Mar, mesmo que, literalmente, de costas voltadas para o dito.

Para lá dos mais de 60 milhões de euros já ali desperdiçados (espero que já incluindo o 1,5 milhões daquele pretensiosa xaropada que foi a espécie de espectáculo inaugural), continuamos todos sem perceber quais os reais benefícios para os Açores das tais escalas, afastando-se, desde já, o inócuo e estafado argumento de que vai dando a conhecer a Região, desmentido pela realidade.

No dizer daqueles que supostamente seriam beneficiados, os cruzeiros são um fiasco.

No dizer dos contribuintes, os cruzeiros são um fiasco.

No dizer das empresas de aluguer de autocarros, não sei. E não sei porque gostava que alguém explicasse quem é que paga o aluguer de tais autocarros e, já agora, quanto paga cada um dos ricos turistas que neles entra para dar a voltinha à ilha.

E, se não for muito incómodo, quanto custa atracar um desses navios e, sobretudo, quem paga tais escalas, já que são a tábua de salvação do turismo açoriano.

Mas, acima de tudo, alguém que faça o favor de explicar se existe um plano regional de turismo, quais as suas directrizes e respectiva fundamentação.

Talvez assim, encontremos fundamento para o desperdício, até porque já existem por aí uns quantos iluminados que pretendem reproduzir a obra.

7 comentários:

O Corvo também tem turismo disse...

E nós também temos direito a cais, mas basta-nos para barcos a remos.

Farto de carregar o Fardo disse...

Caro José Gonçalves,

um texto que põe o dedo na ferida.
Todos nós, Açoreanos, aguardamos pelos resultados da grande aposta no turismo feita pelo governo regional.
Nem com a SATA a roubar aos Açoreanos para dar aos turistas, o governo se safa, imagine se a SATA fosse privada.

Depois do fiasco das portas do mar, e da construção de mais um cais de cruzeiros na horta, vêm os terceirenses reclamar também um elefante branco para a sua ilha. Tenham paciência. os terceirenses não podem ver nada em s. miguel, que logo querem o mesmo para lá.
E o governo regional, feito parvo, e para não perder os votos dos festeiros terceirenses, logo promete que lhes dá aquilo que sabe não fazer sentido nenhum.

Assim se vê, a força da cruzinha.

FranciscoM disse...

Será que o autor deste post me pode explicar porque é que as portas do mar são um fiasco ?

Amigo dos Açores disse...

Ò ChuiquinhoM és burro? Tens lá um link

O turista disse...

Boas,

Não vejo porque são um fiasco.Vejo sim como mais uma oferta que o produto turístico tem.

Já pensou se 50 mil turistas, não são potenciais clientes e que podem voltar à ilha?

Temos sim é de saber trabalhar a marca AÇORES, de fazer chegar a informação de que os Açores valem a pena visitar, isso sim.

Os autocarros pagam-se claro. Quem paga? simples de responder, a companhia de cruzeiros que contracta junto do seu agente local. Por acaso muitas vezes, o grupo Bensaude. Humm que também tem 1 agência, hoteis, carros de aluguer e claro autocarros. Portanto ainda fica algum dinheiro cá.

Se pagam cais, claro mas mais barato. Para os termos temos de dar algo em troca. Sempre foi assim no turismo. Dá-se e recebe-se. É sempre assim, até quando vamos de férias para algum sítio.

Quanto ao pé descalço, concordo que já se teve um cliente com mais €€ mas também foi-se com tanta sede ao pote que eles próprios se aproveitaram da situação. Foi bom enquanto durou esses anos loucos.

Pelo caminho que isto anda não sei se vou ter hoteis para dormir nas ilhas dos Açores!!! Hummm a não ser que a SATA decida fazer algo, upsss governo, upsss, parlamento, upss, políticos, upss será que é assim muito dificil ver que só com boa acessibilidade aérea é que isto vai crescer!!!

Abraço

Amigo dos Açores disse...

Devem ser os mesmos 17 autocarros privados que todos nós contentamente vamos pagar

Anónimo disse...

Concordo plenamente com o artigo. a propósito, hoje (29) a caminho de casa ia a ouvir um programa de rádio, qeue por sinal era um suposto debate... e às tantas um deles, deputado, não sabia pronunciar "POTRAA". com também eu não sabia, também não era suposto saber, fui investigar, e caro sr deputado, POTRAA quer dizer "Plano de Ordenamento Turístico dos Açores". Hei, que tal. Vejam lá se ao menos dignifiquem os tostões do contribuinte. a propósito do debate, Não vou muito à bola com o tipo de quezília que o terceirense faz, mas o homem come-vos a todos.A classe politica nunca desceu tão baixo.
Savrega