Quanto mais leio crónicas e croniquetas nos jornais, mais convencido fico de que a simples leitura dos clássicos e, quando digo clássicos, refiro-me obviamente aos autores gregos e romanos, é o melhor lenitivo para a ignorância, o fretismo, o arfar agoniado de quem espera um qualquer osso com mais ou menos carne, mesmo que um pouco rija. Nos clássicos, como diz um amigo meu, está tudo: os princípios éticos, a moral, a política, a intriga, a traição, a ignorância, a tragédia, ou seja, tudo o que serve para alimentar a repetição da História.
Vem isto a propósito de um artigo de opinião, daqueles que levam algum tempo a escrever, não só por causa da inspiração, sobretudo alheia, como também pela composição, tantas serão as vezes que o escriba terá de ir consultar o dicionário, para um agrado particular. Pois, alinhavava eu, o escriba tem andado, há muito tempo, sempre a rondar e rodear o mesmo tema, ora agitando-se para a esquerda ora agitando-se para a direita, que isto de cata-ventos são para isso mesmo, introduzindo, por vezes, referências à ética ou à moral, que teoriza mas não pratica. Nestas coisas, faz lembrar o cãozinho a quem se atira a bola numa qualquer direcção e lá vai ele, pavloviano, abocanhá-la e trazê-la de volta ao dono, rejubilando freneticamente com os movimentos de cauda.
Sempre me interroguei sobre quais os critérios que os jornais utilizam na "selecção" dos cronistas e croniqueiros diários. Uns são óbvios, pois pertencem a partidos políticos e nestas coisas convém fingir linha editorial independente, pelo que, bons ou maus, lá estão todos devidamente representados; outros, felizmente maioritários, são-no pela evidente qualidade que emprestam aos seus textos; depois, há os restantes. E os restantes são os restantes: amigos ou amigas do director, da mulher da limpeza, do revisor ou do dono do quiosque ou...cata-ventos, que se julgam especialistas em tudo e julgam tudo e todos, a partir da baixeza das suas convicções, como se fossem os símbolos da idoneidade. E julgam os outros, que não conhecem, imputando-lhes as suas próprias idiossincrasias, pretendendo, dessa forma, limpar o espirito e a alma, e olhando para a sua própria sombra como se ela fosse alheia.
Vem isto tudo a propósito de um ígnaro que, julgando saber pelo sopro, escreveu, hoje, sobre aquilo que não sabe, não pode saber, nem tem capacidade para saber. No entanto, pomada que é, põs a língua e a cauda na ponta da pena, sempre esperançoso que, por isso, o dono lhe dê umas pancadinhas de afecto no dorso.
Um dia, na posse de todos os factos, engasgar-se-à no produto infra-cauda. Por enquanto, se está feliz com isso, porque não dar-lhe Pedigree Biscrok?
5 comentários:
Quem escreveu o quê sobre que assunto e onde ? Isto assim é uma chatice. Lá teremos que ir ler os pasquins cá do burgo. Ou será que foi numa pagela com sotaque ?
JNAS
Aguardo resposta no correio do leitor.
Depois de ter lido isto, cheguei à conclusão de que foi cá no burgo após alguém de Santana ter insistido no assunto. E sempre que alguém daquelas bandas fala no assunto, o dito cronista vem logo a correr a dar o contributo. Percebo o autor em não querer mandar nomes para o ar. Mas descobre-se facilmente.
Zé, diz lá factos concretos, quem e o quê? Porque, se for a ler os pasquins todos, vou encontrar, de certeza, vários exemplares desses.
Do tell!
Isto de falar em comunicação social tem muito que se lhe diga, sobretudo quando há interesses a instalar.
Parece que estamos na semana académica, alguém me explica por que nao ouço os espétáculos musicais na rádio universidade? Eu que sou uma fã da televisão, gosto da telnovelas da tvi, também gosto de ouvir rádio principalmente quando ando na cozinha à volta dos tachos.
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