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29 abril 2010

O manso-tanso gosta de croniqueiros

Quanto mais leio crónicas e croniquetas nos jornais, mais convencido fico de que a simples leitura dos clássicos e, quando digo clássicos, refiro-me obviamente aos autores gregos e romanos, é o melhor lenitivo para a ignorância, o fretismo, o arfar agoniado de quem espera um qualquer osso com mais ou menos carne, mesmo que um pouco rija. Nos clássicos, como diz um amigo meu, está tudo: os princípios éticos, a moral, a política, a intriga, a traição, a ignorância, a tragédia, ou seja, tudo o que serve para alimentar a repetição da História.

Vem isto a propósito de um artigo de opinião, daqueles que levam algum tempo a escrever, não só por causa da inspiração, sobretudo alheia, como também pela composição, tantas serão as vezes que o escriba terá de ir consultar o dicionário, para um agrado particular. Pois, alinhavava eu, o escriba tem andado, há muito tempo, sempre a rondar e rodear o mesmo tema, ora agitando-se para a esquerda ora agitando-se para a direita, que isto de cata-ventos são para isso mesmo, introduzindo, por vezes, referências à ética ou à moral, que teoriza mas não pratica. Nestas coisas, faz lembrar o cãozinho a quem se atira a bola numa qualquer direcção e lá vai ele, pavloviano, abocanhá-la e trazê-la de volta ao dono, rejubilando freneticamente com os movimentos de cauda.

Sempre me interroguei sobre quais os critérios que os jornais utilizam na "selecção" dos cronistas e croniqueiros diários. Uns são óbvios, pois pertencem a partidos políticos e nestas coisas convém fingir linha editorial independente, pelo que, bons ou maus, lá estão todos devidamente representados; outros, felizmente maioritários, são-no pela evidente qualidade que emprestam aos seus textos; depois, há os restantes. E os restantes são os restantes: amigos ou amigas do director, da mulher da limpeza, do revisor ou do dono do quiosque ou...cata-ventos, que se julgam especialistas em tudo e julgam tudo e todos, a partir da baixeza das suas convicções, como se fossem os símbolos da idoneidade. E julgam os outros, que não conhecem, imputando-lhes as suas próprias idiossincrasias, pretendendo, dessa forma, limpar o espirito e a alma, e olhando para a sua própria sombra como se ela fosse alheia.

Vem isto tudo a propósito de um ígnaro que, julgando saber pelo sopro, escreveu, hoje, sobre aquilo que não sabe, não pode saber, nem tem capacidade para saber. No entanto, pomada que é, põs a língua e a cauda na ponta da pena, sempre esperançoso que, por isso, o dono lhe dê umas pancadinhas de afecto no dorso.

Um dia, na posse de todos os factos, engasgar-se-à no produto infra-cauda. Por enquanto, se está feliz com isso, porque não dar-lhe Pedigree Biscrok?

20 outubro 2009

Da Justiça e da Frontalidade

João Miguel Tavares, colonista do DN, escreveu no passado dia 3 de Março que “Ver José Sócrates apelar à moral na política é tão convincente quanto a defesa da monogamia por parte de Cicciolina. (…) ultrapassa todos os limites da cara de pau. A sua licenciatura manhosa, os projectos duvidosos de engenharia na Guarda, o caso Freeport, o apartamento de luxo comprado a metade do preço e o também cada vez mais estranho caso Cova da Beira não fazem necessariamente do primeiro-ministro um homem culpado aos olhos da justiça. Mas convidam a um mínimo de decoro e recato em matérias de moral.”

Vai daí, o Primeiro-por-pouco-tempo-Ministro, na sua linha de lidar mal com a livre expressão, instaurou um processo ao colonista. Ora, fica-se a saber hoje que Sócrates perdeu e que o processo foi arquivado, uma vez que o artigo em causa traduzia “uma manifestação legítima de opinião”. Caso fechado. Conclusão: a verdadeira face de Sócrates, apesar de muita maquilhagem e golpes de rins, continua bem visível.

Há, no entanto, um paralelismo a ser feito entre esta situação e aquilo que se assiste actualmente nos jornais açorianos. É que, João Miguel Tavares chamou as coisas pelo nome, disse o que achava, sem meios-termos, sem se refugiar em artigos de opinião, disfarçados de literatura de trazer por casa. E isto revela o tipo de pessoas com que lidamos. São pessoas incapazes de expressar uma opinião abertamente, são pessoas que falam em código para uma pequeníssima minoria, são pessoas que agem sempre na base da dissimulação, são pessoas que se escondem em esquinas a conspirar, são pessoas perigosas e são o tipo de pessoas que dão má reputação à política, que afastam os eleitores da política, porque falam entre si, não dizem absolutamente nada à população. No fundo, é uma espécie que se alimenta de veneno e que, por via disso, vai ficando cada vez mais doente até ao dia em sucumbe. É triste e é uma pena!

17 outubro 2009

BB e as "Putas"

Este artigo de Baptista Bastos é uma pérola que desperta, em quem o lê, os mais variados sentimentos. BB dedica esta coluna d"O Jornal de Negócios" ao Prós e Contras em que José Manuel Fernandes e João Marcelino esgrimiram argumentos sobre a questão das escutas em Belém. E é a estes dois que o maõs-largas BB dá carinhosas prendas. No fundo, o artigo de BB é um elogio aos jornalistas de desporto, em oposição aos outros dois.

No entanto, nada disto me faria gastar estes minutos. O que me fez salientar o artigo do BB foi o seu final, que passo a transcrever na íntegra: «Ouvi, na segunda-feira, com surpresa e nojo, designarem-se, uns e outros, por "colegas." Quando entrei nos jornais ensinaram-se o seguinte: "Jornalistas são camaradas e tratam-se sempre por tu. Colegas são as putas." Ficou-me para sempre

E assim, dum momento para o outro, passamos a apreciar, em todo o seu virtuosismo, pequenas peças jornalísticas como: "Linda jovem de 50 anos. Meiga. Depravada. Beijos naturais. Peludinha. 35 rosas. 91*****25".

Quem diria?

09 julho 2009

O "X" Marca a Qualidade (ou não)

Com o começo do mês de Julho, assistimos às televisões generalistas inaugurarem as suas grelhas de Verão. Na mesma linha, talvez, o jornal Açoriano Oriental decidiu alterar o layout das páginas destinadas à opinião, numa espécie de baralhar e voltar a dar, só que empacotando tudo na mesma página. O resultado é deveras constrangedor; além do efeito visual maçudo e complicado, os textos tiveram de passar por uma dieta rigorosa - certamente para seguir a moda de Verão -, o que os torna praticamente inúteis, dado o pouco espaço para desenvolver ideias que é reservado aos autores.

Ora bem, deverá ser por estas razões que vamos encontrando pérolas dignas de registo no espaço de opinião diário do AO. Pois então, na passada terça-feira, o twiter Repórter X fazia uma comparação verdadeiramente descabida entre a Câmara Municipal de Ponta Delgada e o Governo Regional (através da Direcção Regional de Cultura) sobre os montantes dos apoios atribuídos a agentes culturais. Será (quase) escusado dizer que a capacidade financeira dessas duas entidades não é comparável. Depois, a crónica parte para o obrigatório juízo de valor. Assim, sentencia o Repórter X que os eventos culturais promovidos pela CMPD são nivelados por baixo e populistas e não têm um factor qualitativo e inovador, aludindo certamente àqueles do Teatro Micaelense.

Então o que é qualidade e inovação? E o que é populista e nivelado por baixo? Como se consegue catalogar cultura desta forma? Será que qualquer evento que esteja apinhado de gente é populista e não presta? Haverá um número máximo de espectadores para um evento ser considerado inovador e com qualidade? Não haverá aí influência partidária no meio desse catalogar em série por parte do X?

17 junho 2009

Paulo Mendes e a (não) Defesa do Voto Obrigatório

Um cronista que assina como Paulo Mendes defende o voto obrigatório no AO. Parece-me muito bem que o faça e parece-me muito bem que não ache “lunática” a ideia levantada pela “ave rara” César. *


No entanto, a forma como Mendes argumenta em favor da sua causa é que me parece pouco consistente. Cá estão, então, os seus argumentos:


- “outros países têm voto obrigatório”. Ora, se nalguns funciona, noutros nem por isso e todos (principalmente aqueles onde não é um desastre) têm realidades sociais muito diferentes da nossa.


- “Pervenche Bérez, Presidente da Comissão Económica e Monetária defendeu a necessidade de se abrir a discussão sobre o voto obrigatório”. Muito bem, eu também quero debater o assunto. E?


- No fim, Mendes afirma que é “ilusão pensar que o voto obrigatório pode tornar o indivíduo politicamente activo e participativo (…) mas pode contrariar os actuais níveis de abstenção”.
Ou seja, seguindo este argumento de Mendes, o importante seria mascarar os números da abstenção. No fundo, fazer de conta que está tudo bem, pois segundo esta tese, teríamos elevados níveis de participação, mas que, de todo, corresponderiam à realidade. Onde é que já vimos isso?


No entanto, verdade seja dita, o grosso do artigo baseia-se exactamente no reconhecimento que o voto obrigatório não serve de nada, apresentando o autor outras vias para melhorar os níveis de participação. Por isso, à primeira vista, não se compreende a clara e – aparentemente – propositada contradição. Deveremos ler a explicação nas entrelinhas? Talvez. Não sei.


*Entre aspas termos usados pelo próprio Mendes.

30 abril 2009

Beleza Política

Dois assuntos que me dizem muito, mas que raramente estão juntos: política e a beleza feminina. Pois, parece que o jornal espanhol "20 Minutos" lançou um inquérito online para encontrar a mais bela mulher no serviço público.

Como a lista final tem 65 senhoras, entre elas Hillary Clinton (48º lugar), Ségolene Royal (56º) e Sarah Palin (33º), fica aqui registado apenas o top5.


5º lugar: Alina Kabaeva, 25 anos, Rússia


4º lugar: Toireasa Ferris, 29 anos, Irlanda


3º lugar: a nossa conhecida Mara Carfagna, 33 anos, Itália


2º lugar:Luciana Léon, 30 anos, Perú


1º lugar: Yuri Fujikawa, 28 anos, Japão

29 abril 2009

WikiErro

Há uns tempos li um artigo deveras enigmático [aqui no blogue do Papio] no Açoriano Oriental, assinado por Nuno Tomé, sobre laboratórios e Sociologia.

Aquilo que me interessa aqui focar não é o conteúdo do texto, mas sim o gravíssimo erro que é citar a Wikipédia.

Recentemente, debati neste blogue o assunto com o Tibério Dinis, que não se conformava com o facto de os estudantes universitários citarem a enciclopédia de todos nós (que expressão tão abrilesca) em trabalhos. Ora, aqui fica, caro Tibério, um exemplo talvez mais grave, dado impacto que têm artigos desta natureza na população e dada a experiência que o autor certamente terá.

É preciso insistir neste assunto: a Wikipédia não pode ser levada em conta cientificamente.

08 abril 2009

Rigor

O Director-Adjunto do mais antigo jornal português conduziu uma entrevista a Luís Rodrigues. Já pouco me interessam os conteúdos em relação à Quercus, no entanto dois apontamentos da própria entrevista, à atenção do jornal e do jornalista. O primeiro, de pouca importância, chamar Paulo ao Alexandre Pascoal. É um erro, mas que acontece. No entanto dizer (numa pergunta) que a direcção caiu porque tinha um deputado à ALRA e um vereador já tem que ser motivo de preocupação.

07 setembro 2008

Sunday Papers

Joaquim Machado, no Açoriano Oriental, sobre a política de Educação do Governo Regional dos Açores: "de 2005 para 2006 o crescimento da taxa de sucesso foi superior a dez pontos percentuais. Seria óptimo, se fosse verdadeiro. O indicador não corresponde ao ganho de competências, pois nenhum sistema de ensino é capaz de gerar somente num ano tais resultados".

Estevão Gago da Câmara, também no Açoriano Oriental (mas no de Sábado), a propósito da idemnização de 130 mil euros que Paulo Pedroso vai receber do Estado: "A sentença não iliba o ex-deputado dos crimes crimes sexuais que lhe foram imputados no processo Casa Pia. Na sentença de 101 páginas, a juíza Amélia Puna Lopo explica que os crimes imputados ao ex-deputado não foram apreciados no processo cível, 'apreciação que cabia apenas e só à jurisdição criminal'".

03 julho 2008

Pseudo-intelectualismo em tempo de crise de meia idade


Sei bem que o estilo de música que escolho para a playlist não é do agrado da larga maioria das pessoas. Basta ver os tops para percebermos que a malta prefere Tonys Carreiras e Nels Monteiros. Como facilmente se pode comprovar não partilho daqueles gostos. Mas se há algo subjectivo neste mundo são gostos, por isso longe de mim qualificar quem gosta dos Carreiras como gente com "mentes pouco ou nada habituadas a ser usadas para funções normais que são as de pensar, de incorporar novos conhecimentos (...)".

Profª Brasil, "estupidez e ignorância" é tudo menos os seres humanos que aqui vivem preferirem o Indiana Jones e não a passagem a filme de uma obra de Garcia Márquez, que aliás a crítica foi quase unânime em considerar mau.

Pela profª era aplicar a técnica Ludovico, tal como ao Alex deLarge na Laranja Mecânica, não era?

11 maio 2008

Ó(p)timo Acordo

Para ler, um artigo independente sobre o acordo ortográfico. Por muito que me custe, tenho que concordar com Saramago: não me parece nada descabido o acordo. E não é tanto pelas questões económicas, nem as buscas na internet, é porque a língua portuguesa é de facto desconcertante, tem regras que não lembram a ninguém e casos em que nem há regra, é simplesmente assim. A língua é viva, evoluiu e continuará a evoluir.

10 fevereiro 2008

Assim não

Num artigo de opinião no Expresso das Nove, Armando Medeiros explica como foi afastado da Escola Profissional onde leccionava.

Eu fui aluno de Armando Medeiros. É daqueles professores de que não se gosta na altura, mas que mais tarde se aprende a dar o devido valor. Aprendi muito com ele e ficar-me-á na memória para sempre, coisa que não posso dizer da grande maioria dos professores que tive.

Mas este artigo demonstra o caminho que a Educação está a tomar. O facilitismo que impera não se coaduna com pessoas como Armando Medeiros, que é um professor à moda antiga que espera que se lhe reconheça autoridade dentro da sala de aula. Fica também a ideia que as Escolas Profissionais não estão a funcionar da forma que se espera.

O prof. Armando Medeiros não precisa, mas estou solidário com ele.