Uma nomeação em Vila Franca do Campo

O médico a tempo parcial que exerce a meio tempo o seu primeiro e último mandato como presidente da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo sentiu necessidade de justificar a nomeação do marido da sua vice-presidente para director da escola profissional da localidade.

Gastou ele, para tanto, e em conjunto com o nomeado, a página 2 do Correio dos Açores, tentando demonstrar a bondade da nomeação e as putativas capacidades para o cargo do marido da vereadora. Debalde.

Foi tão bizarro o afã justificativo, ainda por cima repleto de generalidades e lugares-comuns, que só poderá causar estranheza, porventura injusta, sobre as capacidades do marido da vice-presidente da Câmara para a função.

Por convicção minha, logo, subjectiva, o cargo para que foi nomeado o zoólogo Paulo Pinto não só não é de confiança política como também deverá ser exercido por alguém que demonstre cumulativamente capacidades pessoais, profissionais e académicas para tal. Como não conheço o referido nomeado, em rigor, nem sequer sabia da sua existência, até poderá ser o caso. Mas, socorrendo-me apenas do que ambos disseram ao Correio dos Açores como princípio-base para justificar, sem sombra de dúvida, a, certamente, bem ponderada nomeação, não encontrei justificação plausível e os vila-franquenses, se bem os conheço, e conhecendo eles, bem melhor do que o escriba, os protagonistas, muito provavelmente ficaram pior esclarecidos.

Assim sendo, e porque parecem evidentes as atrapalhadas declarações, a pergunta que se coloca não é a de saber se o zoólogo Paulo Pinto tem as tais capacidades para o exercício do cargo. De facto, após tão escassa justificação, e por causa dela, a pergunta é mesmo a de saber se o zoólogo Paulo Pinto teria sido nomeado director da dita escola profissional se não fosse marido da vice-presidente da autarquia que tutela a mesma.

Teria?