16 novembro 2011

Da Autonomia da RTP-Açores


Foram divulgadas as conclusões do grupo de trabalho liderado por João Duque, relativamente ao futuro do serviço público de televisão e rádio em Portugal. Das várias recomendações, interessa-nos as que se referem aos Açores, que vêm emparelhadas com a Madeira, já num claro sinal de centralismo, naquela já conhecida mania de meter tudo no mesmo saco. Diz então o relatório que os dois centros já cumpriram a sua missão histórica de afirmação das autonomias e de ligação entre si e ao Continente. Afirma, no entanto, que essa missão está acabada, uma vez que existe a tendência para os poderes políticos das regiões tornarem cativos os canais.

Em português corrente, o grupo de trabalho, entre uma condescendente palmadinha nas costas, diz que a RTP-Açores é para fechar, porque já não faz sentido a sua existência e porque é alvo de instrumentalização por parte do governo regional.

Só quem não conhece a nossa realidade arquipelágica é que pode afirmar que o papel da RTP-Açores está acabado. Obviamente que não está. O serviço público de televisão nos Açores tem ainda um papel fundamental a desempenhar no nosso desenvolvimento. Aliás, tal como a nossa Autonomia, a RTP-Açores está agora no começo. Durante anos Lisboa impediu-nos de construir e de cimentar a nossa unidade açoriana, sempre numa lógica de dividir para reinar e assente numa política de aperto económico. Com o advento da Autonomia os Açorianos finalmente uniram-se em redor dum projecto comum. Neste contexto, e porque a Autonomia jamais estará acabada, a RTP-Açores continua a ser essencial.

No entanto, apesar da RTP-Açores ter ajudado a construir a Autonomia, não é, ela própria, autónoma, nem, tão pouco, faz parte do pacote que constitui a Autonomia. Porque ser-se autónomo é ter-se a capacidade de decidir e gerir sobre aquilo que nos diz respeito, como melhor entendermos. E como agora se vê, os açorianos estão arredados do processo de decisão sobre o futuro da sua televisão. E isso acontece por uma simples razão: não somos nós, Açorianos, através do nosso governo próprio, que financiamos a RTP-Açores. Se queremos decidir como será o serviço público regional de televisão, temos que assegurar, também, o seu financiamento. E neste contexto não podemos deixar de apontar alguma incoerências graves ao governo regional que, aliás, contribuíram e muito para que se tivesse chegado a esta situação.

O governo regional socialista, talvez numa lógica de luta partidária, recusa-se a entrar no financiamento da RTP-Açores, permitindo este triste processo de empobrecimento a que aquela instituição tem sido votada. No entanto, o governo regional já deu um financiamento de 450 mil euros à RTP-Açores para fazer face aos cortes de Lisboa. Mas é preciso mais. Ora, para um governo que gasta milhões diariamente, em coisas que não têm nenhum retorno para os Açores, como um site na internet que custou já mais de um milhão de euros, seria aceitável investir mais na nossa televisão regional, que nos presta um serviço essencial. Além disso, o próprio César já disse que é favor que o governo regional intervenha em empresas privadas para salvaguardar os respectivos postos de trabalho. Se o governo interveio, por exemplo na conserveira Santa Catarina com mais de 30 milhões de euros, porque não fazer o mesmo na RTP-Açores, garantindo, por um lado, os postos de trabalho que são fundamentais ao seu funcionamento e, por outro, a manutenção dum serviço que é indispensável para os Açorianos?

O serviço de televisão nos Açores é capital para a nossa região. O seu futuro deve passar, porém, por uma grande reestruturação a todos os níveis. Desde o espaço físico, que já deveria estar todo centralizado no actual edifício da rádio em Ponta Delgada, até aos equipamentos que são obsoletos e desactualizados pesando na factura final do serviço, passando, evidentemente, por uma redefinição dos recursos humanos, numa lógica de se assegurar uma correcta relação vencimento/produtividade, tudo isto com o objectivo final de termos um serviço público de televisão e rádio eficaz e ajustado à nossa realidade. Em relação ao financiamento, a nova RTP-Açores deverá ser detida maioritariamente pelo governo regional, mas com possibilidade de participação de outras entidades publicas ou privadas regionais. Deve ser financeiramente autónoma e independente para não estar à mercê das tendências controleiras de quem estiver no poder.

5 comentários:

Luís Paulo Rodrigues disse...

Quanto à limitação da informação nos meios públicos “ao essencial”, para evitar “a intervenção ilegítima ou eticamente reprovável dos diferentes poderes na informação da rádio, TV e agência do Estado”, considero uma ideia absurda, porque significa um atestado de incompetência às direcções editoriais dos meios de comunicação públicos e prenuncia o fim do serviço público de informação. Basicamente é isto: se um meio de comunicação estatal só difunde as inócuas notícias de agência limitadas o mínimo, deixa de ter razões para existir. Donde, é o fim do serviço público de informação.

Anónimo disse...

Seria bom perguntar à Drª Berta, a sua opinião sobre o ministro Relvas e as soluções que propõe para a RTP.

Anónimo disse...

hoje o osvaldo cabral botou faladura no correio dos açores. como se esperava foi igual a ele proprio. nada de novo a nao ser repetir ideias de outros. foi este homem diretor. é este homem bem pago para vermos um misero programa por semana. assim a televisao nos Açores nao vai a lado nenhum

Anónimo disse...

Uma coisa é pessoas que n trabalham nem tem nada das suas vidas que dependem da RTP a falarem do assinto outra é tipos como o Osvaldo Cabral. Mas afinal o que faz esse tipo? Aquele mísero programa semanal? Mas alguém que perceba do assunto que diga aquilo é muito difícil ao ponto duma pessoa n fazer mais nada? Quanto ganha esse Osvaldo Cabral? E depois realizadores quantos sao o que fazem? Operadores? Administrativos? Jornalistas, pelo menos dos que trabalham, nos sabemos mais ou menos quantos sao pq os vemos. E será que há outros que nem os vemos? E os da radio? Quantos sao? O que fazem? Quanto ganham? Nos açorianos, razao pela qual a RTP acores existe, queremos essas respostas. Depois disso e com base nas conclusões que sairão dessas respostas podemos partir para construir a nova tv pq realmente é essencial para os acores disso sem duvida. Mas como em quase tudo os parasitas viram uma coisa qu era essencial e aprOveitaram se dela. Fora com eles!!

Anónimo disse...

po´rque é que o osvaldo cabral não faz jornalismo como os restantes? porque é que nao pega no microfone e vai para a rua fazer entrevistas? é descer de nivel? é por isso que o pais está assim. julgam que por ter exercido um determinado cargo ja nao podem regressar ao anterior. por mim ele e ouytros como ele iam para o olho da rua. quantos milhares lhe pagam para nada fazer?