Olhamos agora, com a distancia e a frieza de análise que
apenas o tempo permite, para a sua nomeação para secretário da Economia e
olhamos para a sua nomeação interna para candidato pelo PS a Presidente do
governo regional dos Açores, e não podemos deixar de pensar que existe alguém
que quer sacrificar Vasco Cordeiro, em nome de outros interesses.
Senão vejamos, Vasco Cordeiro foi nomeado Secretário da
Economia para suceder a Duarte Ponte, e com enormes desafios pela frente. Na
altura, a maioria dos analistas políticos dos Açores disseram, e bem, que ou
Vasco Cordeiro faria um brilharete na Economia, resolvendo todos os problemas
que o seu antecessor tinha deixado, ficando assim com credibilidade própria
suficiente para vir a suceder a César, ou então ia para a Economia para se
afundar. Em ambos os casos, a colaboração por parte de César seria fundamental.
A verdade é que passados quase quatro anos, os principais
problemas que Vasco herdou mantêm-se ou pioraram. Na questão do transporte
marítimo inter-ilhas o problema mantém-se. Depois do fiasco dos Estaleiros
navais de Viana, continuamos a não ter uma política estruturada para a área, o
que exige o aluguer anual de navios no exterior. Já se gastou o suficiente nessas
operações para mandar construir uns 4 navios.
A outra principal área tutelada pela Secretaria da Economia
são os transportes aéreos. Aí a situação complica-se e de que maneira para
Vasco Cordeiro. As passagens hoje estão caríssimas, a rondar os 300 euros, e
castram o nosso desenvolvimento tanto ao nível das exportações como ao nível do
turismo.
Para piorar a situação e na óptica da tramóia que Vasco está
a ser alvo, passados apenas alguns dias da sua saída da Economia, a Secretária
que o sucedeu, Luísa Schanderl vem anunciar um novo e revigorado esforço do
governo regional para renegociar as obrigações de serviço público e assim poder
baixar os preços das passagens. É, no mínimo, de estranhar.
Mas, adiante. Portanto, o que temos é a certeza que a ida de
Vasco Cordeiro para a Secretaria da Economia representaria um risco bastante
grande e que o resultado foi mau. Saiu pior do que estava quando entrou. Ainda
assim, o PS decidiu escolher Vasco para concorrer à Presidência do Governo
regional dos Açores, numa decisão interna, tomada entre 3, no máximo 4 pessoas.
Tratou-se de um caso inédito e ainda totalmente incompreendido para a maioria
dos açorianos, inclusivamente para a maioria dos próprios militantes
socialistas. Nunca se tal viu: um candidato que nem é líder do seu partido. O
normal seria haver um congresso e haver eleições internas para que os
militantes do PS escolhessem o seu novo líder que depois e naturalmente seria o
seu candidato. O mais certo, aliás, era que Vasco ganhasse as eleições internas
e fosse eleito o novo líder socialista, mas alguém decidiu retirar-lhe essa
legitimidade democrática, que agora tanta falta lhe faz.
Estes são os factos, agora vamos à respectiva
interpretação. Quem decidiu colocar Vasco Cordeiro na Secretaria da Economia,
sabendo que dificilmente sairia bem sucedido? Quem não colaborou com ele de modo a não ter sucesso na pasta da Economia? Quem o escolheu para ser o candidato a
Presidente pelo PS, sem direito a eleições ou a congresso? A resposta é sempre
a mesma: Carlos César. Foi César quem decidiu que as coisas se iriam passar
todas assim. Custa acreditar que o próprio César tenha um plano que passa pelo
PS perder o poder, mas se pensarmos bem, pode-lhe ser conveniente, na lógica
maquiavélica que, aliás, regula toda a sua acção política.
Porque, César deve ser das únicas pessoas que sabe realmente
o verdadeiro buraco das contas públicas açorianas e, como se vê, está a ordenar
uma política de gastar tudo agora para o que vier depois pagar a factura.
Some-se a isso a impossibilidade de César se recandidatar por imperativo legal
e as conhecidas tendências dinásticas e temos os condimentos todos para uma
receita que passa por deixar Vasco Cordeiro arder no espeto em Outubro, para
depois surgir um novo ou velho revigorado líder para o PS, que deverá salvar os Açorianos das medidas impopulares que ele julga serem necessárias tomar pelo novo governo. Mas há um senão neste plano, é que, tal como aconteceu com Sócrates no continente, também aqui, as pessoas vão perceber onde moram as responsabilidades de cada um. As coisas até podem nem ser de todo assim, e não há nenhuma conspiração, mas isso aí revelaria era enorme incompetência e desleixo por parte do PS. Não se pode é usar assim as vidas das pessoas em jogadas palacianas pelo poder.
2 comentários:
A decisão de não ir a eleições, apesar de pouco ou nada democrática, até foi sensata do ponto de vista de estratégia política. Porquê?
É sabido que existem algumas tribos dentro do PS-a, tal como em outros partidos.
As eleições teriam explicitado as divisões internas. Teriam publicitado algo que não é benéfico do ponto de vista eleitoral (olha, eles não se entendem!!)
César, politicamente falando, é muito astuto.
Podes acusá-lo de não ter sido muito democrático, mas foi muito astuto. Quanto a isso não há dúvidas.
Há já algumas semanas, enquanto passeava pelo norte desta nossa lindíssima ilha, conversei com umas pessoas acerca de Berta Cabral. Muitos parecem apoiar a lider do PSD-A. Disseram-me que Vasco Cordeiro "não inspira confiança." Quando lhes perguntei porquê, disseram-me que "é muito político e que fala muito, etc"
Muitos daqueles com quem falei votaram PS nas últimas eleições. Isto vale o que vale. Não é um estudo cientifico da coisa. Mas não deixa de ser interessante.
"Não se pode é usar assim as vidas das pessoas em jogadas palacianas pelo poder."
Estais preocupado com as maldades que fazem ao Vasco?
Ó Rui, não percebes que esta falsa preocupação só te denigra a ti???????
A tua análise é simplesmente absurda: então achas que outro líder surgirá e que a nomeação dinástica do Vasco foi uma simulação maquiavelica???
O que é que andas a tomar??????
O que ganharia César e o PS-A com estas simulações ridículas ???
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