02 março 2013

A coerência e a Lei das Finanças Regionais

Não é um drama para os visados, o facto de o PSD nacional ter decidido agir disciplinarmente contra os deputados sociais democratas açorianos na AR, por estes seguirem a sua consciência e as diretrizes do presidente do PSD/A, e votarem contra a Lei das Finanças Regionais,  lei que penaliza os açorianos. Trata-se de uma acção coerente com aquilo que já tinham feito em 2007, ou seja, votar em ambas as ocasiões contra uma lei que prejudica os Açores. E disseram-no claramente. E o presidente do PSD/Açores disse-o com toda a frontalidade no encerramento do Congresso do PSD/Açores ao primeiro-ministro ali presente. Fica mal ao PSD nacional o anátema do delito de opinião, sobretudo quando a sua história é rica na diversidade e pluralidade opinativas que foram determinantes, primeiro, para a sua afirmação e sobrevivência e, depois, para a sua grandeza nacional. Sá Carneiro foi neste âmbito o protótipo e melhor exemplo de democracia interna. Por isso, mais grave se torna o recurso à estrita legalidade, quando o que está em causa é do foro estritamente político.  
 
No entanto, e pior, drama, drama, deverá estar a acontecer algures entre o Palácio de Santana e o Bairro da Vitória. Com efeito, se bem nos lembramos, quem negociou com a troyka a redução do diferencial fiscal de 30% para 20% foi José Sócrates, primeiro ministro à época, com a bênção e aplauso de Carlos César, em prejuízo dos Açores. Os mesmos que na altura anuiram à redução do diferencial fiscal, andam agora ufanos no afã da recém descoberta dos Açores, como se os culpados da questão fossem outros que não eles.

No desnorte, porque razão o conceito de coerência diverge daquele que comummente é definido nos dicionários de português mais banais? Doutro modo, porque são agora oposição votam não porque não, pois se fossem governo votavam sim porque sim, seguindo uma ordem apenas de interesse partidário?!

Porque os Açores e o seu povo são mais importantes do que um cata-vento que gira ao sabor da trica e da conveniência do momento político, a afirmação ou a restrição da Autonomia pratica-se nestes momentos. Quem está e sempre esteve do lado dos açorianos? Os factos falam por si, hoje, 2 de Março de 2013.
 

5 comentários:

Manuel Araùjo disse...

Muito elucidativo este artigo
Pena não chegar ao Povo.

Anónimo disse...

caro Manuel Araújo, cabe-lhe a si contribuir para a sua divulgação.

JG

Anónimo disse...

Caro José Gonçalves
Aparentemente tem lógica as razões referidas no texto,e é sempre bom uma atitude coerente mesmo tardia, do que manter e premanecer no erro contra o Povo Açoriano.
Mas será que os deputados, PSD, dos Açores, foram assim tão defensores dos Açorianos contra o Governo de Passos e mesmo da Presidência de Cavaco Silva,(no mínimo em relação o estatuto autonómico dos Açores?)nas atitudes incompreensíveis de quem interrompeu as suas férias para atacar os Açores e se mantém em férias(mesmo estando formalmente em actividade)contra os furacões governativos do governo Passos e Gaspar, que têm arrasado o Povo, sem que Cavaco diga nada...
Se o PSD Açores estava tão contra, os ataques ao Povo Açoriano, porque não votou contra o orçamento?
Em suma não aplaudo o seu post, não que não esteja de acordo com ele, mas porque com o devido respeito, ele não passa duma forma envergonhada de fingir estar contra o Governo Nacional, mas aproveitando unicamente a boleia para defender o marasmo e o oportunismo de quem não quer efectivamente varrer o marasmo e o status Quo, da clique dirigente do PSD Açoriano.
Face a uma tempestade, não basta ficar sentado,( criticando a falta de medidas preventivas ou pro-activas do vizinho,) a espera que a crise passe no nosso quintal.
Saudações
Açor

Anónimo disse...

Açor

Essa nem parece sua! Leu o meu comentário de 24 de Novembro de 2012. convido-o a relê-lo! O que aqui está em causa, nada tem a ver com isso. Trata-se de falar de coerência e não de pessoas e, goste-se ou não, há quem seja coerente e há quem seja incoerente. Estão ali bem retratados. Desviar o assunto para o acessório, parece-me um pacto, no mínimo tácito e espero que involuntário, com quem "prega" a açorianidade e as sua idiossincrasia geográfica, económica e social, e na prática a chuta para o lixo, quando estão em causa interesses restritos.

Saudações açorianas e democráticas
JG

Anónimo disse...

Caro José Gonçalves
Reli o seu texto de 24/11/2012 e como sabe, estive totalmente de acordo consigo e até teci alguns considerandos sobre a vida do PSD(mesmo não sendo do seu partido)pós derrota eleitoral, não sei se foram seguidos, mas julgo não errar, se dizer que eram(modéstia à parte) bons conselhos...
Eu não digo que o PSD Açores foi incongruente nem incoerente em relação aos interesses do PSD regional, disse sim que o foram em relação aos interesses do Povo Açoriano, ao não votarem contra o Orçamento do Governo de Passos Coelho, como fez o deputado da Madeira, e isto porque não votar agora é estar de acordo com os interesses dos autarcas Açorianos e nestes se incluem, muitas autarquias do PSD.
Sabemos que agora as relações PSD Açores e PSD Nacional, estão muito mais frias, devido entre outros à derrota de Berta Cabral, mas as maledicências do Governo de Passos para com os Açores eram de forma a existir uma mais forte oposição, que não fosse concretamente naquilo que afecta directamente as autarquias laranja regionais.
Foi neste contexto que escrevi que a coerência foi inferior às necessidades e até à pouco não existia nenhuma voz do PSD Açores contra o Governo Nacional.
Como sabe não considero que a incoerência e a má governação sejam atributo exclusivo do PSD, neste pormenor e nos essenciais PSD e PS não se afastam muito, sobretudo a nível Nacional, já que no que respeita aos Açores, quer se goste ou não, as diferenças são maiores, sem contudo deixarem de se copiarem aqui e ali, nos maus exemplos.
Saudações
Açor