25 setembro 2006

Ocidente vs. Islão

O tão badalado discurso do Papa foi, como de costume, mal interpretado pelos muçulmanos. Como já todos sabemos tratou-se apenas de um discurso académico e, além disso, foi uma citação.

Quem não se lembra das reacções dos muçulmanos aos cartoons? Quem não se lembra de Salman Rushdie? E tantos outros exemplos que podem ser dados das reacções da chamada ‘rua árabe’ a actos que não são mais do que consequências da liberdade de expressão, que foi conseguida com tanto esforço pelo Ocidente.

Posto isto, a pergunta que se impõe é: porque é que temos sempre de pedir desculpa? Que superioridade moral têm os muçulmanos para exigirem desculpas, quando são eles que não respeitam os direitos dos homens, subjugando as mulheres?

De facto, a questão dos direitos das mulheres é algo que afecta directamente o Ocidente. Isto porque a emancipação da mulher teve como consequência, no Ocidente, a redução do número de filhos por família, que levou a que, hoje em dia, a população ocidental esteja envelhecida em relação à muçulmana. Este facto, acrescido do facto da maioria das sociedades muçulmanas serem teocráticas e com economias muito débeis, leva a que haja um fluxo migratório maciço e constante dos jovens dessas sociedades para os países ocidentais. Os autores dos atentados a 11 de Setembro viveram e estudaram, a maior parte das suas vidas, em países do Ocidente, os autores dos atentados em Londres viviam na Inglaterra.

Portanto, estes pedidos de desculpa e essas ofensas, não me parecem ser mais do que areia para os olhos, desviando a atenção de grande parte dos ocidentais para os verdadeiros problemas.

4 comentários:

Pedro Lopes disse...

Caro Rui, estamos regressando ao passado.
enquanto nós, os chamados ocidentais, primamos pela liberdade de expressão (que não "mata" ninguém), pela igualdade (que não é mais do que justiça) e por uma sociedade laica, livre de poderes religiosos, outros, os fundamentalistas muçulmanos, teimam em alimentar ódios religiosos e anti-ocidente.
Não podemos castrar as nossas liberdades, sob pena de nos subjugarmos a uma "Lei Islâmica", que parece querer uma nova cruzada.
Só assim se compreende que quem nasce e cresce num país livre e sem censuras, se possa converter num mártir por uma causa a que chamam, guerra santa. Guerra santa???Parece-me um claro contracenso.

Mesmo que Bin Laden esteja morto, e o Afeganistão (semi)livre dos talibãs, a semente está lançada....e até já crece no Ocidente.

Cumprimentos

Rui Rebelo Gamboa disse...

O choque de civilizações não existe, como muitos dizem, mas esse tipo de reacções vai levar a que cada vez mais gente extreme posições.

Ontem isto tava tudo estranho, por isso o post saiu 3 vezes.

Pedro Lopes disse...

Pois é Rui, o choque de civilizações, quase se poderia denominar choque de religiões, está adormecido desde que o mapa Mundo parou com as suas constantes alterações.
Mas o que eu sinto é que essa hibernação está a acabar, pois a guerra ao terrorismo começa a ser confundida com uma guerra contra os muçulmanos. Claro que esta tese interessa aos extremistas Islâmicos, pois assim ganham mais aliados e, por vezes, até o apoio de Governos de países muçulmanos, como o caso da Sìria.
Não vou aqui falar da, eventual, cilpa de Bush nesta "confusão", pois é um debate extenso.

Vou antes opinar sobre uma Ópera de Mozart em Berlim, que foi cancelada pelos directores do teatro onde iria á cena, pois na sua representação haviam cenas suscéptiveis de ferir a religiosidade dos muçulmanos. Isto sim é ceder aos "caprichos" dos extremistas Islâmicos que querem implementar no Ocidente, pelo MEDO, as suas ideologias e vontades. EStão a dar-nos ordens, pelo MEDO, e nós cedemos cancelando espectáculos, censurando cartoons, criando nos artistas como que uma auto censura inconsciente (para não enfurecer e ofender os "muçulmanos")e começando a viver com o fantasma dos homem-bomba, que pode estar em todo o lado, matando em nome de uma guerra santa contra o (estilo de vida do) Ocidente.

Com medidas destas, e com retiradas de tropas cedendo a chantagens de terroristas (Zapatero, Espanha, Ofeganistão), o poder dos terroristas aumenta e senten-se estimulados por estas pequenas vitórias.~

Não vamos agora começar a ofendê-los, só para mostrar que somos muito respeitadores da liberdaee de expressão e democratas.
Mas o que eu não admito é que começémos a auto-censurar-nos para lhes fazer a vontade, para que não se zanguem.

Pedro Lopes disse...

Entretanto li, que o, qualquer coisa como, vereador da cultural de Berlim, ordenou à directora do teatro onde iria passar a dita ópera de Mozart, que a voltasse a colocar na programação daquela casa de espectáculos.
Pelos vistos a cabeça de Maomé vai aparecer, ao lado de outras(entre as quais a de Jesus Cristo), no palco, para quem a quiser ver.
Também fiquei a saber, que na versão original dessa ópera, não consta a "cena das cabeças". Esta, é uma criação do encenador. O que só prova que, a não ir a cena, esta ópera seria castradora da liberdade criativa do seu encenador.

Não nego que fico a aguardar com alguma ansiedade a estreia dessa ópera de Mozart....por muito que me custe admitir, por medo do que os radicais islâmicos possam fazer, em especial depois do eco que teve esta noticia.É triste.!