O debate sobre a RTP-A começa finalmente a fazer-se. O elemento catalizador foi a entrevista do actual director ao Terra Nostra, onde, entre outras coisas, orgulhou-se do "corte de cabeças" que fez. Em resposta, ou talvez não, Joel Neto escreveu um artigo no Açoriano Oriental afirmando que o actual director "não é nem um director nem um administrador – é o presidente de uma comissão liquidatária", que tem como objectivo final acabar com o canal açoriano. Sinceramente, não acredito.
Mas o debate continuou e passou (via foguetabraze) para o blog Sete Vidas Como os Gatos, onde Rui Vasco Neto faz uma análide digna de ser lida com atenção. De entre os vários aspectos relevantes que RVN faz referência, realço apenas um que diz respeito à situação da RTP-A no passado recente "A actual (dos últimos anos) programação da RTP/A é absolutamente inacreditável, só vendo, mesmo. Produção própria miserável e miserabilista, alguns apresentadores inenarráveis (outros de excelente qualidade), reportagens da tanga, tangas nas reportagens, produção externa de brincadeirinha, gravada e editada em suportes técnicos amadores, cenários de TCB (Tv Cá do Bairro), pobreza franciscana de colaborações, estreiteza de vistas (...)". Demolidor, de facto.
Algo teria necessáriamente de mudar. Não vale a pena falar mais no passado e nos interesses instalados, por muito ruido que possam produzir no debate que se espera. O importante é saber o que fazer com este instrumento vital para os Açores e para os açorianos. Como melhorar a oferta aos telespectadores, numa realidade cada vez mais competitiva, em que a maioria dos lares têm TV Cabo. É isso que interessa aos açorianos e em torno disso que deve se centrar o tão desejado debate. A blogosfera açoriana produz muito maldizer, mas ocasionalmente tem boas ideias, como aqui se confirma. Aparentemente, boas ideias não faltam, o problema final e recorrente é a falta de fundos, como melhorar a qualidade da programação regional se não há dinheiro? Se for preciso, e se isso servir para reduzir gastos desnecessários, para os concentrar nas tais boas ideias regionails, então reduza-se o tempo de emissão: menos, mas melhor RTP-Açores.
5 comentários:
Meu caro, uma coisa é certa; o debate está lançado, e não terá cobertura televisiva :)
Quanto à questão que colocas no final do post - a da redução do tempo de emissão -, não sei se trará grande coorte nas despesas da RTP-A, pois são (quase) sempre programas repetidos e muito tempo de emissão preenchido com a Euro News.
Desconheço se, nestas condições, fica muito dispendioso manter o sinal aberto.
A questão pode colocar-se pela necessidade de ter profissionais nos estúdios enquanto dura a emissão.
O JVN diz que não há, na RTP-A, um departamento comercial, e que parece não haver interessados (ou talvez não se busquem) em publicitar os seus negócios e empresas no canal Regional. Seria uma maneira de buscar receitas prórpias.
Que está amorfo (o canal Regional); está!!
Mas o debate à volta da cura para as meleita de que padece, ainda agora começou.
Em qualquer caso, eu sou favorável à manutenção da RTP -A, mas não nos moldes actuais. Há que mudar, há que melhorar (e muito) disso não tenho dúvidas
Não, a RTP-A tem que continuar e vai continuar, tenho a certeza. Seja como está actualmente, seja com mudanças. Como escrevi no post, não acredito que o objectivo do actual director seja fechar o "nosso" canal.
Não sendo um especialista na matéria, acho que é dos livros que qnd uma empresa (qq q seja) está com dificuldades financeiras, tem que reduzir custos e gerar receitas. Gerar receitas, no caso da RTP-a será difícil, apesar do que escreve RVN. Acredito que com a implantação de um departmaneto comercial, possam ser geradas algumas receitas, mas nunca o suficiente para aquilo que é necessário. A RTP-A será sempre dependente. Agora, quem paga deve querer ver o dinheiro gasto de melhor forma, digo eu. E quando falo em redução de horas de emissão, falo evidentemente, em redução de pessoal, ou uma re-qualificação de pessoal. Falando numa liguagem mais popular: por a rapaziada que não faz nada a trabalhar. E parece que o Bicudo já anda a fazer isso, que mais não seja atravé do impacto psicológico que o tal "corte de cabeças" teve em quem ficou.
Mesmo que a redução de horas de transmissão não acarrete redução de custos, deveria acontecer. Porque, os açorianos não gostam de "mudar" para a RTP-A e ver séries e noticiários repetidos. A abertura às 18.00 traria uma maior expectativa ao telespectador. Por outro lado, a redução de horas de transmissão evitaria a actual situação de "encher chouriços", para ter as horas de emissão que têm. A escolha teria de ser mais selectiva, o que faria com o que fosse transmitido fosse o melhor.
Enfim, não sou especialista na matéria. Mas dou a minha opinião enquando telespectador e açoriano que quer a RTP-A como um elo de ligação entre os açorianos dos Açores e do Mundo. Não tenho qualquer problema se estas ideias forem provadas como erradas, desde que haja outras que tirem a "nossa" tv do buraco em que está. O pior é que neste debate não vejo criticas construtuivas, tu retiraste do texto do RVN a única parte em que ele fala para o futuro da tv e eu coloquei a ligação de um comentário que tb o faz. De resto, é dar para baixo, ataques pessoais, manias de superioridade cultural detestável, que em nada contribuem para o futuro.
meus senhores,
Os meus cumprimentos.
Rui, fico grato pelo eco, em nome da troca de ideias. Por isso mesmo deixo aqui o repto: entrem na dança, tragam as vossas ideias e atirem-nas para a mesa. Todas as ideias dignas desse nome são bem vindas por mim e por quaklquer pessoa que queira ver luz no debate e não ser a luz do debate. E bem precisamos de um.
Se aceitarem o convite todos ganharemos. Ninguém tem o monopólio da razão nem da inteligência. Elas surgem por si só, exactamente na troca de ideias.
Um abraço aos dois.
rvn
Caro Rui Vasco Neto,
Li atentamente toda a caixa de comentários do post que escreveu sobre a RTP-A (até à hora que escerevo, evidentemente) e digo-lhe sinceramente que, apesar de ter tido vontade de comentar no começo, neste momento já não tenho. Um dos seus últimos comentários (aquele mais elaborado em que enumera alguns pontos) resume quase tudo o queria ter dito.
Relativamente ao tão desejado debate sobre o futuro da RTP-A, tal como previa, não aconteceu, porque debate pressupõe duas partes a discutirem o mesmo assunto. Mas registo com agrado todos os contributos que deu para o tema que queremos debater. Na altura em que escrevi este post, poucos contributos construtivos tinham sido postos em cima da mesa, tal como disse, mas o RVN enriqueceu o debate com ideias de como fazer da RTP-A um canal viável, mas que seja ao mesmo tempo, serviço público para os açorianos.
Tenho pena de não poder contribuir mais para este debate. A minha opinião é a que manifestei. Sou apenas um telespectador, não conheço o interior da televisão. O que posso fazer é ouvir (neste caso é ler) o que as diferentes partes têm a dizer sobre o assunto e daí retirar algumas conclusões. Pena que neste caso, apenas uma parte tenha mostrado os seus argumentos. Mas haverá outro lado? Haverá forma de contra-argumentar o que disse? Quero pensar que sim, mas receio que não. Receio que o outro lado esteja de "rabo preso", por isso resvala para o ataque fácil (se bem que elaborado).
Por isso, aceite os meus mais sinceros cumprimentos e deixe-me que lhe diga que espero vê-lo de regresso ao ecrã ao mais rapidamente possível, se for esse o seu desejo. E melhor seria que fosse na sua, na minha, na nossa RTP-A. Um abraço.
Caro Rui,
Peço a sua licença para transcrever este seu comentário na caixa da discussão. Ou melhor, pergunto-lhe se não o quer fazer você próprio com o seu link ou sem ele. Porque se não o autorizar não o farei, obviamente. Só que entendo ser a altura para por cartas na mesa, sem chiliques nem melindres seja de quem for.
Faça ou não, fico-lhe grato pela atenção. Mesmo, sem tangas.
Um abraço.
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