O absurdo dito de um ministro

«Entre todos os desempregados qual é sector de qualificações que tem proporcionalmente menos desempregados, onde as pessoas estão desempregadas menos tempo, onde arranjam mais facilmente emprego? É nos licenciados»

Com esta premissa de uma equação incompreendida, ontem fiquei gago de humor, depois de horror e finalmente de náuseas, tal era a lata convicção com que o entrevistado (parabéns, leu as aventuras do senhor Hacker) respondia às evidências do entrevistador .

Pior, à medida que avançava a entrevista na RTPN, os espasmos impediram-me de falar e, após, de pensar o que quer que fosse, tão irreais eram as tiradas do ministro do Ensino Superior, (por que carga de água isto não é uma simples secretaria de Estado?) como aquela de que aumentaram as vagas em Direito porque só há 3% de licenciados desempregados e, supremo, porque os licenciados em Direito que trabalham em call-centers estão em transição para outro emprego (não sei bem para qual, mas, muito provavelmente, transitam para caixas de hipermercados ou para a recolha de lixo).

Há falta de médicos e o aumento de vagas é inexistente?! Isso é informação incorrecta e não passam de ideias perigosas de médicos(!) que apenas percebem da sua clinicazinha ou da sua especialidadezinha, sem uma noção ampla da realidade. Esta coisa de definir a política do ensino superior não é para esses ígnaros. Não, não, ele, engenheiro Mariano, do alto das escadas do Técnico, é o único que vislumbra a política global para o ensino. Por isso se ele, Mariano, diz que o que o país precisa é de mais licenciados em Direito e não de médicos é porque é assim! Ponto! Afinal, no meio de tantos, ele é o único que marcha no ritmo certo.