29 novembro 2010

Endividar, a História Recente dos Açores.

A semana que passou ficou marcada pela discussão e aprovação do Orçamento da Região para o ano de 2011. Em traços gerais, o Orçamento apresenta mais do mesmo, em relação ao que tem sido a política recente seguida nos Açores, bastando, para tal, dizer que 45% do Orçamento destina-se a cobrir as despesas de funcionamento dos diferentes organismos e que 22% destina-se a garantir as despesas com pessoal. Ou seja, a máquina governativa nos Açores manter-se-á grande, muito grande, a absorver quase metade do Orçamento regional.

O sinal é claro: o Governo faz questão em ser o principal empregador na Região, monopolizando e fazendo depender de si próprio um enorme número de famílias açorianas. Este é o maior Governo de sempre, com secretarias, direcções, observatórios e empresas públicas, muitas empresas públicas, que têm administradores, presidentes, vogais, assessores, secretárias, que ocupam espaço, que consomem energia, água, bens informáticos e tudo mais que é necessário ao seu funcionamento. Basta dizer que em 1996, quando Carlos César chegou ao poder existiam 13 empresas públicas, actualmente são 63. Mais, em 1996 o Governo era composto por 6 secretários regionais, hoje são 12. No entanto, e porque os serviços e organismos públicos da região, à excepção de um ou outro, não produzem riqueza, o caminho é endividar, de modo a manter o monstro vivo. E quanto mais o monstro come, maior fica e mais precisa para se manter.

E foi exactamente no debate sobre o Orçamento da Região, na casa da Democracia Açoriana, que se ficou a saber o enorme buraco de dívida em que o PS meteu a Região. O deputado Duarte Freitas do PSD fez as contas e chegou à conclusão que, ao todo, os Açores devem 2.5 mil milhões de euros.

Claramente tocado e afectado perante a enormidade que os números revelam, Carlos César tentou justificar-se, usando, para tal, uma outra técnica antiga, a descredibilização da oposição. Mas desta vez o tiro, e usando as palavras do próprio César, “feitiço virou-se contra o feiticeiro”. É que, na verdade, o que César fez não foi mais do que comprovar as contas que o PSD havia apresentado.

Mas vamos aos números para que não restem dúvidas. É o próprio Carlos César que diz que a dívida Açoriana era de Mil e quinhentos milhões de euros, à data do final de 2009. Acrescente-se a esse valor, as parceria público-privadas, que custam 450 milhões de euros e onde se incluem os 350 milhões que custarão as SCUT em São Miguel e chegamos a um valor próximo dos 2 mil milhões. Ora, se estes valores reportam-se ao final de 2009 e tendo em conta o crescimento consistente que se tem observado nos passivos nos últimos anos, é apenas normal que o valor da dívida dos Açorianos seja hoje os tais 2 mil e 500 milhões de euros.

Agora, duas questões levantam-se, que respondidas, permitem-nos compreender a verdadeira prioridade deste governo do PS. Em 1º lugar, o que se conseguiu com este endividamento? Quem beneficiou? Estou certo que a larguíssima maioria dos açorianos está pior hoje do que estava há dois ou três anos atrás. Os preços estão mais altos e os nossos rendimentos ou mantiveram-se, ou desceram. Por outro lado, o desemprego está a atingir números nunca vistos nos Açores. Portanto, este brutal endividamento não beneficiou a população dos Açores. Em 2º lugar, porque razão o Governo escondeu durante tanto tempo esta realidade relativa ao endividamento? Há requerimentos feitos na Assembleia Legislativa Regional a pedir as contas das empresas públicas dos Açores que simplesmente não têm resposta. Quando alguém esconde o que quer que seja, é porque sabe que está errado.

Tal como Sócrates no continente, César nos Açores governou mal e apenas para alguns. Os Açorianos, além de terem menos dinheiro no bolso, têm uma dívida tremenda em mãos. Não nos podemos iludir mais: esta dívida é nossa, apesar de não tirarmos proveito dela, somos nós, os nossos filhos e netos que a terão de pagar!

Está a cair de podre.

1 comentário:

Cabeça de Touro disse...

Tens razão.

Só em Ponta Ponta Delgada temos dívidas até 2075.

No lugar das «bertinhas» ainda vamos ver carroças puxadas por bois do «ramo grande» dum lado para o outro.

Aqueles bois da festa do Espírito Santo ainda vão dar um jeitão à autarquia!