Da Soberania dos Estados
“O que se modifica é o próprio conteúdo clássico de soberania, porque os Estados não se mostram organizações capazes de prosseguirem, com a autonomia do passado, os fins clássicos da defesa, justiça e cultura. O resultado é que o internacionalismo tende para inspirar outras formas de organização política, das quais parecem detectar-se já as seguintes: autoridades supranacionais ou internacionais, que absorvem parte da tradicional competência dos Estados; pulverização dos Estados em regiões com mais ou menos autonomia, constituindo células que podem agregar-se em novas definições políticas; grandes espaços que superam a incapacidade dos Estados”
Adriano Moreira, Ciência Política, Almedina, Coimbra, 2001
5 comentários:
Continua em grande forma, o professor. Pelo Menos nas cambalhotas ideológicas.
De Salazarista, a conservador, democrata-cristão, inspirador do velho CDS, agora a Europeísta Federalista (ou coisaa que o valha!).
Há homens assim: sempre atentos à direcção dos ventos da história, que se apressam a seguir...
Caro Tiago R.,
Eu, pessoalmente, tenho enorme apreço pela pessoa do Prof Adriano Moreira. É das pessoas mais íntegras e coerentes da vida pública portuguesa dos últimos 50 anos, além de ser uma referência, internacionalmente, em termos de investigação em ciências políticas.
Penso que a forma como foi afastado do cargo de ministro do ultramar em 1961 e as reformas que implementou enquanto lá esteve, devem servir de exemplo da personalidade deste homem.
Em relação ao postal, a ligação remete-nos para um texto, que para mim é já lendário, do jacobino Vital Moreira, onde, entre outros ataques às autonomias, fala em conceitos como unidade estatal e soberania, totalmente alheado do novo quadro de organização política que emerge neste tempo. Estamos a forjar um novo paradigma, onde o Estado-nação, tal como o conhecemos no passado e tal como Vital Moreira entende Portugal actual, está a dar lugar a outras formas de organização, sendo que o espaço que o Estado ocupa está a ser tomado, por baixo, pelas regiões e, por cima, pelas organizações internacionais. É essa a minha interpretação do texto do Prof Adriano Moreira.
Rui
Não poderia estar mais de acordo, até porque acompanho os eritos de um e de outro, pelo que só posso dizer que subscrevo inteiramente o teu texto e as tuas considerações.
Caro Rui,
Penso que uma coisa é falar em regionalização outra coisa é autonomia. Porquanto, não vejo nenhuma contradição entre o que defende Prof. Adriano Moreira e o Prof. Vital Moreira.
Uma coisa é falarmos de regionalização, com a descentralização associada, outra coisa é falar de mais poderes autonómicos. E na regionalização está o Dr. Vital Moreira também de acordo, em moldes um pouco diferentes daqueles que foram sujeitos a referendo em 1998.
Saudações!
O professor Adriano Moreira é daquelas pessoas que é respeitada da direita à esquerda, até a mais «dura». Por isso aquilo que o Tiago R. diz só pode ser confusão com o professor freitas do Amaral. Foi isso, não foi Tiago?
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