06 maio 2009

"O lado oculto do país" by VB

O nosso caríssimo comentador Voto Branco enviou-nos um texto, para a caixa de correio do blogue, no passado dia 6 de Abril. Por razões difíceis de explicar, raramente consultamos a dita, pelo que só hoje vi o email. Portanto e com o devido pedido de desculpas ao Voto Branco, aqui fica o seu postal, que publico com grande satisfação:

"O lado oculto do país!

Os sucessivos governos são peritos em lançar medidas atrás de medidas, abrangendo todas as áreas sociais, ás quais nunca chegamos a saber os seus resultados práticos.

Ora vejamos,

O Ministério da Segurança Social e do Trabalho, lançou o Rendimento Social de Inserção (RSI), mais conhecido por rendimento mínimo, com o objectivo de diminuir as desigualdades sociais e permitir a todos os cidadãos uma vida digna.. Os resultados concretos nunca foram divulgados, a não ser o número de beneficiários que aumenta de ano para ano. Na prática o que esta medida proporcionou - em grande parte dos casos - foi o aumento das vendas de plasmas, LCD, antenas parabólicas, automóveis, motos, computadores e outros bens de primeira necessidade, continuando a aumentar as desigualdades entre ricos e pobres (alguns de espírito).

O mesmo Ministério lançou os Programas de Estágio na Administração Pública e Autarquias locais (PEPAP e PEPAL) de forma a auxiliar os jovens licenciados e não licenciados a entrar no mercado de trabalho. Os resultados desta medida nunca foram publicados, pois quase a totalidade desses estagiários ao final do ano de estágio voltou para o desemprego, já que nenhum ou quase nenhum organismo os pode integrar por falta de verbas, resultado da reforma da administração pública em curso. Na prática o que esta medida proporcionou foi diminuir por algum tempo as listas de inscritos nos Centros de Emprego e assim poder divulgar números “forjados” do desemprego.

O Ministério da Educação lançou os programas PER, PROFIJ e outros, todos com o objectivo de combater o abandono escolar e o insucesso escolar. Mais uma vez os resultados divulgados são apenas a dar conta da diminuição do número de alunos a abandonar o sistema de ensino. Na prática o que se constata é a quantidade absurda de jovens que não sabem ler, escrever e fazer contas óbvias, sendo que alguns deles acabam com um “canudo” debaixo do braço.

O Governo prometeu a cobertura a 100% do país das redes de banda larga, o facto é que pelos vistos alcançou mesmo os objectivos. Mas na prática chega-se ao cúmulo de algumas aldeias deste país terem acesso à Internet em banda larga mas não disporem de saneamento básico, isso sim, um equipamento que se traduz na melhoria da qualidade de vida de um país.

O Governo “adoptou” o Magalhães, esse belíssimo computador portátil, prometendo-o a todos os alunos do ensino básico por quantias irrisórias. Ainda não se conhecem os resultados práticos, mas já se sabe que está cheio de “bugs” e “erros de ortografia”. Nesta matéria o governo já está a perder, mas o jogo ainda não acabou.

Estes são alguns dos exemplos do lado oculto do país em que vivemos, trabalhamos e pagamos impostos!"

7 comentários:

José Gonçalves disse...

Como todos sabem, o Voto Branco (agora devidamente identificado)além de assiduo visitante, é pertinaz e reflexivo nos seus comentários. Esta sua carta demonstra e traz à discussão os malabarismos políticos que grassam no nosso país. Da minha parte, atenta a evidência e a clarividência do post, apenas posso acrescentar o seguinte: Como um dia escrevi neste blogue, uma sociedade pode tender para a igualdade, mas, em Biologia, a igualdade é o mesmo que um cemitério, querendo dizer que acredito, apenas na igualdade formal, ou seja (grosso modo, porque a discussão neste aspecto concreto não pode ser tão superficial) na consagração legal do respectivo princípio, devendo cada um individualmente gerir-se materialmente, uma vez que a igualdade de oportunidades está já consagrada. Doutro modo, a igualdade material não só não existe como é uma utopia com os malefícios daí inerentes; o segundo aspecto, decorrente do primeiro, resumo-o dizendo que estou farto do socialismo em forma legal. Somos nós os que trabalhamos, os que lutamos individualmente no dia-a-dia, que nos sacrificamos para podermos atingir a satisfação material e intelectual, que pagamos a ociosidade, o facilitismo da maior parte dessses cidadãos, que em algumas zonas do país se qualificam como "calaceiros". É desta fauna (uso este termo intencionalmente porque a maioria recusa-se pura e simplesmente a trabalhar pelo que os coloco abaixo do humano)que anda mais de metade do país a condenar, mas que, no fundo, dá votos em troca de dinheiro. Mais ainda, para os políticos, além dos votos, trata-se de comprar o silêncio e eventuais focos de "instabilidade social", a qual, por paradoxal que possa ser, não deixa de continuar a existir. Para ambas as partes é capaz de ser um justo negócio. Para mim trata-se de um crime de lesa-pátria a que urge por cobro urgentemente, reformulando-se a respectiva legislação, de forma a proteger quem e aqueles que efectivamente necessitam e as respectivas situações concretas.
Repito, a igualdade material não existe.
P.S. - Obviamente o assunto não poderá ser tratado tão superficialmente, mas "a quente" ficam esboçadas algumas ideias para serem aprofundadas.

CAVP disse...

Caro José Gonçalves,

O seu comentário parece-me pertinente mas permita-me um reparo...faça aí uns espaçamentos e assim pois é muito texto e torna dificil a leitura.

Qt à igualdade...bem, a igualdade é tratar os iguais de igual modo e os desiguais de modo desigual.

Isso sim é a igualdade...

Ainda ontem faziam umas contas de cabeça com os meus pais e num exemplo absurdo, uma micro empresa de uma ilha da coesão, com 2 trabalhadores (marido e mulher) paga anualmente seguros de 500 e tal euros; mesmo estando um deles de baixa há uma taxa fixa de contribuição à segurança social (que pela baixa dá 80E mas que cobra mais do dobro em seg social), isto apesar da crise, bo fraco consumo numa ilha com menos de 5000 habitantes e apear de um dels não poder trabalhar e a produção ter de ser menor obviamente...É UMA CHULICE

Enqt isso andam prai os rendimentos minimos e afins sem qualquer controlo e afins...

É a vergonha...

Toupeira Real disse...

Muito Bem! Segundo noticias continentais o Ministro do Trabalho pratica a "instrumentalização da pobreza". Parece que vejo muito disto em zonas mais próximas, mas não me lembro muito bem onde..., Ah, já sei, nas tascas de Rabo de Peixe e nas aparelhagens que trazem um apêndice que a PSP ainda qualifica de automóvel....

Urso de Coimbra disse...

E aquela malta que entra na Universidade pelos maiores de 23 para terem igualdade de oportunidades socráticas? Não é gozar com a juventude que anda no Liceu até ao 12º e entra normalmente nas Universidades? E como se convence um jovem que deverá estudar até ao 12º ano, tirar boas notas, fazer os exames e aguardar a entrada normal no curso que escolheu, quando as oportunidades socráticas permitem o acesso à Universidade de pessoas com o 9º ano pela mera prstação de uma, sejamos indulgentes, prova de acesso?

Voto Branco disse...

Caros amigos,
Antes de mais quero agradecer a todos os autores do blog a publicação de um texto que escrevi, depois de mais um longo dia de trabalho! Sinto-me honrado em poder partilhar um espaço onde a qualidade da escrita está num nível superior. Reconheço as minhas limitações, por isso e desde já, quero pedir desculpas por eventuais falhas na escrita.
Quanto ao tema, basicamente é um desabafo de um contribuinte, que trabalho dia após dia, de sol a sol, para que os seus impostos sejam desbaratinados à velocidade, pelo menos, do TGV...
O Sr. José Gonçalves, tão ilustre escriba, complementa da melhor forma o meu texto, trazendo uma visão bastante interessante sobre a igualdade.
Do desabafo do sr. CAVP retiro uma conclusão muito óbvia, somos todos nós contribuintes honestos que devemos ser fiscalizadores destes abusos e desmandos de um socialismo barato. Assim, coloco-me ao lado do Sr. José Gonçalves quando diz-se farto do "socialismo legal"!
Quanto à ilustre Toupeira Real e ao Urso de Coimbra agradeço por complementarem com mais alguns casos de demagogia barata e que são o espelho dos "malabarismos políticos que grassam no nosso país", como refere o Sr. José...
Saudações e obrigado pela paciência!

Pedro Lopes disse...

Caro "Voto Branco",

nós é que agradecemos o contributo, e , pelo menos da minha parte, estou (estamos) sempre abertos aos seus textos e abordagens.

Quanto ao RSI, em meu entender é uma boa medida na sua génese. O problema está na justa aplicação da mesma - que está regulemantada Legalmente -, e na sua eficaz fiscalização (para evitar que o nosso dinheiro sirva para comprar os tais bens superfluos a que se refere). Sou defensor de algumas modificações à Lei que rege esta medida de Politica Social, entre as quais a disponibilidade do beneficiário, para poder, enquanto não consegue um trabalho e desde que tenha saúde e disponibilidade, fazer trabalho a favor da comunidade. Nada de mais, algumas tarefas que sejam em prol do bem comum, de todos; afinal em prol dos membros da sociedade que contribuem para o OGE, e assim, ajudar a atenuar as tais desigualdades sociais. Todos devemos contribuir na medida das nossas possibilidades, ou com impostos, ou com trabalho (no caso daqueles que usufruem desta prestação social).

Quanto aos programas de emprego que refere no 2º parágrafo, o Governo dá uma oportinudade.....mas mais às empresas e organismos que beneficiam desses trabalhadores pagos pelo Estado, pois estes últimos são descartados quando tem de ser a empresa a começar a pagar os seus vencimentos.

No que toca à educação; bem, já todos sabemos que de há uns anos para cá, se instalou a lei do facilitismo, de modo a contribuir para estatísticas que não envergonhem o país. No fundo é empurrar para a frente, e depois para o desemprego. E agora, com a subida da Escolaridade Obrigatória para o 12º ano, só quem ganha são, novamente, as estatísticas.....é pena, é triste!

E, realmente, uma aldeia de (possiveis) info excluídos ter interb«net de banda larga, mas não ter saneamento básico ou àgua corrente, é, no mínimo......uma estupidez pegada!!!

Quanto ao "Magalhães", para além do nosso PM, o outro fã é Chavez.....será necessário dizer mais alguma coisa.
tanto quanto sei, aqui aos Açores somente quem os compra nas Lojas é que pode ter um, os que os receberiam aravés das escolas e a preços bonificados, creio que continuam a ver navios.....ou naus!

Eu, à sua semelhança, também sou um contribuinte cumpridor, por isso também não gosto que me atirem "areia prós olhos".

Cumprs.

Anónimo disse...

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